Cartas de amor
Cartas de amor
A escritora estava diante do fato mais triste de sua vida. A única filha partira logo após o Natal de forma trágica e súbita. Desesperada, desorientada ela não sabia que rumo tomar, o que fazer.
Seu cérebro estava tão cansado de imaginar aventuras românticas, paisagens exóticas, personagens pálidos, que não conseguira absorver o impacto da dura realidade que desabava a sua frente.
De repente lembrou-se de um caderno muito grosso que havia comprado meses atrás. Abriu, olhou as páginas em branco. Certamente as linhas estavam a sua frente aguardando suas primeiras palavras, seus registros de alma. Sua maneira de ver e sentir o mundo através da escrita. Começou a chorar. As lágrimas mancharam as páginas do caderno. Quando mais tarde se acalmou um pouco escreveu para sua filha a primeira das muitas cartas que lhe escreveria ao longo de todos os anos que a solidão iria lhe acompanhar.
Muitos anos depois a escritora veio a falecer. Sua secretária finalmente iria ler o que estava escrito no caderno. Curiosa aproveitou a primeira oportunidade e abriu o Caderno.
Curiosa, ávida para descobrir os segredos da finada, teve uma grande surpresa ao encontrar apenas páginas amareladas pelo tempo e cobertas de manchas. Na última página estava o seguinte texto:
Minha querida filha,
Após tua trágica partida peguei este caderno e numa noite que estava quase sufocada de tanta saudade de ti, chorei muito, minhas lágrimas molharam as páginas deste caderno. Cheguei a imaginar escrever muitas cartas para você. Não consegui, pois mesmo que escrevesse todas as palavras do mundo não seriam suficientes para externar o que sempre senti por ti.
As melhores cartas de amor que escrevi para ti estão gravadas no fundo do meu coração e esse só pertence a ti meu único amor nesta terra, e a Deus que me fez com tão grande imaginação para alegrar os outros mesmo com o coração partido de dor e saudade.
Certamente um dia nos encontraremos e então quem sabe lerás todas as minhas cartas. Beijo-te com amor e carinho.
Tua mãe