Um Amor e Um Mistério – Parte I
Hugo era muito apaixonado pela jovem Betina. Os mistérios que cercam a moça estavam prestes a colocar em perigo todos a sua volta, principalmente sua história de amor.
Hugo entrou na casa de sua amada e já foi direto ao ponto.
- Eu vim aqui Betina pra saber quando é que você vai me contar essa história.
- Que história Hugo? – perguntou Betina querendo esquivar-se daquela conversa.
- Por favor, não complica mais as coisas. Você sabe do que eu estou falando. E eu quero saber de tudo.
- Realmente eu não sei o que você está falando.
- Ah não?! Então quem é aquele cara que vive te perseguindo?
- Perseguindo? Que cara?
- Eu vi tudo Betina, não precisa esconder nada não. Não foi a primeira vez que eu vi você com aquele cara. Eu pensei que pudesse não ser nada de mais e por isso não resolvi falar nada. Mas depois, essas cenas voltaram a se repetir e eu comecei a ficar preocupado.
- Ele é só um amigo. Bobagem essa história Hugo.
- Bobagem? Eu vi aquele cara segurando o seu braço, apontando o dedo na sua cara e mostrando aquela arma pra você. Eu fiquei vendo tudo desesperado, sem saber o que fazer. Eu estou preocupado com você Betina.
- Isso é coisa da sua cabeça. Você ta vendo coisa onde não existe.
- Ta bom. Então como você me explica isso tudo?
Betina ficou em silêncio. Hugo aguardava uma resposta.
- Ta vendo. O seu silêncio fala por si só. Me conta o que ta acontecendo. Eu quero te ajudar. Eu não consigo mais assistir essa situação e não fazer nada. Olha aqui meu amor. Se você não se abrir comigo eu não tenho como te ajudar.
- Você ta certo. Eu estou sendo perseguida sim. Aquele homem vive atrás de mim. Mas eu não posso te falar nada.
- Meu Deus Betina. Sou eu quem está aqui na sua frente. Hugo, seu namorado. Se você não confiar em mim, em que você vai fazer isso?
- Desiste Hugo. Eu não posso dizer nada. Eu tenho os meus motivos. Me respeita.
- Tudo bem então. Eu me preocupo com você, tento te ajudar e você me pede... Respeito. Vamos colocar um ponto final na nossa relação aqui, agora.
- Não, por favor. Você tem razão pra ficar irritado com isso tudo, mas terminar nosso romance por causa disso é demais.
- Não Betina. Não é só por causa disso não. É por tudo o que vem acontecendo até aqui.
- Mas eu te amo!
- Ama? Você me ama? Francamente. Que amor é esse? Me fala? Um amor sem confiança, cheio de mistérios, cheio de mentiras. Você nunca me contou quem é você. Eu não te conheço.
- Para com isso Hugo.
- Me faz um favor. Não me procura nunca mais.
Hugo saiu furioso batendo a porta com agressividade.
Betina lacrimejava reclinada no chão da sala.
Cada vez mais Betina se afogava nas suas próprias mentiras. Ver seu amor saindo por aquela porta foi o momento mais dolorido naquele dia. Mesmo que aquilo fizesse sangrar de dor seu coração apaixonado, não tinha outra coisa a se fazer. Era preciso se conformar. Ela tinha que escolher bem as palavras que iriam sair de sua boca. Estava sendo observada o tempo todo. Parecia estar vivendo em um pesadelo infinito. Desde que aquele homem entrou em sua vida, Betina vivia trancafiada e sufocada pelos próprios medos e sentimentos. A insegurança passou a fazer parte da sua rotina.
No banho, Betina chorava. Chorava muito. A água morna que caia do chuveiro arrastava suas lágrimas, levando-as ralo abaixo. Com as mãos na cabeça ela desviava seu olhar para cima enquanto se lembrava de tudo. De tudo o que viveu com seu grande amor.
Enquanto Betina afligia-se nas dores de um amor forte e genuíno, as sombras de seu passado retornaram a lhe perseguir...