ONDE ELA ESTÁ - CAPÍTULO XV - Tudo pode mudar
XV – Tudo Pode Mudar
07 de Setembro de 2017, Lisboa – Portugal
Doni acabou por pegar uma gripe e estava de repouso.
- Amor! Chegou a carta do Vincenzo?
- Chegou sim! - Não é melhor você repousar e ler depois?
- Lerei agora, aproveitar que estou deitado.
- Então tá – Monalisa entregou a carta
“São Paulo, 03 de Setembro de 2017
Boa tarde, meu amigo.
Preciso te confessar, ontem eu não tomei meu remédio, eu decidi que não desperdiçaria mais um dia da minha curta vida. Eu te pergunto: Você acha que nossas escolhas podem fazer tudo mudar? Coloque ai para ouvir “Metrô – Tudo pode mudar” Eu me lembro quando escutamos juntos essa música, ela cantava e era tão lindo, acredite ou não eu aprendi a tocar essa música por causa dela e ela não acredita nisso. Voltando a ontem, fui até meus amigos e encontrei Rui e Jasmine, o Andy que é irmão do Wilson, Mariano e o Dan. Nesse momento em que estou, esses caras estão me dando o maior apoio e é bom saber que posso contar com eles. Só tenho a agradecer. Jogamos Imagem e ação, é um jogo de mímica, dahora pra caramba, conversamos sobre tudo, isso me fez bem, pena que quando estou sozinho as coisas mudam e ela vem como uma bala em meu pensamento.
MINHA CASA
Escutando essa música eu olho para a minha mesa na sala e vejo eu e Elisangela, preparando o baralho para jogarmos tranca e buraco, a tábua de frios que preparávamos e nossa cerveja, colocávamos para escutar as músicas nacionais dos anos 80, e essa sempre tocava. Parece que ainda escuto a voz dela dizendo “Para de roubar! Essa canastra estava suja” ou “Eu ganhei de novo, vou tirar foto do placar” acredite ou não eu achei uma dessas fotos de placar aqui no computador, e ai veio de novo a saudade e por isso estou escrevendo sobre isso, isso começou em 2015 na verdade eu jogava sempre com o Rui, ele saia do trabalho as 13 horas, nós comprávamos umas cervejas e ficávamos conversando sobre os acontecimentos, a mãe dele estava doente, pelo menos ele distraia a mente e foi o começo do namoro dele com Jasmim também, e falávamos das duas, era bom, o melhor é que eu sabia que eu veria Elisangela mais tarde, Pena que hoje à única coisa que eu espero é a solidão, mas “No balanço das horas tudo pode mudar” As vezes eu vou ao meu portão e olho para cima na esperança de que ela está vindo me ver. Quando vou ao mercado, eu vejo a parte dos frios e me lembro dela. Por isso faz dois meses que não entro mais no mercado, a primeira vez que eu entrei eu passei na parte de comida pra cachorro, sempre comprávamos aquele sachê para minha falecida cachorra e depois íamos a parte de frios comprar os queijos e as demais coisas, pegávamos as azeitonas, uma cerveja Baden Baden que combinava com os queijos, e algumas Skol, isso deu uma dor de lembrar.
E isso para mim era maravilhoso, eu tinha ela ao meu lado, tinha a felicidade, Doni! Porque eu deixei escapar isso da minha vida, como eu pude fazê-la perder o amor por mim?
Nesse domingo exatas 15:02 eu fico imaginando, eu e ela, o problema é quando chega a noite, todos os dias quando me deito, aquele espaço vazio ha 150 dias, a última vez que ela dormiu comigo.
Pois é meu amigo, estou tentando viver, ocupando minha cabeça com várias coisas diferentes, mas acho que estou desenvolvendo mais uma doença, pois as vezes eu a vejo e se ela estivesse morta eu entenderia, mas ela não está. Que isso passe, mais uma doença eu não quero rs. Quem sabe tudo pode mudar? Será?
Abraços
Vincenzo Ferrari”
Doni terminou de ler a carta, e disse em voz alta, temos que ter forças para conseguir mudar, e eu acredito em você Vincenzo, nunca desista de você. Foi se deitar um pouco para se recuperar.