MENTIRA ROMÂNTICA (mini conto)
Eles se viam, vez ou outra. O local de trabalho de um era próximo à residência do outro. Sempre quando ele ia almoçar, no quilo, e ela, chegando em casa, para terminar o almoço semipronto. Os dois sempre com pressa, uma única vez
cumprimentaram-se, sorrindo. Assim, instintivamente, ou platonicamente, um pensava no outro, mais de uma vez, porem, reservados que eram, ninguém teve iniciativa para aproximar-se. Até que um dia ( o destino diria : é sempre assim! ), que era noite, toparam-se na saída da missa semanal, para onde cada um tinha ido com seu próprio automóvel. Precisavam, e queriam conversar, se conhecer. De imediato, tiveram o mesmo plano, precisavam “mentir”, e um disse ao outro que fora a pé, e a pé voltaria. Perfeito. Teriam alguns minutos do tão esperado tempo. Dito e feito. Caminharam, conversando, sem pressa, deixando os automóveis estacionados. Sem que o outro desconfiasse. Chegam às suas casas, cada um na sua, claro, ambos com a cara lavada. Despedem-se, entram, e soltam uma tremenda gargalhada. Sem acreditar no que tinham acabado de fazer. Mentir para se saber as verdades - ao menos algumas - do outro. Dão-se conta de que deixaram o automóvel prá trás. Disfarçadamente, cada um sai novamente de sua casa, com a maior pressa do mundo, para retornar ao local de origem, a Igreja. Mesmo que fosse distante, porque perto não era, pouco importava, sentiram-se realizados pela deliciosa mentira que poderia trazer um verdadeiro romance. Quem sabe!