Fronteira

Assim ele marcou com sua amada

Finalmente na amurada da ponte

Não era coisa própria de cavalheiro

Deixá-la esperando e se apressou

Motivo tinha também para temer

Chegar muito antes ao encontro

Como foi quando veio ao mundo

E não a vendo não podia entender

Como um náufrago sem memória

Conduzido à ilha pelas ondas

Sentindo a falta sem saber de quê

Do que talvez nem existisse ainda.

E foi assim, sem saber ao que veio

Até o dia quando enfim reconheceu

Sua dama já dona de outro destino

E um menino, desse amor renasceu

Debruçou assaz desatino em poesia

Noite e dia ofertando à sua amada

Toda frase e todo verso

Calando todo não ser seu amado

Só o caminho e mais nada

É tudo o que falta, a fronteira

O sonho agora é tão perto

No espelho das águas do lago.