Mãos amigas...

Eu entrelacei suas mãos nas minhas e tentei puxar você para dentro de mim achando que desta forma você nunca mais me deixaria... Eu não consegui te arrastar e te abraçar inteiro... mas consegui te libertar e deixar você escolher entrar sozinho...

É fácil ser uma borboleta quando se rodopia em volta das flores e o vento nos leva de flor em flor em danças tão majestosas ritmando o vento a nos embalar com os sons que ele propaga... Mas quando elas se distraem e se embebedam com tanta beleza, correm o risco de se prenderem em algum galho arredio que chacoalha velozmente e quebra uma de suas asas derrubando-a no chão inerte e a mercê de seus predadores...

Lembro que quebrei minhas asas no encantamento do meu voo e com a beleza das suas palavras... também fiquei inerte, sem me deslocar para nenhum lugar... fiquei recolhida e acabrunhada esperando apenas suas palavras... Os predadores também me rodearam e me espreitaram por algum tempo... então você escolheu me estender as mãos para que eu pousasse em você e pudesse te mostrar o meu carinho... os meus sentimentos...

Simplesmente aconteceu uma reviravolta em volta das nossas vidas e tudo era novo de novo... as minhas palavras... as suas palavras passaram a ter um significado mais profundo e mais calmo... o nosso amor se vestiu de alguma coisa importante que desabrochou dentro de nós e nos uniu com afinidades das quais vão se aflorando cada dia mais...

Agora me sinto uma pipa que escolheu voar nas alturas, sem perder as asas e ficar presa no chão a nenhum galho predador... alcanço voos maiores a cada dia que passa... e do alto das nuvens vejo onde quero pousar... Me sinto como um pássaro em busca de novos horizontes, mas que desce de vez em quando em seu jardim para receber seus carinhos e afagos... As vezes eu até fico um pouquinho mais e me misturo com a dança dos ventos que se aproximam... agora não tenho mais medo, nem da chuva e nem do vento, pois você me ensinou a enfrentá-los...

Posso sentir as quatro estações do ano no mesmo dia e me aproveitar de todas elas com a muita coragem e alegria... Posso hibernar no inverno sem sentir frio... colher e me deliciar com os frutos do outono... abraçar todas as flores da primavera e dividi-las com você... e no final da tarde o sol do verão queimará meu rosto me obrigando a fechar os olhos devagarinho... e quando eu abri-los novamente, terei a certeza de ver você no meio de todos estes sentimentos com suas mãos amigas estendidas em minha direção, segurando as minhas caso eu não consiga aterrizar sozinha sem me ferir...

Regina Luiza
Enviado por Regina Luiza em 30/11/2016
Reeditado em 25/09/2017
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