MICROCONTO DE AMOR ENCANTADO

Ele trazia a lenha bem cortadinha como ela gostava, daquele tipo que dava um fogo brando, meio avermelhado. Acendia o fogão à lenha, ao que se ouviam uns estalidos finos como uns acordes de canção. Ela sovava a massa feita da batata doce e batata comum. Cortava uns nhoques, uns talharins, uns pasteis e pizza também. Punha no fogo o molho de tomate com cheiro de manjericão. Mexia, mexia com arte, sem pressa. Não era todo dia que ela cozia assim, não. Mas, hoje era dia. Ele abria o vinho, o primeiro da primeira colheita das uvas vermelhas qual o fogo que ali ardia. Ela olhava para ele que olhava para ela. Cada qual com o presente da noite de ontem em que se deram um ao outro folgadamente. Naquele chão arrendado, sob o céu enluarado, eram rei e rainha de um amor encantado.

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 03/07/2017
Reeditado em 03/07/2017
Código do texto: T6044846
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