REENCONTRO - PÉ DE JACA
Era o final de tarde de um sábado meio ensolarado.
O vento soprava suave, o mato estava quase verde e não se via ninguém próximo. Somente um pássaro que passava voando, indo e voltando por ela, fazendo um canto com um barulho alto e fino.
Ela resolveu reencontrar seu pé de jaca que há muito tempo não conseguia o ver direito e nem chegar perto, pois a cerca e a plantação de abacaxi a sua volta a impediam.
Andou, andou e alcançou a cerca. Havia um espaço entre o chão e a cerca que deu para passar por baixo. Os pés de abacaxi já não existiam mais e foi fácil chegar à árvore.
Ao poder abraçar sua amiga seus olhos encheram de água. Notou um pedaço grande, grosso e envelhecido desprendido do seu caule principal espalhado pelo chão cheio de galhos e folhas secas.
Mas ela, a Jaqueira estava ali, mais madura, cheia de frutas, algumas quase no ponto de colher, outras verdes e outras brotando.
Abraçou, beijou sua árvore e conversaram. Disse a ela que quando ela se fosse, que a árvore ficasse e não se deixasse abater. Que continuasse sua história por muitos e muitos alvoreceres, pois era forte, tinha raízes seguras pela terra mãe, enquanto que ela, humana, uma mulher, partiria mais cedo.
Falaram do tempo, das coisas boas e do amor e pediram proteção. Nesse momento o vento soprou forte balançou seus cabelos e os galhos, respondendo o poder e a força que tem esse amor.
O momento mágico e a conversa fluíam com a alegria do reencontro.
O sol ia se pondo. De repente um marimbondo preto passou fazendo um barulho amedrontador como que a expulsando para ir embora, pois já estava ficando tarde e o perigo da volta avizinhava.
Assim, despediu rapidamente da sua eterna amiga e se pôs a retornar. Alcançou a cerca. De lá acenou e abraçou sua árvore toda, inteirinha.