Amor Prisioneiro - Parte 2.

O sol estava forte quando Antônio saiu da prisão. Mesmo que o ar fosse o mesmo, ele respirou fundo do lado de fora. Sentia como se todo o peso que havia carregado nos seis meses, ficassem ali, atrás daqueles altos muros de uma prisão tão silenciosa. Viu sua mãe do lado de fora do carro sorrindo com os braços abertos. Ele correu para ela e a abraçou. Lhe deu um beijo no rosto sorrindo feliz.

- Meu filho, meu garoto. Como é bom vê-lo livre.

- Mamãe, não sabe quanto sua força me ajudou.

- Vamos embora logo daqui.

Ele entrou no carro com a mãe dirigindo e foram para casa. Um cobertura luxuosa na Avenida Angélica. Antônio entrou sorridente e logo correu para seu quarto. Ali encontrou Peter deitado na cama, assim que o cachorro viu o dono, começou a latir loucamente e pulou para o seu colo todo sorridente.

- Ele sentiu tanto a sua falta filho.

- Eu também senti dele mãe. Meu menino.

Antônio tinha o cachorro desde os 22 anos, havia ganhado de presente de aniversário de seu ex namorado. Era a única coisa boa que tinha sobrado de um namoro muito estranho. Se jogou na cama e Peter ficou lambendo seu rosto. Respirou fundo e se lembrou da despedida com Clark, o namorado chorou quando eles se abraçaram, mas ele podia ter certeza que seu coração era dele. E de mais ninguém.

- Filho eu vou fazer um almoço bem caprichado para você.

- Ahh mãe, vai ser ótimo, estou morrendo de saudades da sua comida.

O quarto de Antônio era uma suíte, tirou a roupa que usava e procurou algo limpo no guarda-roupa. Depois de um banho bem demorado, ele se trocou e foi para a cozinha, sua mãe estava no fogão toda sorridente. Ele se sentou na mesa e pegou uma maçã na fruteira. Roberta se sentou na frente do filho e olhou preocupada:

- O que vai fazer agora?

- Recuperar tudo que é meu.

- E como pretende fazer isso meu filho?

- Bom, eu acredito que eles não vão querer mais que eu continue na empresa. Então vão querer comprar minhas ações. Mas eu não vou vender. Vou comprar tudo que for deles, e coloca-los na rua.

- Filho, vingança não e um bom caminho.

- Não mãe, isso não é vingança. Eles não seriam nada sem mim. Foi eu que dei o capital inicial para abrir a empresa. Foi eu quem fechou os maiores contratos e com maior margem de lucro. Eu que tenho o maior número de ações. Foi meu pai que investiu e confiou que a empresa seria o que é hoje. Eles não perdem por esperar.

- Mas como você vai comprar a parte deles nas ações?

- Eu vou falar com o Rodrigo.

- Rodrigo? O dono da empresa que eles roubaram?

- Sim.

- Mas ele acredita na versão da policia, que você roubou ele.

- Vou conversar com ele, explicar a minha situação. Vou convence-lo de que sou inocente.

- Acha que ele vai acreditar em você depois do que fez?

- Eu não fiz nada mãe, o que houve entre eu e o Rodrigo foi engano, eu deixei bem claro para ele que não poderíamos namorar. Ele que se apaixonou por mim.

- Você transou com ele.

- Sim, e combinamos que não sairia daquilo. Mas ele não aceitou e quis continuar. Agora eu vou ter que apelar para os sentimentos dele. E torcer para que ele me ajude.

- E como seria essa ajuda?

- Quero que ele compre as minhas ações e me coloque de novo como presidente da empresa. Assim que eu assumir, vou vender a empresa para ele com todas as ações do grupo. Com a empresa vendida, a sociedade será desfeita. E eles vão perder todo dinheiro que ganharam. Eu como dono da maioria das ações posso fazer isso. Claro que eles vão sair com algum dinheiro. Só que vai ser um valor bem menor do que o do mercado de ações.

- Filho, isso é muito arriscado.

- Sei que é. Mas eu preciso fazer isso. Não vou deixar que eles andem pela empresa como se fossem os donos dela.

- Mas você não precisa das assinaturas dos sócios para que a empresa seja vendida?

- Não, no contrato que fizemos quando abrimos a empresa, eu deixei uma cláusula indicando que eu poderia fazer o que quisesse com ela sem pedir autorização deles, isso inclui a venda dela. Só que eles não leram todo o contrato quando assinaram, então vai ser um baque enorme quando eles descobrirem.

- Você imaginou que seria traído? Por isso colocou a cláusula?

- Não, papai que me deu a ideia. Ele disse que não se deve confiar em ninguém. Nem mesmo em si próprio. Claro que eu coloquei só para obedecer ela, jamais imaginei que isso iria acontecer.

- Seu pai era muito inteligente. Nota-se que ele não chegou onde chegou por acaso.

- Verdade, não sei o que seria de mim se não fosse ele.

Depois do almoço, Antônio ligou para a empresa de Rodrigo e pediu para marcar uma reunião, se identificou como um investidor, ficou com medo de não ser atendido caso contasse quem realmente era. Consegui uma reunião para o dia seguinte logo de manhã.

No carro da mãe, Antônio sentia as gotas de suor descerem pelo rosto devido ao calor tão forte em São Paulo. Estar vestido todo com roupa social, não ajudava. Mas ele precisava iniciar seu plano de vingança. Pensou em várias formas de conversar com Rodrigo, mas não tinha ideia de como falar. Pedir ajuda para o homem que ele tinha magoado, era algo que não soava bem.

Havia conhecido Rodrigo em uma reunião de negócios, ele era presidente de uma empresa muito rica de automóveis com filial no exterior. Na mesma reunião em que assinaram um contrato milionário para prestação de serviços, Rodrigo chamou Antônio para jantar, o que era para ser profissional se tornou em uma noite de sexo. Mas Antônio não ligou no dia seguinte o que deixou Rodrigo magoado. Quando o roubo veio a tona, Rodrigo acreditou na versão dos sócios de Antônio. Mesmo tendo o dinheiro de volta, prestou queixa, e Antônio foi preso. Os sócios Lucas e Vicente, saíram ilesos.

Assim que chegou na empresa, Antônio foi recebida por uma linda secretária. Esperou alguns minutos na recepção. Até que ela deixou ele entrar. Encontrou Rodrigo sentado em uma grande mesa assinando alguns papéis, fechou a porta e esperou que ele levantasse a cabeça, como ele não fez, tossiu de leve.

- Só um momento Sr...

- Antônio, Antônio Arruda dos Santos.

Rodrigo levantou a cabeça e arregalou os olhos quando o viu em pé. Seu rosto de surpresa mudou para raiva em questão de segundos.

- O que você faz aqui?

- Preciso falar com você.

- Não tenho nada para falar com você. Por favor vá embora.

- Preciso que você me escute. Eu preciso de você.

- Eu precisei de você um dia. E você me abandonou.

- Entendi, você ainda está magoado por causa daquela noite.

Antônio se aproximou, então sem pedir, se sentou na cadeira em frente.

- O que você está fazendo?

- Esperando, vamos lá. Desabafe, grite comigo. Pode me bater se quiser. Coloque para fora todo ódio que você sente por mim.

Ele ficou sem ação. Então Antonio respirou fundo.

- Sabe Rodrigo, aquela noite foi incrível. Você é uma pessoa incrível. A conversa, o sexo. Foi demais. Mas você não pode me culpar se eu não me apaixonei por você.

- Você me iludiu..

- Não, em nenhum momento eu disse que queria que fosse além daquilo. E muito menos percebi que você esperava algo a mais. Eu queria que aquela noite fosse ótima, como ela foi. Mas não pretendia que acontecesse mais de uma vez. Pelo menos não naquele momento.

- Você é um galinha.

- Não. Você quem tomou atitude, você quem me chamou para sair. E eu como uma pessoa legal, solteiro e afim de curtir. Aceitei. Mas não pode me culpar por não ter pedido você em namoro depois.

Ele ficou triste, e abaixou a cabeça. Então Antônio colocou a mão em cima da dele.

- Olha, você vai encontrar alguém que veja o quanto é especial. Mas não sou eu. Eu queria ter sentido por você algo mais além daquilo. Mas não consegui. E sinto muito por isso.

Ele deixou uma lágrima cair e sorriu.

- Não, eu que sinto muito. Fui um idiota. Você tem razão. Em nenhum momento você me iludiu, eu que vi coisas aonde não devia, e acabei confundindo tudo.

Antônio estendeu a mão.

- Amigos então?

- Claro. Amigos. Você me disse que queria um favor?

- Ah sim, claro. Escuta. Eu sei que você não acredita em mim. Mas eu não roubei você.

- Mas quem disse que não acredito em você?

- Você me denunciou.

- Eu estava com raiva do que tinha acontecido entre nós. E cego por ter sido roubado. Mas acho que no fundo eu nunca acreditei que você tinha feito aquilo.

- Sim. Não foi eu, foram meus sócios. E é por isso que estou aqui. Preciso de sua ajuda para me vingar, e reaver o que é meu.

- Pode falar, se eu puder.

Antônio contou seus planos para o novo aliado. Ele pareceu surpreso mas disposto a aceitar. Quando saiu da empresa mais tarde, ele teve a certeza que estava no caminho certo para sua vingança.

CleberLestrange
Enviado por CleberLestrange em 12/01/2017
Código do texto: T5880143
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