Luiz Carlos Coutinho Simões
Luiz Carlos Coutinho Simões
A vida que a gente quer não é aquela que a natureza nos dá. Nesta controvérsia surge a vida do Luiz Carlos Coutinho Simões nascido aos 8 dias do mês de Novembro de 1959, na cidade de Ipauçu em São Paulo. Quando ele tinha um ano e oito meses fora acometido de paralisia infantil. Assim começa o seu calvário com ajuda do seu tio Miguel Coutinho, ao vê-lo numa cama, disse ao pai do garoto que o filho não podia continuar assim sem tratamento, e para se tratar era preciso ir a São Paulo a procura de recursos medicinais. Providenciaram uma ambulância e vieram morar em São Caetano, onde alugaram uma casa, iniciando imediatamente o seu tratamento no Hospital das Clinicas com o Dr. Sergio, cujo médico assumiu a responsabilidade pela assistência médica necessária. Sua paralisia em ambas as pernas, só lhe davam movimentos nos braços e cabeça. Submeteu-se a doze cirurgias tipo nervos corretiva e muita fisioterapia, durante seis anos internado no hospital, com raras saídas domiciliares para não interromper o tratamento a que fora submetido ao doutor.
Foi assim que ele recuperou parte do movimento do corpo, podendo se sentar alimentar-se e banhar-se sozinho, e até empinar pipa. Disse-me ele que a gratidão pelo Dr. Sérgio não tem tamanho, mas que Deus o recolheu e que ele reza por ele, em todas as suas orações, na certeza de que ele cumpriu sua missão com bravura.
Aos nove anos de idade ele via necessidade de fazer algo para ajudar seus pais. Foram morar na Freguesia do Ó no bairro do Jardim Iracema. Em uma das suas “escapadas” foi parar na Lapa, em frente ao Mercado Municipal, onde tinha uma rapaziada que tomava conta dos carros que vinham estacionar, e, quando voltavam de suas compras, davam uns trocados. -Conversando com um deles disse que precisava ajudar seus pais, assim ganhou três vagas para cuidar dos carros. Ele sempre ganhava dos seus clientes, pelo esforço que fazia mais do que merecia. Começou então a chegar a casa com os bolsos cheios de dinheiro. E dizia pra sua mãe: -“olha mãe tudo isso é pra você, enfiava a mão no bolso da direita e aquele monte de notas e do esquerdo também, colocava em cima da mesa todo aquele dinheiro”. Sua mãe ficava feliz, porem preocupada. Sua mãe fazia serviços domésticos, mas um dia ela o seguiu pra ver onde ele conseguia tanto dinheiro. Escondeu-se atrás de um dos carros e ficou ha observar. – ”Há! É aqui que você consegue arrumar tanto dinheiro! Ele assustado. – “Mãe o que a senhora esta fazendo aqui”? - Vim saber se você não estava fazendo coisa errada! “Uma das minhas clientes falou pra mim: tenha orgulho dele, esse menino vale ouro.” Ele era e sempre foi, modéstia à parte, muito dedicado, tanto que ele havia comprado dois baldes de detergente e consegui agua no Mercado para lavar os carros, e quando o cliente voltava das compras estava limpinho e ele ficava feliz com a dedicação e assim ganhava gordas gorjetas”.
Nessa época a perua da FEBEM circulava pela cidade recolhendo os menores, e por duas vezes ele foi vitima, até que na terceira vez que quiseram leva-lo apareceu o Tenente Paulo da Policia Militar e intercedeu a seu favor dizendo, não se preocupem serei responsável por ele.
Conversou com o Senhor Amadeu, engraxate de muitos anos na Lapa e muito amigo dele falou pra ele ensinar seu oficio enquanto foi providenciar um serralheiro pra lhe fazer uma caixa, e assim foi feito uma caixa, toda em chapa de aço.
Isso foi em 1971 e até hoje 2012, só foi trocado o assoalho uma vez por causa da ferrugem. Quem a fez foi o amigo dele seu Eurico que era diretor de uma metalúrgica.
Voltando no tempo, a caixa pronta e já com as aulas do Amadeu concluídas, foi aprovado no teste.
Pra completar o favor do Tenente, ele então conversou com o senhor Petrônio, dono da lanchonete na Praça Romeu Gomes 31, na Lapa, pedindo a ele autorização para o Luiz trabalhar na porta do seu estabelecimento. Ai começava a história do LUIZINHO O ENGRAXATE.
Já com seus 23 anos conheceu Luci, namoraram, casaram e tiveram quatro filhos; Priscila, Aline, Evelyn e Lyon. Foram 15 anos de união, às vezes umas brigas aqui outra acola, mas isso são coisas da vida. Assim sem mais nem menos Luci começou a se distanciar dele e a fazê-lo sofrer, pois ele a amava e não aceitava aquela situação, até que seu pai descobriu a verdade, ela estava o traindo com um rapaz bem mais jovem, mas foi a pior escolha que ela fez, pois da parte dele não deixava lhe faltar nada, nem pra ela nem pros filhos.
Ela os abandonou e foi morar com esse rapaz. Ai começou a sua angustia, pois esse rapaz era viciado em drogas e começou a agredi-la e maltrata-la, engravidou-a do Mateuzinho. Ela então escrevia cartas para a mãe que precisava voltar pra casa, pois não suportava mais sofrimento.
Sua sogra Dona Judite veio então conversar ele, pois ela havia arrumado um canto da casa pra eles morarem e assim não precisavam mais pagar aluguel. Vendo a agonia da sogra por causa do sofrimento da filha, aceitou que ela voltasse pra casa, só que o rapaz a tinha lhe passado o HIV. Gravida chegou ao parto e então nasce Matheus. Separados e ele dando toda a cobertura e assistência. Perto do Matheus completar um aninho seu estado de saúde se agravou e ela foi internada em estado grave. Ele então foi visita-la, tentando anima-la mais ela foi franca com ele naquele momento lembrando-se das palavras dela antes de sua morte. “Me perdoe e cuida do Matheus pra mim.” No que ele lhe disse: “Deus já lhe perdoou e não se preocupe o Matheus será bem cuidado”. Hoje o Matheus tem 15 anos um rapaz bonito cheio de saúde e que lhe perdoe os seus quatro filhos mais esse menino é muito amado e ele não tem nada ha se envergonhar. Tratando-o reconhecidamente como seu pai dizendo-lhe: “Pai e ti amo muito”.
Teve que sair da casa da sua sogra por desentendimento com seu cunhado que lhe dizia na cara pra sair da nossa cara, pra gente ir embora que ali era dele e quem mandava ali era ele. Até que não suportando as humilhações tiveram que se mudar e voltaram a pagar aluguel. Tem dificuldade de pagar aluguel, pois recebe meio salario mínimo de pensão alimentícia, mas o que lhe ajuda é a sua profissão de engraxate de sapato e ajuda dos amigos sei o que não saberia como viver.
Seu grande sonho é onde ele possa acolher os seus Matheus, Priscila, Aline, Evelyn e Lyon, numa casa própria onde possa terminar seus dias com segurança.
Luiz continua com suas limitações de locomoção, se arrastando ao chão com seus joelhos e seus braços apoiados ao solo. Continuando engraxar em praça publica.
Penso que uma grande ajuda seria ganhar um triciclo de tração a manivela e que pudesse engraxar sapatos no próprio andador.
Vamos nos cotizarmos para mandar fabrica-la, cujo orçamento fora de estimada em R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).
Obrigado irmão.
São Paulo 2012.