ONDE ELA ESTÁ - CAPÍTULO XXIII - Está tudo bem
XXIII – Está tudo bem
16 de Setembro de 2017, Lisboa – Portugal
Doni não recebeu a carta de Vincenzo no dia anterior, ficou um tanto preocupado, pois de vinte dois dias recebendo, um dia não? Realmente era estranho, mas o correio que havia atrasado e Vincenzo também não havia escrito uma carta na segunda.
“São Paulo, 12 de setembro de 2017
É Doni, você já sentiu tudo estar tão errado, mas pensou “está tudo bem” então coloque “Echo and The Bunnymen - It's Alright"
Hoje estive andando pela região da barra funda, pertinho do Allianz Parque, Mayane trabalha ali perto e eu a encontrei para tomar uma cerveja e conversar, ela também não está muito bem emocionalmente, sabe gosto dela, uma pessoa muito firmeza e muito mais compatível comigo do que Elisangela, mas somos amigos e como ela me disse “Se tivesse que acontecer de eu e você ficarmos juntos teria sido antes da Elisangela” Talvez ela esteja certa, quem sou eu pra discordar, ela é a única pessoa que quando hoje estou perto me faz esquecer totalmente a Elisangela, então que ela seja minha amiga pra sempre.
O foda foi enquanto eu voltava, eu passei pela porra do Allianz Parque e me veio nas lembranças quando fomos assistir Palmeiras x grêmio na Copa do Brasil do ano passado.
Uma semana antes do jogo fomos ao West Plaza comprar os ingressos para o jogo, tudo foi tão bem e ainda paramos em uma hamburgueria retrô que tem no shopping, estilo anos 60, cara show de bola, eu me lembro que passava na televisão o jogo do Fluminense x São Paulo, duelo de machos hahahaha e o São Paulo fez o que mais sabe fazer, tomou pau. Nós riamos, o lanche muito bom. Hoje ao passar por esse shopping eu a vi em minha imaginação enquanto escutava essa música, tanto é que tive que refazer essa carta, pois comecei a escrever antes de encontrar com Mayane, mas hoje foi bom e eu não preciso mais derrubar lágrimas ao escrever, não hoje.
Por incrível que pareça hoje, eu não cuspi sangue nenhuma vez, não que isso signifique um milagre, mesmo porque eles não existem.
19 de outubro de 2016 – Allianz Parque.
Eu, Elisangela e meu primo fomos ao jogo, cara antes da partida parecia uma festa, a rua Palestra Itália estava em fervor, paramos para tomar cerveja e falar besteiras, eu me segurava para não usar meu outro vício que ela odiava, mas ela foi compreensiva e me disse “Até a hora do jogo, depois para”
Comi aquele lanchão de pernil antes de entrarmos no estádio, foi a primeira e única vez que entrei no Allianz, antes só havia ido quando era o famoso Palestra Itália. No jogo estava tudo muito bom, o Palmeiras ganhava de 1x0 o que nos daria a classificação até o Allione fazer falta e ser expulso e o Grêmio empatar o cazzo do jogo. Pois é saímos tristes e eu com a fama de mais gelado que cu de foca.
Sinto tanto a falta disso, voltando ao hoje. Mayane me disse algo que pode ser verdade e que ela nunca tinha dito antes para não me magoar, mas ela sentia que a Elisangela nunca me amou da forma que eu a amei, pelo menos das últimas vezes que saímos e depois de tudo que você leu, acho que ha uma razão ai. Um fato intrigante hoje foi minha mãe me perguntar se eu estava doente, e claro eu tive que mentir na cara dura, me pergunto como ela pode ter recebido essa notícia, talvez seja sexto sentido.
Hoje fico por aqui, e quero mais dias como os de hoje.
Com amor
Vincenzo Ferrari”
Doni terminou de ler a carta e sorriu.
“Pois é Vincenzo, apesar dos apesares quem sabe você dará a volta por cima”