Um Amor e Um Mistério – Parte II

Hugo foi buscar consolo no colo da mãe.

- Mãe? Ta rezando? Posso entrar?

- Oh meu filho, entra. Eu tava terminando de fazer a minha novena. Aconteceu alguma coisa? Você ta abatido.

- Aconteceu sim mãe. Aconteceu. Eu... Terminei meu namoro com a Betina.

- Mas que notícia boa filho.

- Mãe!

- Ah filho desculpa, mas você sabe que eu nunca gostei dessa menina.

- É. Ela mentiu muito pra mim e a nossa relação foi desgastando até chegar ao fim. Mas eu estou com a consciência tranquila. Eu tentei ajudar ela. Eu vi nos olhos dela que estava mentindo pra mim.

- Essa garota nunca te deu valor filho. Eu sempre tentei te alertar, mas você preferiu não me ouvir. Agora tá ai o resultado.

Enquanto isso, os mistérios em torno de Betina se intensificavam cada vez.

- O que você ta fazendo aqui Romão. Me deixa em paz.

- Deixar em paz? Não. Você só vai ter paz quando acertar aquelas coisas do passado comigo.

- Você ta cada vez mais louco. Eu já te falei que eu não tenho mais nenhum dinheiro.

- Ah, não tem não. Escuta aqui – disse Romão puxando com brutalidade os cabelos negros de Betina. Se você não arrumar esse dinheiro até amanhã ao meio dia, as coisas vão ficar bem piores pra você. Eu não vou ter piedade.

O maior erro de Betina, talvez fosse ter sido, o de, um dia se envolver com um bandido.

Mas qual o envolvimento de Betina com Romão? Qual o motivo de tantas ameaças?

Naquele momento, o relógio tornou-se o maior inimigo de Betina. As horas pareciam passar o mais depressa possível. Aquilo era um pesadelo para a moça. Como se estivesse caminhando no escuro, Betina não sabia para onde ir, qual caminho percorrer, mas sabia que era preciso sair disso o quanto antes.

Foi então que ela foi atrás da única pessoa que talvez ainda pudesse lhe estender a mão.

- Eu não to acreditando. O que você ainda quer comigo? Eu não fui claro o bastante ao dizer que não temos mais nada um com o outro?

- Eu sei que você tá chateado comigo, mas eu preciso da sua ajuda Hugo. É sério. Eu não viria até aqui se não fosse grave.

- Ah, agora você quer a minha ajuda? Eu te ofereci todas as chances possíveis para te ajudar. Quantas vezes eu tentei te ofereci o meu apoio, a minha assistência. E o que você fez? Sempre me tratou com arrogância, ingratidão, preferiu esconder as coisas de mim.

- Pelo amor de Deus Hugo. Isso não é hora pra você me julgar. Eu to correndo risco de vida. Me ajuda.

Hugo parou e ficou pensativo.

- Entra – disse Hugo.

- Ah não. O que essa sujeitinha está fazendo aqui na minha casa? Deixa o meu filho em paz encosto.

- Mãe. Deixa a gente conversar aqui, por favor.

- Se você quer assim, tudo bem. Mas depois não venha chorar suas lágrimas pro meu lado, porque não vai ter mais colo.

A mãe de Hugo ausentou-se do recinto, conforme pedido do filho.

- Fala logo Betina.

- Tudo começou quando a minha mãe ficou doente. Ela estava com uma grave doença, correndo risco de morte. O meu mundo foi ao chão quando recebi aquela notícia. E... ela precisava fazer uma cirurgia urgente.

- E?

- E ai que a cirurgia custava uma fortuna. Ela precisava operar o mais rápido possível. Eu fiquei desesperada, não tinha aquele dinheiro todo, não sabia o que fazer, onde e como conseguir e foi então que...

- Fala Betina.

- Eu procurei um agiota e fiz um empréstimo com ele.

- Você fez o que? Eu não acredito nisso. Meu Deus em que mundo você vive? Esses caras são perigosos.

- Eu sei. Mas eu precisava salvar a vida da minha mãe. Eu não podia ficar parada, assistindo a morte da minha mãe.

- Agora tudo faz sentido. Você sempre disse que a sua mãe morava em Goiânia. Que você morava sozinha aqui. Meu Deus. Por que você não me contou isso antes? Eu poderia ter ajudado a sua mãe.

- Não. Eu não queria te envolver nos meus problemas Hugo. Tenta entender os meus motivos.

Betina estava desolada. Soluçava de tanto chorar, afogando-se nas suas próprias lágrimas.

Hugo tentava compreender Betina. Ele estava surpreso com tanta revelação. Foram anos convivendo com uma pessoa que nunca se revelou por completo.

- Sai daqui Betina.

- Como assim Hugo, você não me ajudar? Você não me ama?

- Se tem alguém aqui que não pode falar de amor, é você. Depois de tudo você acha mesmo que tem o direito de me pedir alguma coisa? Se você está metida com bandido o problema é seu. Eu tenho pena da sua mãe sabe, que teve o amargo desgosto de ter você como filha.

- Não. Não fala isso. Você não sabe o que eu estou passando. Não faz isso comigo. Tem piedade de mim.

- Sai daqui. Sai!!! – gritou Hugo.

Betina saiu da casa e ficou a mercê da própria sorte.

Um novo dia chegou, e o pior estava por vir.

Continua...

Luccas Nascimentto
Enviado por Luccas Nascimentto em 10/02/2017
Código do texto: T5908515
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