Nós jovens estudantes em um dia de passeio, em uma fazenda próxima de Belo Horizonte. Um lugar prazeroso, mais ainda pela recepção que o proprietário nos deu, acompanhado de seu filho um agronômo muito educado.
Um almoço delicioso (quem disse que comidas deliciosas fazem mal) e depois um passeio entre os campos plantados e cultivados.
Da algazarra que faziamos, surge algo inesperado para mim. O jovem fazendeiro apressa o passo e se coloca ao meu lado, começando a conversar.
Aos poucos a conversa vai se tornando particular. Os passos ficando mais lentos e o caminhar sozinhos vai tomando gosto. Perguntas rotineiras:

-Tens alguém?
Eu - Não
- Em que se ocupa?
Eu - Vou ficando com os meus livros enquanto o amor não vem.
-Estou achando que ele já chegou.
Enrubesço. Quando se tem 18 anos, ainda pode-se enrubescer.

-Gostei de você. Que tal prolongar e regar essa semente que hoje foi plantada entre nós?

Nesse momento fomos chamados para o retorno.Despedimos um do outro com sentimentos de  não te quero largar mais.
Passamos pela porteira que já rangia de saudade. O apito do trem me trouxe de volta para a minha realidade. Sento junto da janela para olhar à paisagem.
Subitamente com o trem já partindo, vejo alguém que se aproxima rapidamente. É ele. Traz nas mãos um buque de flores silvestres que me oferece. Enterneço-me e ainda consigo pegá-las.
Nunca mais o vi. As coisas não acontecem. As coisas são.

 
Heloísa Mamede
Enviado por Heloísa Mamede em 06/08/2017
Reeditado em 06/08/2017
Código do texto: T6075815
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.