As Letras da Nossa História

Capítulo 4 – Uma Velha Lembrança
 
20/05/2000
 
   Ramona tinha algumas peculiaridades, suas visitas habituais aos avós, Gauld e Darly, eram recheadas de lembranças para ela. Principalmente quando sua avó lhe mostrava a pequena estufa de flores ao lado da casa, eram sorrisos e diversão garantidos.
   Darly sempre demonstrou um apreço enorme por flores, já a mãe de Ramona, Luna, nunca teve o mesmo carinho por elas.
-Vovó, que flor é essa? – Apontou a garotinha.
-Essas são as begônias, querida. Vê como são delicadas? – Darly apontou para o vaso de argila na bancada da estufa.
   Ramona observava os tons rosados da flor e suas folhas que apareciam timidamente. Ao mesmo tempo que se sentia pequena, sabia que tinha a capacidade de cuidar de todas elas.
   Naquela tarde ensolarada, que na estufa estava fresca, sua avó explicava como cuidar das begônias, sobre qual terra usar. Aquele momento se gravou na mente da garotinha e aquelas flores se tornaram seu primeiro amor.
   Porém, nem tudo são flores, e apesar do trocadilho, a jovem menina teve de aceitar a perde de Darly alguns meses depois. Sua musa inspiradora agora iria descansar no céu, apesar disso, Ramona não se afastou das flores, na verdade, seu amor e apreço por elas aumentava cada vez mais.
 
12/07/2009
 
   Lá estava Ramona, em meio ao parque de Exeter admirando orvalhos, não tinha muita habilidade para socializar-se com as pessoas a sua volta, porém, com as plantas, era como se fossem um eterno amante.
   Não era muito comum que ela percebesse suas expressões ao estar ali, um pouco desengonçada, de joelhos a beira das flores. O sol parecia gostar de se esconder atrás das nuvens e o nublado dominar grande parte dos dias.
   Enquanto ela permanecia de joelhos, alguém também a observava, a forma como cativava as flores, a forma como se colocava diante delas.
-É um pouco estranho ver uma garota com tamanha paixão por aqui. – Disse um rapaz a poucos metros dela.
-Paixão?
-Pelos orvalhos.
-Ah, estou apenas observando.
-Bem, tendo a insistir na paixão.
-Ora, qual a importância disso?
-A paixão alimenta nossa alma.
-Você é apaixonado por algo?
-Por encontrar a paixão nas pessoas.
-E como isso pode te satisfazer?
-Como qualquer outro motivo para viver, basta ser verdadeiro.

   Na época Ramona não sabia que acabara de conhecer Steve, seu futuro investidor. Ele, por outro lado, sabia bem os motivos de estar naquela cidade.  
 
 
Johan Henryque e Marielle Cardoso
Enviado por Johan Henryque em 31/07/2017
Reeditado em 02/08/2017
Código do texto: T6070664
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