Onde eu quero.
Os caminhos que percorri ao longo de tudo o que já vivi deixaram marcas fortes, cicatrizes profundas e me fizeram descobrir e alimentar uma autonomia emocional; tal qual, muitas vezes, fazia cegar meus olhos quando algo ou alguém bom se aproximava de mim.
Porque havia dias em que não queria encontrar ninguém. Desejava apenas meu próprio consolo, porque caso viesse a vontade de chorar, não teria de explicar-me.
As gentilezas da vida, sutis e tênues, trouxeram uma surpresa. Era apenas uma taça de vinho, ou duas, ou mais, ou a garrafa inteira. O que mais?!
Este cara mal me conhece, não imagina metade do que eu passei. O que me salva é que ele também traz uns “não-sorrisos” atrás daquele sorriso apaixonante. Ele nem pode perceber meus pedaços destruídos, os quais mascarados parecem intactos e fortes. Talvez ele tenha acreditado em minha fortaleza, ou disfarçou bem e sabe que não sou metade desta força. Sobretudo quando ele se aproxima. Sorrindo. Encaro-o com medo mesmo, porque é um medo um pouco corajoso. Não sei...
Sorte que além dos “não-sorrisos”, trouxe paz. E também uma vontade de me deixar destruir de novo, como se alguém tivesse precisando danadamente que eu sofra. E este alguém pode ser ele, o meu vizinho, o cara que esbarrou em mim na rua... Vai saber!
Meu subconsciente, receoso, teme o que é bom e dá certo. Era impressionante a velocidade com que passavam as horas sempre que eu o encontrava, e isso sustentava a certeza de como era bom e explicava a minha ansiedade enquanto esperava encontrá-lo mais uma vez.
Nem um toque. Só um aperto de mão! É isso é tudo o que eu quero agora.
Porque as consequências de velhas escolhas podem ser apagadas por alguém que pegue em nossas mãos, aperte, não solte e diga: estou contigo nessa.
E cá estou eu de volta. Recebi-me de bandeja com café da manhã na cama. Não ressuscitei porque nunca morri, apenas descobri novos erros e quero-os com a mesma imensidão de antes; como se nunca, nada tivesse acontecido. E não aconteceu... nem com ele, nem por ele.
Não quero favores. Estou aqui porque meu coração quer estar.