ONDE ELA ESTÁ - CAPÍTULO XVIII - Não tenha medo da morte

XVIII – Não tenha medo da morte

10 de Setembro de 2017, Lisboa – Portugal

Doni e Monalisa chegaram do restaurante onde foram almoçar, havia mais uma carta de Vincenzo que chegará junto com a outra, mas Doni lia apenas uma por dia, sentou-se em seu sofá, preparou um charuto e um vinho, esperou para saber qual seria a trilha sonora da carta.

“São Paulo, 06 de Setembro de 2017

Opa, Estão bem todos ai Doni? Preparado para o final de semana que mudou por completo minha vida? Então vamos lá, Você tem medo da morte? “Blue Oyster Cult – Dont fear the reaper” Uma semana antes do dia 25 de janeiro eu comecei a ter algum tipo de pigarro na garganta, algo muito incomodo, o panaca aqui deixou pra lá. No final de semana do dia feriado, Elisangela não veio para cá, pois ela estava marcando com o pessoal do antigo trabalho dela a fazerem o “reencontro” do pão de açúcar, até ai tudo bem, claro que o fato de ela não me chamar nem por educação me deixou puto, mas tudo bem. O fato foi que aquele dia foi a primeira vez que escarrei sangue, eu senti um medo enorme. Meu amigo Rui veio aqui nesse dia, enquanto ela estava de divertindo no SESC Interlagos, eu não bebi e nada mais, só comentei com Rui que eu estava mal, ela me ligou e perguntou se era pra ela vir para minha casa, por mais que eu conversasse com Rui, a minha vontade era só de abraçá-la e mostrar o quanto eu a amava.

Quando ela chegou, ela estava fedendo a cerveja, e nesse dia eu entendi o cheiro que ela sentia em mim na maioria das vezes. Eu não pude conter o que eu estava sentindo, era como uma bola na minha garganta, quando eu estava só com ela deitado em nossa cama e tive que levantar duas vezes para escarrar sangue, eu praticamente entrei em desespero, principalmente por sentir o ar faltar, mas por medo o trouxa aqui só contou sobre a falta de ar.

O que me alegrou foi no dia seguinte ela se propor a ir ao médico comigo, fomos no UBS ali na vila carrão, e diga-se de passagem, muito bom. O médico me examinou e viu que tinha realmente um edema em minha garganta, o foda foi a pergunta:

- Você escarrou sangue?

- Sim, começou ontem, três vezes.

- Eu terei que te dar essa guia para exame de sangue, pode ser que não seja nada, mas faça e tome essa medicação – ele me deu a receita.

Eu escondi a guia do exame de Elisangela, e mostrei a receita.

- E então “More”?

- É sóm um edema, vai ficar tudo bem.

- Viu, Para com essa merda que você faz, tá vendo o que isso te causou?

Ela tinha razão, mas o fato de eu me ajoelhar um dia antes pedindo a Deus para não morrer sufocado e o médico me pedindo o exame de sangue, começou a mexer psicologicamente, e ai quando vi que a família dela estava no reencontro e o Maurício Também, foi meu primeiro momento de Ira, não foi raiva, foi ira mesmo.

Ela me disse que não tinha nada a ver, e se eu conhece o Maurício, eu até gostaria dele e que não me chamou porque queria se sentir a vontade com os amigos.

Bem, eu passei um mês tomando remédios e sem fazer qualquer coisa que me remetesse a cigarro e cervejas, mas desenvolvi o primeiro ato nojento de escarrar e cuspir em qualquer lugar, isso por medo de saber se erra sangue ou não.

O imbecil aqui, após um mês e sentir alívio voltou a rotina normal, o que pra Elisangela foi um desleixo total, mas aí, o resto te conto amanhã.

Obrigado

Vincenzo Ferrari”

Doni terminou de ler a carta, entrou em um site de passagens aéreas para ver quando podia ir ao Brasil.