REENCONTRO - PÉ DE JACA

Era o final de tarde de um sábado meio ensolarado.

O vento soprava suave, o mato estava quase verde e não se via ninguém próximo. Somente um pássaro que passava voando, indo e voltando por ela, fazendo um canto com um barulho alto e fino.

Ela resolveu reencontrar seu pé de jaca que há muito tempo não conseguia o ver direito e nem chegar perto, pois a cerca e a plantação de abacaxi a sua volta a impediam.

Andou, andou e alcançou a cerca. Havia um espaço entre o chão e a cerca que deu para passar por baixo. Os pés de abacaxi já não existiam mais e foi fácil chegar à árvore.

Ao poder abraçar sua amiga seus olhos encheram de água. Notou um pedaço grande, grosso e envelhecido desprendido do seu caule principal espalhado pelo chão cheio de galhos e folhas secas.

Mas ela, a Jaqueira estava ali, mais madura, cheia de frutas, algumas quase no ponto de colher, outras verdes e outras brotando.

Abraçou, beijou sua árvore e conversaram. Disse a ela que quando ela se fosse, que a árvore ficasse e não se deixasse abater. Que continuasse sua história por muitos e muitos alvoreceres, pois era forte, tinha raízes seguras pela terra mãe, enquanto que ela, humana, uma mulher, partiria mais cedo.

Falaram do tempo, das coisas boas e do amor e pediram proteção. Nesse momento o vento soprou forte balançou seus cabelos e os galhos, respondendo o poder e a força que tem esse amor.

O momento mágico e a conversa fluíam com a alegria do reencontro.

O sol ia se pondo. De repente um marimbondo preto passou fazendo um barulho amedrontador como que a expulsando para ir embora, pois já estava ficando tarde e o perigo da volta avizinhava.

Assim, despediu rapidamente da sua eterna amiga e se pôs a retornar. Alcançou a cerca. De lá acenou e abraçou sua árvore toda, inteirinha.

Ana Amelia Guimarães
Enviado por Ana Amelia Guimarães em 10/01/2017
Reeditado em 16/01/2017
Código do texto: T5877826
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