Trechos inacabados de livros que não escreverei - I

Estava tedioso esperar naquele aeroporto, a boca de ferro chamava para todas as plataformas e meu vôo nada! É desgastante a ansiedade e o tempo perdido, especialmente hoje está pior do que qualquer outro dia, ver minha chance se esvaindo com os segundos do relógio era torturante. O plano vinha bem até aqui, a mala totalmente despachada já deve estar a caminho da aeronave, os ponteiros giram, minha mente gira, o tambor continua parado, as seis chances ainda estão lá paradas, não haverá outra brecha, preciso que nos chamem logo.

- Atenção passageiros para o vôo 2756, Atenção passageiros para o vôo 2756, comparecer ao portão de ...

O ruído atrapalhara, virei para o lado e informei-me com um companheiro de equipe: - Conseguiu ouvir o portão?

A felicidade dele vinha à tona: -DESEMBARQUE, PEGAR AS MALAS DE VOLTA!

A ansiedade tornou-se nervosismo, minha mala não poderia sair daquele local mas já era tarde demais, quando dei por mim a alça já estava atravessada em meu corpo e o peso do fracasso chegava antes de qualquer outro sentido. Voltaríamos para o hotel, menos um dia de trabalho para nossa equipe, seria louvável se não fosse frustrante, todo planejamento foi por água a baixo. No caminho de volta, dentro da van em meio a comemoração dos caras fui pensando: Check-in; Pesagem; Despachamento; Raio-x e Revista para nada, no momento eu só queria vê-lo e ter certeza que ainda havia uma chance!

De reserva renovada chegava agora em meu quarto no hotel, retirei as luvas que me protegiam do frio e fui abrir minha bagagem, roupas, fone de ouvido, sandália e ele, meu revolver calibre 38!

Continua...

William Devillart
Enviado por William Devillart em 06/01/2017
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