TARDE DEMAIS DE ANO NOVO

Conto de Gustavo do Carmo

Toca o telefone.

— Oi amor. Feliz Ano Novo.

— Agora que você me liga, seu cachorro! É tarde demais!

— Pô, amor. Não consegui ligar na virada. Todas as linhas estavam congestionadas. Esqueceu que todo mundo liga ao mesmo tempo?

— Ligasse depois.

— Então. Estou ligando agora.

— Ligasse por volta da uma da manhã, imbecil! Hoje já é dia 2 de janeiro.

— É que eu cheguei cansado da cobertura do réveillon aqui na Paulista. Caí morto. Chego ao Rio amanhã e a gente vê o amanhecer junto.

— Até pra isso está tarde demais. Amanhã já será o terceiro amanhecer do ano. Quando você chegar vamos ter uma boa conversa, isso sim!

— Então tá, Duadeleine! Passar bem!

Astroberto bate o telefone no gancho. Cinco minutos depois toca o telefone de Duadeleine Regina. Era Feliciana.

— Duda?!

— Oi, Fê?!

— Feliz Ano Novo!

— Pra você também! Mas por que não ligou antes?

— Desculpa. Eu tentei ligar na hora da virada, mas as linhas ficaram congestionadas.

— Ah! Então foi por causa disso que o Beto só conseguiu me ligar hoje.

— Pois é! Eu vou sair para a praia agora com o meu filho. Mais tarde eu ligo para a gente jogar conversa fora. Um beijo e feliz ano novo.

— Feliz ano novo.

Duadeleine ligou de volta para o celular do marido. Uma voz feminina atendeu.

Gustavo do Carmo
Enviado por Gustavo do Carmo em 03/01/2017
Código do texto: T5870517
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