ONDE ELA ESTÁ - CAPÍTULO XXVI - O Beco sem saída
XXVI – O Beco sem Saída
“São Paulo, 18 de Setembro de 2017
Hoje praticamente completo um mês que comecei a escrever essas cartas para você, e sabe o que eu consegui até agora com isso? Desabafar, nada mudou nesse mês que te escrevo, meus pensamentos continuam determinados a fazer o que farei. Você já viveu dias incríveis que não passaram de ilusões? É impressionante como a música te escolhe.
Hoje estive na região da avenida Atlântica, zona sul de São Paulo, antes de embarcar estive no terminal bandeira e fiz a primeira marca “Vincenzo” em uma das pilastras, a mais próxima do nosso primeiro beijo. Quando desci do ônibus eu vi a represa de Guarapiranga, começou a tocar Charlie Brown Jr – O beco sem saída. Claro que se é um beco é lógico que não tem saída, mas dane-se rs.
Começei a me lembrar da primeira vez que eu passei por essa avenida, foi com ela e estávamos indo a uma entrevista dela no Ibirapuera, eu acho, quando vi a paisagem eu fiquei encantado e ela começou a me contar histórias da avenida, guardo aqui comigo esses momentos como únicos. Hoje foi difícil esconder as lágrimas já que acordei passando mal de novo e eu fico pensando, e quando tudo acabar e eu parar de te escrever?
Naquele dia ela disse “ Nós vamos marcar e vir aqui pra você ver como é”
Demorou muito, mas esse dia chegou e marcamos em um sábado de ir lá, eu não estava bem naquele dia, eu tinha tido uma das minhas crises, mas não falei nada e fui de encontro a ela. Ela estava com a mãe, irmão, tio, afilhado e uma amiga. Tirando o tio dela que diga-se de passagem um cara muito foda de gente boa, acho que ninguém mesmo ia muito com a minha cara, como eu disse em outra carta eu sempre era zoado de “Playboy” mesmo sem ter um puto pra cair morto. O dia tinha tudo pra ser bom, mas eu estava em conflito comigo mesmo pelo que havia acontecido de manhã, eu não consegui aproveitar bosta nenhuma e não sei se alguém percebeu, mas eu estava muito paranoico, nada naquele lugar me atraia, eu me sentia com vontade se estar só com ela em qualquer outro lugar, mesmo porque quando ela estava perto de outras pessoas ela me tratava como um amigo, e isso sempre me deixou puto.
Quando foi a hora de ir embora ela me chamou pra ir para casa dela e por mais que 50% de mim quisesse ir, eu me deixei levar pelo medo de “eu não posso ir e passar mal lá” Que droga Doni, porque eu nunca contei pra ela? Hoje o que está feito, está feito e não ha nada que eu possa fazer a não ser essas cartas de arrependimentos.
Estamos chegando ao final, não ha muito mais a contar. Só mais algumas coisas, então por enquanto é só um até logo.
Vincenzo Ferrari”