Só ficou a moldura...

Hoje fechei e tranquei a porta do meu coração e deixei tudo como está... Sei que você também tem a chave da fechadura e poderá abri lo a qualquer hora...quem sabe amanhã... ou depois... ou nunca mais... Fechei os meus olhos enquanto fechava a porta e não quero abri los mais... me recuso a continuar assistindo imóvel tudo se acabar... Sei que o ontem não tem como voltar... e o hoje também não vai acontecer... nada mais volta...

Encontrei você no final de uma estrada da vida onde eu já caminhava sobre as pedras... era uma viagem longa e cheia de saudades... descobri ainda uma dor maior quando soube que esta estrada era apenas de ida... não tinha mais volta...

O tempo não parou no tempo, ele caminhou décadas e um turbilhão de acontecimentos se fez... Olho a parede vazia do meu quarto e penso em moldurar as lembranças que ainda sobraram de você e delas fazer o meu quadro... Preciso ter alguma esperança, uma imagem, um som uma pontinha do nada que restou de você e que ficou guardado em segredo por décadas dentro de mim...

Colocaria seu sorriso do qual eu nunca mais esqueci... colocaria sua voz tão suave de fundo na tela, da qual ela se transformaria em nuvens calmas e infinitas, dando alguma vida a paisagem que a décadas eu já não faço parte dela... Tentei ser o sol, único personagem que poderia brilhar e aquecer as nuvens calmas da sua voz... Mas estas nuvens se encheram de rancor e transformaram se em um vendaval que deu forças e ordem para cobrir o sol e apagá lo para sempre...

Agora este quadro chora... Foi uma escolha sua em ter apagado o sol e transformado as nuvens em lágrimas... não sobrou mais nada... só ficou a moldura... Agora esta tela borrada e irreconhecível também morre... de tanto me ver sofrer ela também quis morrer... nós duas morremos do mesmo abandono....

Regina Luiza
Enviado por Regina Luiza em 29/11/2016
Reeditado em 24/04/2018
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