DUAS VIRGENS E UM DESTINO part(5/6)

A bela moça, que na verdade tinha em si uma fera pronta a devorar em nome de sua vingança já estaria bem estabelecida no período de quase um ano distante de seus avós, quando certa noite, já bem próximos das férias, o seu telefone chama em meio à madrugada. Sophia ainda atordoada de sono atende e eis que ouve a voz da sua avó:

- Querida, eu queria tanto você aqui!

- Oi vó, também estou morrendo de saudades! Diz Sophia.

- Mas pra senhora me ligar agora está acontecendo alguma coisa, né!

- Sophia, é o seu avô, temo que já nem haja tempo de você despedir-se dele, está muito mal, foi um infarto, ele nunca mais teve saúde desde que a sua mãe se foi!

Disse isso para amenizar, pois o s. Nelson havia falecido há 20 minutos.

Sophia então se pôs de pé e logo que amanheceu estava já com uma pequena bagagem de mão pronta e sem querer chamar pelo táxi, caminha até a pequena rodoviária, compra sua passagem rumo a capital e segue, para de lá então seguir até Mato Grosso. Só ao chegar a capital então Sophia decide ligar para Paulo, mas o telefone dele não chamou então ela lhe enviou um sms no qual dizia:

Tive problemas familiares para resolver; meu avô está muito mal e eu precisei viajar. Não tive tempo de avisar para ninguém, você pode, por favor, avisar na prefeitura?

Paulo teve um grande susto ao ver a mensagem bem mais tarde e correu por atender aquele pedido.

Após 48 hrs de viagem, enfim chega Sophia em sua terra natal, infelizmente não mais a tempo de sequer despedir-se do avô, pois vítimas de infarto não se deve aguardar muito pelo sepultamento, devido a possíveis fatos constrangedores, como sangramento do cadáver etc.

Ao encontrar-se com a sua avó, Sophia, ainda muito cansada e atônita, envolveu-se num abraço daqueles que não parecia ter mais fim e só então, puseram-se a conversar sobre o ocorrido.

Passaram-se dois dias e Sophia novamente teria de partir, pois agora, ela teria não mais tão somente a sua predestinada vingança, mais também uma turma letiva, onde por muitas vezes, era mais que professora. No dia seguinte, ela foi ao cemitério local, onde fez questão de firmar aos pés do túmulo do avô, s. Nelson, que havia sido sepultado no mesmo túmulo que ele mandara fazer para abrigar os restos mortais de sua filha e mãe de Sophia, a Sandra.

Dizia ela em seu pranto:

-- Vô, agora que o senhor está junto de Deus e da mãe, eu seu que tu sabes de muito mais coisas do que eu até agora pude descobrir, mas acho que estou á poucos passos de encontrar a pessoa que é verdadeiramente responsável por tudo que nos vem acontecendo desde os últimos 22 anos e quero que saiba que antes que nos encontremos outra vez, eu irei vingar cada lágrima de minha mãe e consequentemente as de todos nós.

Dito isto, ela se limitou a uma oração pela alma do avô e retornou a casa da avó apenas para despedir-se e pegar novamente a sua bagagem de mão. Ela estava tão centrada em sua sede de vingança que nem sequer ouviu os apelos de dona Ana que lhe pedia que ficasse um pouco mais ou que se possível, não mais partisse.

Mesmo com tudo, Sophia embarca novamente com destino à sua nova e pacata cidadezinha.

Enquanto tudo isso acontecia, Paulo muito preocupado e ao mesmo tempo com medo de atropelar a privacidade da professora, ficava cada dia mais apreensivo, mas sem ter coragem de ligar pra saber o que estava acontecendo, assim, ele seguia a sua rotina, embora sentisse que faltava àquela presença em seu dia a dia, pois afinal, já se passava quase um ano que eles se falavam e viam-se quase todos os dias.

Depois de quase uma semana, por fim, retorna Sophia, numa tarde em que tudo já se parecia cinzento para Paulo, quando soa o seu telefone...

Ao atender, ela diz:

O senhor pode buscar-me aqui na rodoviária?

De pronto, ele disse que sim e em poucos minutos lá estava Paulo com o seu táxi e a buscou. Muito indiferente, ele a notou e preferiu manter-se calado até que ela aos poucos começou a lhe contar o motivo que a fizera sair daquele jeito furtivo da cidade.

Bastante sensibilizado, Paulo presta-lhe as condolências... Ao deixa-la no colégio, muito sem jeito, ele limita-se apenas a deseja-la uma boa noite e sai sentindo se como se lhe faltassem alguns parafusos na cachola, como ele mesmo costumava falar quando não sabia definir as coisas.

Quando tudo parecia seguir novamente o seu rumo, Sophia decide intensificar a busca por sua incansável e insaciável sede de vingança e vai até a igreja visitada por seus familiares, há 23 anos. Mas, pra sua decepção, fora muito tempo passado para que alguém se recordasse de algo sobre aquele congresso, muito embora, lá houvesse apenas um ao ano e ela retornou muito entristecida, mas sem jamais perder o seu foco.