AMOR DE PERDIÇÃO.

No hospital da cidade o jovem William recuperava-se bem, depois de quase perder a vida numa traiçoeira emboscada, os médicos removeram o projétil que havia se alojado em seu ombro, milagrosamente os pulmões não foram atingidos, possibilitando ao jovem uma rápida recuperação.

Ansioso em rever a jovem Azira, o seu coração acelerado batia em descompasso, Azira havia se transformado no grande amor da sua vida, aquela por quem ele não se importaria em perder a própria vida para protegê-la. O doutor Marcos, responsável por fazer a cirurgia que retirou o projétil do jovem William, foi até o quarto para ver como estava seu paciente.

- Olá William! Como se sente hoje, teve dores ou febre durante a noite?

- Não doutor Marcos, me sinto muitíssimo bem e não vejo a hora de sair daqui.

- Calma rapaz, só vai fazer mais alguns exames e se estiver tudo bem te libero lá pela tarde.

- Obrigado Doutor, essa é a melhor notícia do dia.

O hospital era um lugar angustiante, lugar de dores, e de outras tantas pessoas gemendo de dor pelos leitos, algumas perdem a vida antes de serem atendidas; o hospital é um catalisador de coisas ruins, pelo menos no SUS, já nos particulares não é dessa forma. Mas William estava muitíssimo bem, havia sido bem atendido, e a recuperação seria rápida. Na verdade o jovem William mentiu para o médico, ele havia sentido muita dor naquela noite, mas a sua vontade era sair daquele hospital o mais rápido possível, uma enfermeira avisou-lhe que era dia de visitas, ansioso ele aguardava a visita da sua doce Azira. Der repente, um toque na porta, ele pensou que fosse o médico que vinha lhe dar alta, mas para sua surpresa era Azira.

- Pode entrar doutor - Gritou William um pouco ansioso.

Quando a porta se abriu ele levou um tremendo susto, um quadro com um dos seus desenhos; quem o trazia ocultou o rosto fazendo mistério, mas o perfume maravilhoso era inconfundível, denunciava a beleza de quem o trazia. Azira veio lhe visitar. Como dizia certo personagem de um dos livros de José de Alencar. "Palavra alguma expressa a ternura que reluzia de seus gestos e no seu rosto: por mais esforço que faço, seria sempre pesado e opaco. Tanta naturalidade aliada a um espírito justo, tanta bondade aliada à tamanha firmeza. Uma alma serena e cheia de graça."

- Olá meu amor, tudo bem, desculpe por não vir antes eu estava na delegacia prestando depoimento, finalmente aquele crápula vai ser preso, e você, como está se sentindo?

- Agora muito melhor, o seu perfume e a sua beleza trouxe vida a este lugar, eu já estava me angustiando aqui. Aquele cara é perigoso Azira, espero que o prendam o quanto antes, se não estaremos em sérios apuros.

- Não se preocupe William, a polícia garantiu a prisão dele, eles farão isso o mais rápido possível. Onde posso pôr o quadro Will.

- Coloque-o aqui ao lado, não sei bem se vou ter alta hoje, estou aguardado o resultado dos últimos exames.

- E quem vem te buscar? Imagino que seus pais.

- Eles não vêem, eu terei que ir sozinho, minha mãe trabalha muito, ela é doméstica, não vai ter tempo de vir me buscar terei que ir sozinho.

- Não mesmo, de maneira nenhuma você irá sozinho, eu te acompanho, você quase perde a vida por mim é o mínimo que posso fazer, o meu motorista está aguardando ele nos levará.

- Obrigado Azira, não precisa se incomodar, mas e seus pais não vão se chatear... Afinal, você me conhece há pouco tempo eu nem conheço sua família seus pais não vão se chatear com isso.

- Não se preocupe, meus pais são legais você vai gostar deles.

Naquele momento entrou o médico, e por alguns instantes ele trocou algumas informações a respeito do William com a Azira, enquanto os dois conversavam ele perdia-se nos olhos negros e brilhantes da jovem Azira. Toda a sua alma era atraída pelos seus lábios cheios de vida, o rosto animado absorvendo a sua admiração, a graciosidade em cada frases dita, ele estava perdidamente apaixonado.

- Boas notícias meu jovem, você está liberado -- disse o doutor Marcos -- Muito obrigado doutor, eu não via a hora de sair.

- Saudades da namorada né - Disse o doutor dando-lhe um cutucão.

William ficou todo ruborizado, Azira esboçou um tímido sorriso.

- Vamos William eu te levo, troque-se eu estarei te esperando do lado de fora.

- Tudo bem Azira, eu não demoro.

ENQUANTO ISSO NA DELEGACIA.

- Bom dia doutor Claus.

- Bom dia Yigael, como você está hoje?

- Estou bem doutor, e o caso do jovem Thor, que reviravolta hein Doutor.

- Nem me fale, malditos advogados, aquele bandido estava em minhas mãos.

- Culpa desse sistema cheio de falhas e brechas que permitem aos mais poderosos obterem vantagens. É uma triste realidade de nossa nação.

- Esse rapaz vai fazer alguma besteira, escuta o que digo Igual, esse canalha vai fazer besteira, aqueles dois correm perigo.

- O que faremos então doutor? A juíza o liberou, estamos de mãos atadas agora.

- Não dessa vez meu jovem, não na minha delegacia, não nesse caso.

- No que o senhor está pensando?

- Vá com o Andress até a casa desse rapaz, monte campana sem serem notados, siga-o sem que ele perceba.

- Já entendi o plano, vou chamar o Andress.

ENQUANTO ISSO, NO CARRO DE THOR.

- Romeu você teve notícias da Azira, seu informante ainda está seguindo-a como lhe pedi?

- Sim, eu tenho novidades, e o senhor não vai gostar nada do que tá rolando.

- Diga-me logo seu idiota.

- Minha fonte disse que ela acabou de sair do hospital... Junto com ele... E no caro dela.

- Maldição, vou matar os dois, mantenha-me informado, você está armado?

- Claro que sim, eu sempre estou.

- Muito bem passe sua arma para mim, vamos passear um pouco, o dia vai ser longo Romeu.

* * *

Azira estava junto com William em seu carro, mas no meio do caminho ela resolveu passar no shopping da cidade para almoçar, á princípio William foi contra o almoço, porém, foi facilmente convencido pela bela Azira. Os dois nem perceberam que estavam sendo seguidos e que um maléfico plano estava em andamento para lhes tirar a vida no momento em que estivessem no estacionamento do shopping. O ciúmes doentio de Thor o cegou totalmente seu ódio ultrapassou todos os limites. No momento em que os dois jovens pararam no estacionamento, logo em seguida um caro preto parou ao lado, o vidro do carro preto abaixou lentamente, quando Azira percebeu quem era quase desmaiou de susto, bem diante de seus olhos, com uma arma apontada em sua direção, estava Thor, o rosto do jovem estava desfigurado pelo ódio.

- Olá meu amor ! Sentiu saudades, por favor desça devagar, e o seu amiguinho também.

- Thor, por favor, não faça nada conosco, por favor eu te imploro.

- Dessa logo sua vadia - Vociferou ele apontando a arma.

A morte parecia certa, o medo tomou conta dos brilhantes olhos da assustada Azira, William desceu logo em seguida sem esboçar uma reação, apenas olhava fixamente nos olhos de Thor.

- Da primeira vez você escapou, mas agora... Ninguém vai me impedir de eu te matar seu maldito, olhe bem Azira, veja seu namoradinho morrer, você será a próxima.

A arma estava apontada para o peito do jovem William, no momento em que o dedo de Thor deslizou para o gatilho, uma voz rouca ecoou por detrás do jovem Thor, assustado ele virou-se de repente, no intuito de efetuar o disparo, mas o treinado e experiente policial foi mais rápido. O barulho ensurdecedor do trinta e oito ecoou por todo o estacionamento. Thor caiu ali mesmo diante dos olhos aterrorizados da jovem Azira. Em questão de minutos inúmeras viaturas estavam no local, o comparsa de Thor foi preso confessando todo o esquema que haviam planejado para matar os dois. O jovem Thor não resistiu aos ferimentos e morreu ali mesmo.

O amor que salvou o jovem William foi o mesmo amor de perdição para o jovem Thor, aliás, Azira e William confirmaram o namoro e os pais dela gostaram muito do jovem William, na escola não se falava em outra coisa, o tímido rapaz quase sem amigos, era agora o mais popular de toda a escola e também o mais cobiçado pelas meninas, é claro que a Azira não gostou nada dessa popularidade de seu namorado, mas ela finalmente estava feliz e vivia seu grande amor.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 31/08/2017
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