ONDE ELA ESTÁ? - Capitulo VIII - A manhã
VIII – A manhã
31 de Agosto de 2017, Lisboa – Portugal
Quinta-feira, tempo um pouco cinzento para o verão europeu. Doni abriu a oitava carta de Vincenzo para ler, dessa vez estava em sua cama, resolveu ler pouco antes de dormir.
“São Paulo, 27 de Agosto de 2017
Querido tio de pouca telha, hahahaha, lembra desse apelido não é? Hoje é domingo e estou na escrivaninha do meu computador tomando café, aqui por mais que não seja verão como é ai, está fazendo sol e coincidência ou não o tempo aqui está igual aquele fevereiro de 2015. Eu reativei meu Whatsapp e vi que você mandou mensagem, fico grato. Você já acordou em alguma manhã torcendo para que fosse a última longe de sua amada? Pois lá vai, escute agora “Gorillaz – El Mañana (Glastonbury 2010)” Não sei se percebeu, mas todas as letras dessas nove músicas são conteúdos ocultos de minhas cartas. Caso não tenha se atentado, volte algumas casas e veja a tradução delas, caso queira.
Quando Elisangela foi viajar, com ela parece que foi junto, minha confiança, meu carisma, minha autoestima e minha sorte. Ela ficou fora só por sete dias, mas acredite sete dias longe da pessoa que você está em fervor é muito tempo, muito mesmo. Durante aquela semana eu tive minha conta do banco clonada, eu passava mais tempo na delegacia e no banco tentando resolver do que fazendo qualquer outra coisa, tomava punições naquele inferno de lugar em que trabalhava, pois eu estava tentando resolver meus problemas. Enquanto ela viajava e postava fotos felizes, é claro que eu ficava puto, eu estava só me ferrando aqui e parecia que ela não estava nem ai.
Nós brigávamos quase todos os dias via rede social, eu não entendia o porque de estar assim, eram só sete dias, teve dias em que chorava e eu estava viciado nessa música, e a tradução? É impressionante como ela sempre encaixa no que você está sentindo. Sabe o que era chato? Ver tipo o Gérson ou outra pessoa vendo suas fotos e falando de propósito para me provocar “olha ai que gostosa” “O Vincenzo que não se cuide não” Eu estava ficando louco. Eu contava nos dedos os segundos para que isso acabasse logo.
Graças a deus, nossa relação sobreviveu ao meu ciúme infantil daquela vez, ela voltou em um domingo a noite, e eu fui buscá-la para vir para minha casa, eu a enchi de carinhos e pedi desculpas por tudo que eu tinha falado, eu só queria ficar com ela e como se não houvesse amanhã eu fiz isso. Como era bom tê-la de volta comigo. Sabe o que é engraçado? Quando eu tocava pra ela, ela se derretia toda, mal sabia eu que tempos depois o fato de eu voltar a tocar com minha banda desencadearia mais brigas.
Nosso amor continuou, aquele lugar estava me matando e acredite ou não, teve uma época em que nem transar eu conseguia, só de pensar que teria que trabalhar lá. Ela pediu as contas e eu fui mandado embora por justa causa, o motivo? Eu transferia ligações em que eu não era pago para atender, detalhe eu perdi esse processo. Mas quando eu sai daquele lugar, minha cabeça voltou ao lugar e eu estava completamente feliz de novo, mas nada é perfeito e peguei dengue nessa época e mais motivos pra eu ficar pra baixo, eu ainda me lembro o dia que aquele mosquito desgraçado me picou eu estava com ela no quarto e vi o safado me picar, não deu um dia e eu estava com febre e dor atras dos olhos, lembro-me que ela foi comigo fazer os exames, mas eu cagão não quis fazer o exame de sangue e fomos embora, só fui descobri uma semana depois que era mesmo dengue quando acordei cheio de manchas vermelhas no corpo e o que eu mais queria era ela no final de semana, mas não tive. Ela tinha a ETEC e só veio em uma terça-feira, como eu ficava feliz ao lado dela. Após isso ela vinha para cá várias vezes, e assim foi indo até julho quando arrumei um novo emprego.
Por hoje é só. Nossa já estamos em julho de 2015.
Atenciosamente
Vincenzo Ferrari”
Doni terminou de ler a carta, tirou os óculos de leitura. Apagou a luz e foi dormir.