O osculo dos deuses
Reza a lenda que há muito tempo havia vários deuses, o mais importante era o deus sol, que era inalcançável, ficava distante, mas permitia a existência dos outros, havia a deusa lua, que nunca tirava os olhos da Terra, era invejosa e só se exibia nas escuras noites, mas ainda era possível encontrar algo de bom nela, a mais bela de todas as deusas era a Terra.
A Terra exibia toda sua exuberância em suas curvas, seu relevo, morros e serras, havia lagos, rios, cachoeiras, mares, e etc... O deus do vento voava em torno da Terra e sempre observava e admirava a sua geografia, um dia decidiu que não mais manteria seus sentimentos calados, e então passou a soprar palavras sinceras e bonitas no ouvido da Terra. A Terra pensava que eram disparates, loucura o que o vento dizia, mesmo assim gostava do que escutava e se permitiu a ouvir mais da canção do vento. Um dia o vento tomado de desejo, e cansado de apenas palavras, parou numa noite escura a Terra, e de inopino roubou um beijo, aquele beijo foi o prelúdio da canção, do coração ritmado, denotava paixão, estava carregado de emoção, e mesmo com todos esses adjetivos, o deus do vento não conseguiu expressar e alcançar o que mais almejava. Então começou a voar sobre a Terra acariciando suas formas, até chegar a um vale entre duas colinas, e no meio de um descampado, havia uma gruta, uma fenda, ele não pensou duas vezes e com o consentimento da terra penetrou naquela fenda, em busca das entranhas da Terra. Ao entrar acendeu no interior um fogo, um calor que fez acordar vulcões considerados extintos, eles derramaram lava quente sobre toda a superfície, o deus do vento fez então soprar nuvens de chuva que molharam os fluidos da Terra. Hoje a lava que se derramou tornou-se os solos mais férteis, e o vento continua a soprar apaixonado por toda a superfície.