A MENINA DO MAIÔ BRANCO
 

 

É um conto iniciado em 1979. Eu estava na praia de Tramandaí/RS hospedado na casa de veraneio da minha irmã. Nos meus passeios habituais ao centro da cidade, encontrei uma ex. namorada e marcamos um encontro para o dia seguinte num local combinado que seria na beira da praia... ao levantar-me no dia combinado não achei meus chinelos e apanhei os do meu sobrinho que era bem maior do que os meus suportam. Lá fui eu á beira da praia com aqueles grandes chinelos. Depois de procurar a minha ex. namorada sem êxito - fiquei andando sem rumo à beira mar, mas sempre olhando  as várias direções com a intensão de cumprir com o meu compromisso. Acho que a minha ex. tinha se escondido ou foi encontrado por outro.  Continuei andando no meio da multidão e admirando as garotas. E vi muitas. Mas teve uma que ia à minha frente com um maiô branco que lhe ficava muito bem. Até hoje ainda tenho esta imagem na minha mente.  A menina do maiô branco fez com que eu não enxergasse mais as demais garotas. Pois o foco era ela... A garota de maiô branco.  
Tinha algo que a diferenciava para mim, até o ponto de esquecer-me do meu objetivo inicial que seria o encontro com a minha ex.
A garota de maiô branco de andar solitário continuava na minha frente e algo fazia com que eu a seguisse como se fosse uma perseguição insistente. E era. Comecei a pensar com os meus pensamentos: O primeiro contato foi feito, mas falta ainda vela de frente – comecei andar mais rápido até ultrapassa-la e como estava de óculos escuros a olhei pelo canto dos olhos e continuei até chegar a uma boa distância e de forma disfarçada para que ela não desconfiasse que estivesse sendo seguida! E estava bem seguida!  E na volta, através dos mesmos óculos escuros fiz uma visualização que tirou todas as dúvidas, a menina de maiô branco era a pessoa que eu realmente tinha nos meus sonhos. Vou ter que conhecê-la, mas como criar coragem para falar com ela? Eu sou tímido. Não teria como falar com uma desconhecida ainda mais pensando na possibilidade de não dar certo. Mas a vontade era tão grande que só conhece-la, cumprimenta-la, valeria a pena, então a vontade venceu a minha timidez – fui à luta que para mim foi a mais difícil das enfrentadas nos ringues.
Fui caminhando atrás dela, até chegar mais perto, mais perto até ficar ao seu lado – eu não tinha nenhuma  técnica que poderia ser usada, mas tinha que indagar algo que ela pudesse responder... e como eu fazia esporte e estava com um corpo sarado, sai com essa – “Você pratica algum esporte?”.
A menina do  maiô branco demorou muito para me olhar e responder, pois achou que era uma pessoa que estava jogando futebol na areia e que fugia dos seus interesses. Mas não era, mas sim uma pessoa que queria um envolvimento maior. Enfim respondeu que não praticava esporte e continuamos  caminhando juntos desenvolvemos algumas conversas, mas nosso diálogo era muito difícil, pois ela também tímida não gostava de falar a não ser responder perguntas que eu formulava.  
Fiquei sabendo que se chamava Iara e que ela também estava tentando encontrar com seu um ex. namorado. E nós tivemos a sorte de não encontrarmos nossos ex.  Depois de andarmos alguns quilômetros pela beira da praia, fiz uma pergunta que arriscaria por um fim na nossa conversa e ao meu sonho: Desculpe, eu gostaria de falar mais um pouco contigo, mas se estou sendo inoportuno eu posso me despedir se assim preferes! Não, Não é incômodo podemos continuar falando. E assim nossa andança pela praia durou algumas horas, mas as conversas não tinham avançando muito pela nossa timidez. E eu com aqueles chinelos maiores do que os meus pés e que ela visivelmente tinha notado também serviu como mais um argumento para acrescentar no nosso bate-papo. Eu os tirei e preferi continuar descalço.   
Então o nosso relacionamento começou a evoluir nos dias seguintes – sempre conversávamos e eu queria dar-lhe a mão, mas não tinha coragem –  fomos ao centro da cidade e numa avenida com carros passando e para atravessá-la criei coragem e segurei a sua mão para dar-lhes segurança naquela não tão difícil travessia, mas tinha a ideia de dar continuidade do meu plano – atravessamos de mãos dadas e eu me senti feliz porque que  pensei: o namoro havia iniciado... Mas ao chegarmos ao final da travessia segurei a mão com mais vontade, mas a Iara com um puxão a libertou e largou o seu segurança... Então o namoro ainda não havia iniciado? Bem naquele momento ainda não! Mas continuei pensando comigo mesmo! Esta menina eu ainda vou levar ao altar. Por enquanto era um sonho.
Depois de vários dias de encontro senti que o namoro se concretizava, pois já conseguia andar de mãos dadas... Passeávamos de moto, eu tocava flauta para ela, participamos do carnaval na praia e esse nosso início e da forma como nos conhecemos foi muito mágico e emocionante, e não tem como descrever neste conto. Mas é o inicio que tem a maior emoção.  
 Depois de dois anos de namoro e noivado casamos no dia 08/12/1981 com uma grande festa na qual e eu me considerava o cara mais feliz do mundo e teve pessoas que notaram.
 Nesse relacionamento concebemos duas lindas filhas, tivemos uma festa de Bodas de Prata. Eu falei para a Iara que me casaria novamente... desde que fosse com ela... Que me disse: Eu também me casaria de novo se for contigo. Então fizemos uma confirmação do casamento com troca de alianças aos 30 anos de casados com mais de 80 convidados numa festa com motivos havaianos, com danças típicas num lugar paradisíaco.  Por isso esse conto de amor com a menina de maiô branco... Ainda  continua. Até 2022 estamos casados há 40 anos. Nesse ano a minha filha Nailê nos presenteou com uma linda neta.

Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 07/06/2017
Reeditado em 08/02/2022
Código do texto: T6021301
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