O abraço do amor

O que um abraço é capaz de fazer? Muitas pessoas questionam tal interrogação durante boa parte de suas vidas. Teria mesmo um abraço o tamanho poder de fazer com que se curassem todas as dores e aflições? Será que realmente algo que nos parece tão simples e cotidiano tem a capacidade de fazer com que uma pessoa renove-se e tenha ânimo de recomeçar e seguir em frente? Não se sabe. Poderíamos facilmente encontrar essas respostas baseadas em pesquisas e dados científicos, no entanto não é disso que estamos tratando ao falar deste tema. Até porque, sejamos justos, um abraço em muitas circunstâncias vai muito além.

O meu nome? Isso pouco importa. Neste momento não passo de um humilde rapaz que possui muitos sonhos e inúmeras batalhas a enfrentar no decorrer da vida. Não que o meu relato seja divergente ao de todo ser humano, na verdade creio ser até mais recorrente que qualquer outra coisa. Estranho mesmo é você conhecer ou conviver com alguém que passa todo tempo feliz e nunca tem problema algum para enfrentar ou dilemas a resolver. Porém, após escrever o que vocês puderam ler logo acima, gostaria de explicitar que tudo muda quando precisamos lidar com coisas além do que normalmente nosso censo é capaz de explicar.

Eu nunca fui muito de abraços. Na verdade, sendo bem sincero, muitas vezes fugia disso por achar bem desnecessário e coisa de gente carente demais. Sim, pode parecer totalmente sem sentido para muitos de vocês que estão lendo, mas durante um longo tempo foi exatamente dessa maneira que pensei. E evitando ser hipócrita, mais uma vez, admito que até hoje meus pensamentos não discordam nem se alteraram tanto com relação a isso. Todavia, alguns contrapontos foram adicionados quando conheci um abraço que me envolveu de forma surpreendente. Um abraço forte, intenso, que chegou sem pedir permissão e tampouco me deixou ter tempo para compreender por qual motivo o mesmo obteve interesse de vir até mim.

Era só mais um dia comum. Eu tinha uma festa para ir, festa que não era considerada (AQUELA FESTA), mas ainda sim seria um bom encontro de pessoas que começaram a conversar com frequência e decidiram juntar-se para realizar o que aqui na minha cidade chamamos de (RESENHA.)

Nada muito fora do comum, mas antes é necessário especificar que a maioria daquelas pessoas já conviviam há um tempo considerável. Ou seja, já havia uma amizade pelo menos de intimidade mais elevada, enquanto eu estava ali apenas por ter sido convidado por uma amiga que era uma das organizadoras daquele encontro. Isso não me intimidou, nunca fui alguém difícil de se fazer amizades, só não sabia o que esperar de quem não conhecia e de um lugar que nunca fui. Mas ainda sim, eu estava ansioso para descobrir o que reservava aquele dia.

Não fui sozinho. Já sabia que não iria, embora os meus planos tenham sido alterados há poucos dias do evento tão esperado pela galera que lá estaria. Marquei com uma garota de buscá-la para que fôssemos juntos, mas a mesma desmarcou em cima da hora e acabei indo com uma mulher. Sim, não espantem-se pela mudança na forma com que as duas foram comparadas, não houve nenhum equívoco de minha parte. Observem a diferença que existe entre uma (GAROTA), e uma (MULHER.)

Ao contrário do que alguns de vocês que agora estão lendo podem estar esperando, não foi um abraço clichê desses que estamos acostumados a ver entre duas pessoas que se conhecem e sentem algo avassalador de primeira. Este caso, que não é nada clichê, foi bem diferente e extremamente inusitado se comparado a tudo que já vivi. Afirmo a vocês que isso nem de longe pode ser tratado como um problema, todo ser humano tem direito de experimentar sensações que fogem de toda comodidade que em diversas ocasiões estamos acostumados a vivenciar. O que acontece é que, quando não se está preparado, o que na maioria das vezes não estamos, as consequências podem representar um medo injustificável pelo desconhecido.

- Oi, tudo bem?

- OOOOOI, tudo sim, e com você? Foi a resposta dela a minha pergunta, que foi feita de maneira desengonçada por não ter coisa melhor para dizer. Sim, de fato isso não condiz com o meu jeito de ser, mesmo que vocês não me conheçam. Mas quando a vi, de verdade, essas palavras interrogativas foram as melhores que fui capaz de formar. Pode parecer inútil, eu sei, mas como ainda não tinha a intenção de impressioná-la não me preocupei muito. Não que eu estivesse na melhor condição para raciocinar algo, obviamente.

E tudo foi muito natural. Tão natural que me assustava, pois esse tipo de situação ocorre em nossas vidas uma vez ou outra. Talvez nunca. Mas comigo estava acontecendo, e eu não fazia a menor ideia de como lidar ou justificar qual era a causa dos sentimentos que timidamente começavam a se formar na minha mente conforme conversávamos. Até o momento simplesmente ela era tudo que sempre procurei em uma mulher, e honestamente a esperança de que um dia encontraria já tinha se esgotado faz tempo.

As horas passavam e a (RESENHA) rolava, enquanto eu e ela agíamos como se fôssemos duas pessoas paralelas a toda aquela bagunça. Sim, literalmente era uma bagunça, visto que estavam acontecendo muitas coisas que não concordávamos e com certeza foi um ponto alto de aproximação. Parecia loucura, mágica, sei lá. Só sei dizer que a parceria e lealdade que conquistamos em uma noite de convivência foi maior do que conquistei minha vida inteira com pessoas que conheço há tantos anos. Assustador? Surreal? Inexplicável? Não sei. E o não saber se encaixa não apenas por não encontrar respostas, mas por ser incapaz de definir até mesmo com um estado pleno de dedicação o significado que tudo aquilo tinha a ideia de me mostrar.

Então após muito tempo de conversas, desabafos e compreensões, fomos lá para fora socializar com as outras pessoas da festa. Antes de prosseguir, então, gostaria de contar bem rapidamente até, que o que disse sobre desabafos e compreensões aconteceram todos da parte dela com relação a mim. Em poucas horas de contato ela fez com que eu me sentisse completamente a vontade para despejar muitos de meus medos e angústias que há tanto tempo permaneceram guardadas aqui dentro da minha mente, sem realizar qualquer tipo de julgamento e muito menos me questionar.

Sem ação, sem saber, sem motivo e por quê. Eu refletia, pensava, mas não conseguia entender. Qual era o verdadeiro motivo de tanto querer?

A minha vida inteira cresci escutando pagode, por ser um estilo musical que meu pai viveu quando jovem e vive até hoje. Cresci então com essa influência, além de que o Rio de Janeiro por si só exerce um gosto quase que obrigatório por este gênero tão apreciado por muitos. Foi aí que começamos a cantar e dançar, embalados por uma das pessoas que lá estava que melhorou a parada tocando um instrumento de percussão.

Depois de vários e vários goles, confesso, a coragem já começava a me dominar de maneira mais presente. Pensava no que poderia lhe dizer, procurava as palavras mais certas e menos constrangedoras, de modo que não parecesse tão infantil por estar sentindo aquelas coisas com tão pouco tempo de conhecimento. Demorei tempo demais, e ela foi mais corajosa do que eu. Vergonhoso, não? Pouco importa. Em outros casos eu poderia até me sentir desconfortável por ter sido tão tolo, mas naquele momento tudo que eu queria era poder dizer o que sentia para ela.

- Até que enfim tomei coragem, ela me disse de repente, me deixando confuso.

- Coragem? Para quê? Perguntei, demorando um tempo para me expressar por estar tentando imaginar o que ela faria após relatar aquilo. Foi inútil, mais uma vez, eu já deveria ter notado que ela não faz o tipo previsível.

- Para sentir seu abraço, ela me respondeu deixando com que suas mãos me envolvessem e me puxassem para junto dela em seguida.

- É?

Foi realmente tudo que eu consegui dizer após este ato que eu jamais esperava vindo de alguém que sei lá por que me fazia sentir o que não sabia como expressar.

Então ficamos lá, parados, os dois em uma sintonia incompreensível mas que ao mesmo tempo parecia compreender de um jeito oculto tudo o que ambos sempre procuraram sem saber. Carinho, cumplicidade, lealdade, alegria. Aquele alguém que faz com que você se sinta bem simplesmente por estar ali, do seu lado, segurando a sua mão ou te envolvendo em um abraço que faz com que todos os anteriores pareçam anulados e descartados. Aquele abraço que chega sem avisar, sem pedir passagem, mas que te faz ter a certeza que ficar sem ele é uma dor que não está disposto e nem acharia agradável carregar.

O cheiro dos cabelos dela me hipnotizava, aquele perfume natural da sua pele me levava a dimensões até então desconhecidas. Mergulhei naquele abraço como se fosse o momento mais importante da minha vida, empurrando para o local mais profundo da minha mente de maneira automática toda negatividade que me incomodava dias antes de conhecê-la. Não sabia o que ela sentia, mas inconscientemente torcia que houvesse conexão. Mas havia, mesmo que sem ter razão para afirmar isso eu sabia. Não podia ser só eu, era injusto, seria doloroso demais.

Minutos se passaram e saímos daquele estado catatônico, retornando a realidade e tentando assimilar ao máximo tudo o que estava ocorrendo. Nada dissemos um para o outro, apenas nos afastamos antes que algo além acontecesse. E não estava longe disso. Me encontrei novamente procurando as palavras certas para dizer o que precisava contar a ela, mas na falta de vocabulário para que isso se transformasse em realismo preferi partir para uma alternativa mais acessível e implícita.

A música tocava e todos se divertiam, quando resolvi mudar de tática e chamá-la para dançar. Com tudo que já havia ingerido, confesso que fazer isso não foi tão complexo assim. Puxei-a pela cintura lentamente e começamos a dançar, acompanhando sem pressa o ritmo da música enquanto nossos corpos ficavam cada vez mais juntos. A intensidade já atingia níveis que minha racionalidade não conseguia alcançar, e a vontade de sentir o gosto do beijo dela e o toque daqueles lábios ultrapassava qualquer limite de contundência. Mas tive medo, muito medo. É fácil pensar em beijar alguém em uma balada, uma festa qualquer, sem compromisso algum. Difícil é beijar aquela que pode ser a pessoa que você procurou toda sua vida.

Lá fora nada aconteceu. Todos continuavam brincando e cantando, enquanto eu e ela dançávamos hora juntos hora separados, entre um diálogo e outro fugindo da mesma sentença. Eu já me culpava pela minha falta de atitude e ausência de ideias que me trouxessem algum auxílio, quando a oportunidade bateu em minha porta inesperadamente.

- Vou lá dentro ajeitar o meu cabelo, está muito bagunçado. Disse ela para uma amiga em comum que temos, que não estava nem prestando muita atenção naquela altura do campeonato. Pensei rápido e agi, perguntando-a se precisava de ajuda. Por que um homem deixaria uma festa para ajudar uma mulher a pentear o cabelo? Me senti um idiota por fazer aquela proposta, que bom que ela não achou ridículo e aceitou o que propus.

Lá dentro eu já sabia o que precisava fazer. Já não tinha mais o que conversar ou falar um para o outro, não por falta de assunto mas por saber que não era isso que desejávamos. Sentei ao seu lado no sofá e uma de minhas mãos caiu sobre ela, segurando de leve seu cabelo enquanto me encostava nela calmamente.

- Você não vai me ajudar? Ela me perguntou trêmula, acho que sabia quais eram as minhas pretensões quando fiz aquela proposta e com meus toques ao sentar do seu lado no sofá. Sem titubear, rapidamente respondi:

- Não vou te ajudar, porque você não vai pentear cabelo nenhum.

- Não? Ela questionou tremendo ainda mais.

- Não. Temos coisas muito mais interessantes pra fazer. Você não acha? Perguntei já aproximando nossos lábios, enquanto minhas mãos a envolviam com firmeza e ao mesmo tempo de um jeito carinhoso.

- Não sei, acho que sim. Ela me respondeu como se tivesse perdido o controle do que estava acontecendo, e deixasse em minha responsabilidade se o que estava para acontecer aconteceria ou ficaria para depois. Quem sabe nunca. Mas não, depois era uma palavra fora de cogitação em meu dicionário tratando-se de nós dois. Eu não a perderia, de forma alguma, demorei tanto para a encontrar que deixá-la escapar seria um crime de negligência contra mim mesmo.

E então o inevitável aconteceu. Nossos lábios, nossos corpos, nossas mentes imploravam por aquilo. Precisávamos um do outro, era mais do que necessário que nossas bocas se encontrassem. A trouxe para mais perto e nossos lábios ficaram há poucos centímetros um do outro, quando comecei a provocá-la encostando nossas bocas e enchendo-a de selinhos. A provocação era direcionada somente a ela? Sim. Mas a vontade de beijar aquela boca era tão grande que tudo o que antecedia esse momento também fez com que eu perdesse qualquer juízo.

- Vale provocar? Perguntei enquanto roçava levemente nossos lábios, deixando que ela sentisse o calor da minha boca e a intensidade da minha respiração em sua pele. - Não devia, ela protestou completamente entregue. Eu também estava, era desnecessário negar.

Então eu a beijei. Um beijo intenso, cheio de desejo, vontade e com muito amor. O gosto de seus lábios era como a coisa mais maravilhosa do mundo, aquilo que procurei por tanto tempo e jurei não encontrar tão cedo ou talvez nunca. O contraste de seu corpo junto ao meu e seu cheiro que me deixava louco não me ajudava, fazendo com que minha mente fantasiasse as maiores loucuras possíveis com aquela mulher. Eu precisava tê-la, não sabia quando e nem se um dia teria. Só sabia que precisava. E eu juro, juro com toda a sinceridade que possuo, que se eu pudesse a jogar na cama e fazê-la mulher de todos os jeitos possíveis eu faria. Não por ser homem e estar sentindo vontade, nada disso. Mas ela me levava ao ponto mais alto e mais incontrolável da insanidade.

Esse beijo foi o início de tudo. O início do inexplicável, o começo da complexidade que até hoje não encontro sabedoria o suficiente para racionalizar. Já nem tento mais, exatamente por saber que não preciso justificar nada para me sentir tranquilo com o que ocorre entre nós dois. Basta ter a certeza de que nos correspondemos, e nada mais importa se existe reciprocidade entre duas pessoas que se amam e fazem de tudo para fazer o bem um ao outro. Agradeço a Deus todos os dias por ter conhecido você e lhe ter hoje em minhas jornadas, podendo compartilhar dos mesmos objetivos em um único foco visando um futuro magnífico que construiremos juntos. Admito que não sou completo sem você, na verdade nunca fui. Obrigado por me trazer o pedaço que faltava!

Vocês devem estar aí se perguntando. Por que ele não deu continuidade na história após o beijo? A resposta é simples. Toda boa história merece um bom suspense, e todo bom suspense é pautado por boas histórias. O gostinho de quero mais deve ser habilidade exercida por todo escritor.

Só sei que tudo ganhou novo sentido desde que ela chegou, e os abraços que um dia já dei e que algumas vezes ainda me pedem perderam ainda mais o sentido. A culpa não é das pessoas, ninguém deve sentir que possuo menos afeto por achar aquele abraço apenas mais um. Os sentimentos continuam aqui dentro de mim, e o meu amor e carinho por quem está a minha volta seguem presentes e existentes sem alteração. Porém, se o tópico for abraços, aí a conversa muda de patamar. Me desculpem, nessa parte eu não mando, mas o abraço dela roubou a graça de todos os outros.

Se um dia alguém te perguntar o que é capaz de renovar, reconstruir e excluir toda negatividade que um dia te incomodara, responda sem hesitação: um abraço. Pois este simples ato dependendo de quem vem pode ser o seu combustível mais eficiente.

Eu amo você, minha loira!

(Uma declaração simples de um escritor amador muito apaixonado.)

Andei um tempo sumido, mas estou de volta. Quem quiser comentar pode ficar a vontade, sempre bom saber a opinião da galera que acompanha. Grande abraço!