ONDE ELA ESTÁ - CAPÍTULO XIII - Visão de uma Montanha

XIII – VISÃO DE UMA MONTANHA

05 de Setembro de 2017, Lisboa – Portugal

Era uma terça-feira, Monalisa havia pedido para Doni dar um tempo nessas leituras, pois seu comportamento havia mudado um pouco, Doni estava mais triste a cada dia em que lia as cartas de Vincenzo, mesmo assim abriu a décima terceira carta.

“São Paulo, 01 de Setembro de 2017

Olá meu amigo! Feliz mês para você atrasado! Cara hoje eu tive um sonho estranho com ela, mais um não é? Afinal com esse já são 143 dias seguidos, e se você acha que é mentira eu também queria achar, é o que de hoje foi com Juquehy, então acho que é um sinal para contar sobre isso. Você já teve a visão linda de uma montanha? No sonho olhávamos para ela e escutávamos a música da banda “The Chamaleons – View From a Hill” Porra! Não pode ser só coincidência.

Fomos viajar no dia 27 de novembro de 2015, ela tinha ido a Santo André dar baixa na carteira e eu já havia pedido as contas, era Sexta-Feira, Nos encontramos na estação do Brás para pegar o trem até estudantes e de lá uma lotação. Acredite ou não chegamos mais rápido em Riviera do que na casa dela e esse comentário meu na brincadeira já gerou um “Então arrume alguém aqui na praia para namorar” Cara eu sinto muita falta, parece que acabo de ver ela aqui me dizendo isso. Em fim chegamos a Juquehy, eu acho essa praia sensacional, não é lotada, vista para as montanhas, ficamos na pousada Vila Marítima. Ela já não gostou muito, achou deserta e com as coisas muito caras, e é claro pra variar eu fiz as contas erradas e não recebi na sexta, só receberia na segunda.

Vimos o quarto, muito bom. Estreamos a cama quando chegamos e logo depois fomos no mercado Costa Azul comprar as cervejas e frios para comer. A pousada tinha um café da manhã maravilhoso com coisas simples tipo salsicha ao molho, ovo mexido e ela me dizia “ Aqui você come na maior vontade e em casa você desdenha disso” até hoje eu não sei o porque de eu ser assim, mas não desdenho, sei lá, é diferente. No sábado o tempo fechou e começou a chover logo cedo, eu acho que eu levo aquelas nuvens da família Addams comigo rs, A noite fomos andar e começamos a brigar do nada, por causa dos meus vícios de novo, foi uma briga meio feia, voltamos até a pousada e eu sai do quarto, puto. Eu fiquei no corredor que dava vista para as montanhas e o tempo estava lindo, chuvoso e com raios entre elas, meu sonho foi assim, mas ela estava do meu lado e como eu quero ela aqui comigo de novo, eu estava escutando essa música. Acho que você não se lembra Doni, mas eu fiz uma poesia em cima da parte instrumental desses som e você até me pediu o nome dessa música via face.

Voltando… Eu fechei meus olhos e percebi que aquela briga era ridícula, eu pensei até em terminar, mas eu a amo até hoje, como terminaria com ela? Assim que acabou essa música eu voltei para o quarto e ela estava deitada, eu a abracei tão forte, eu nunca quis ficar brigado com ela. Dormimos como se fossemos um até o domingo, logo de manhã ela recebeu a ligação do irmão dizendo que o avô fora encontrado morto, ela ficou triste, mas quis continuar porque o domingo amanheceu com sol e aproveitamos ao máximo, dando voltas, tirando fotos e só foi voltar a chover quando íamos embora. Pedi a ela que dormisse em casa e no dia seguinte, com certeza eu iria ao velório do avô dela, ela aceitou, na verdade eu iria com ela, ela vindo ou não. Chegamos cansados no domingo, jantamos deitamos juntos, o meu deus que aperto.

Acho que por isso demorei tanto a escrever sobre isso para você, eu sabia que essa música, esse local e minhas lembranças iriam me fazer chorar de novo, estou com tonturas então é melhor eu dormir.

Abraços

Vincenzo Ferrari”

Doni terminou de ler a carta e estava chovendo lá em Portugal “Claro que eu me lembro, até hoje escuto essa música”