TALVEZ ALGUM DIA

Quando se conhece alguém, é importante que esse alguém olhe em seus olhos. É importante também olhar nos olhos do outro.

Já dizia o poeta "Os olhos são o espelho da alma". Isso é real. Pouquíssimas pessoas conseguem mentir olhando em seus olhos. Existem, é claro, os craques da mentira. Aqueles que acreditam nas suas próprias inverdades. É justamente com esse tipo de pessoas que se deve preocupar. Sem paranoia. Sem ... sei lá o quê.

Quando conhecemos pessoas interessantes, que nos fazem cometer erros impensados, loucuras inimagináveis... é bom demais. O maior problema desses encontros é que são passageiros.

Tenho vários amigos e amigas virtuais. Alguns me escrevem suas aventuras e desaventuras para que eu as transforme em um texto poético. É cada história. Histórias de amores verdadeiros que por falta de atrevimento ou mesmo por medo das consequências, não foram adiante.

O que é mais interessante, pasmem mulheres, é que os homens se envolvem muito mais emocionalmente em um caso passageiro do que nós mulheres.

Arthur (nome fictício), disse-me que conheceu uma mulher. E daí? Quantas pessoas conhecem mulheres todos os dias. Mas para ele, essa foi especial. Vamos aos fatos.

O encontro foi ocasional. Na rua. "Resbalou" nela. A bolsa caiu.

- Desculpe-me, - ela disse-lhe, toda sem jeito.

- Eu que lhe peço desculpas. A culpa foi minha.

Nesse instante Arthur olhou a mulher. Os olhos estavam vermelhos. Ela estava chorando. Não era bonita, para dizer: "nossa que mulherão"; era diferente. O sorriso era perfeito. O nariz... apaixonou-se naquele instante.

- Posso te ajudar.

- Obrigada.

Apresentou-se.

- Marina.

- Marina?

- Marina. Só Marina.

- Você esta bem?

- Eu não sei...

- Vem comigo.

Marina acompanhou Arthur sem dizer uma palavra. Simplesmente o acompanhou. A impressão que ele sentia era que ela não tinha noção do que fazia. A primeira reação de uma mulher, como defesa de malandro, era dizer não. Ela não disse nada.

Arthur foi um gentleman. Foram à uma cafeteria. Conversaram sobre tudo. Menos o porquê das lágrimas. Marina era Bacharel em Direito, recém formada. Por que chorava? Naquele momento não importava mesmo.

O interessante dessa história é que Arthur estava caído por ela. Ela o seduzia em cada palavra. Ela sabia o que estava fazendo. Ele queria tudo aquilo.

O jogo de sedução foi perfeito. Em menos de três horas de conversa e de vários cafés, estavam juntos no quarto de hotel de Arthur. Ele queria mostrar pra ela que era bom. Que ele era um homem que valeria a pena investir. Boa pinta, bom papo, bom emprego, bom no sexo. Ele caprichou. Ela também.

Arthur percebeu que algo retraía Marina. Não tocou no assunto. Queria dar liberdade à ela. E deu.

Pela manhã, Marina disse adeus.

- Por quê?

- .....

- Você é casada? Fique, por favor...

Ela sorriu. O sorriso mais lindo que Arthur presenciou na vida.

- Vou te ligar.

- Não ligue, ela disse. Não vale o sacrifício.

- Por quê? Eu quero te conhecer melhor.

- Talvez algum dia. Adeus.

Ela partiu. Partiu o coração de Arthur. Partiu sem nome. Sem história.

Fátima da Silva
Enviado por Fátima da Silva em 15/11/2016
Código do texto: T5824185
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