Dias de prestígio no lajedo sem bromélias!
A mais pura nostalgia de lembrar quando eu enveredava caatinga a dentro, a caminho do riacho, procurando peripécias legendárias. Eu nadava e esgueirava meu corpo por entre as pedras. Notava meu coração palpitar cada vez mais forte à espera da hora em que as Náiades chegavam!
Maliciosamente aguavam o peito, esfregando minha pele com suas brandas mãos. Que acendimento as vês sutilmente afagando o que de sublime atenta minhas reservadas emoções...
Perdi a conta e o controle, de quantas foram as vezes em que elas me acometeram! Se aproveitaram da minha indigência de acalanto, até alcançarem a extração de minha última gota de turgescência....
Aquelas senhoritas inquietas, de vozes hipnotizantes, babas curativas; davam ordens a natureza ao nosso redor, e faziam do meu pobre dorso, um reles brinquedo de suas invenções...
Foram dias incríveis em que das fontes brotavam Crineias, sedutoras, maestras....
Que me arrastavam ao meio do lago, me acobertavam, e me entregavam às Limnátides, cuja aptidão com os lábios me faziam levitar, flutuar....
Pobre de mim se acaso eu tentasse voltar ao meu corpo revirado! Um banho tépido dos olhares das Pegeias, que se avaliavam intensamente com a eclosão das nascentes....
E naquele curso de água, serpenteando a mata, ninfas Potâmides, lindas, de braços abertos, pediam colo, sem me dar qualquer chance de rejeitá-las; enquanto Eleionomaes, contumazes sirenas ávidas, lançavam cordas que me levariam a outros pântanos mornos...
Sem forças e quase sem saber o caminho de volta, Salmacis abandonavam idolatrias históricas para acoplar aos nossos desejos vorazes; incapazes de suscitar almejar sair, ou ao menos querer; porque aquelas Náiades não atacam os imêmores, muito menos inábeis fundadores de causos, como esse...!
E hoje, só me resta voltar ao lajedo velho onde nem água existe mais; e ter a certeza que naquele riacho de pó, no lajedo sem bromélias, as minhas Náiades não voltarão como eram nasqueles dias de prestígio!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires