O Rio e a Rosa.
Era um vez uma Rosa que vivia à beira de um Rio por quem era perdidamente apaixonada.
A pequena Rosa sempre se modificava, uma vez que nunca chegou a criar raízes profundas, já que seu amado Rio, ao passar, lavava consigo parte do solo onde ela estava fincada.
Vez ou outra ela murchava, perdia seu viço e suas pétalas, mas sempre brotava novamente e se abria linda.
O Rio, por sua vez, era impiedoso e continuava a levar a terra sob a rosa. Às vezes o represavam, mas isso nunca aconteceu enquanto a Rosa estava forte, apenas quando ela fenecia.
E chorosa, a Rosa dizia, incansavelmente, ao Rio, debruçada na margem: Não me deixe!...
Mas o Rio, impiedoso seguia seu fluxo, impedido de permanecer junto dela, até que ela, já esgotada, entregou-se, deixou de lutar. Desfaleceu...
Enfim, ficaram juntos, enfim o Rio a carregou em seu leito.
Nesse ponto, o Rio já não é mais o mesmo, nem mesmo a Rosa era a mesma
Ambos já percorreram muitos caminhos . A bela Rosa frondosa murchou e o Rio passou e passou, fez curvas e mais curvas seguindo seu destino.
Acontece que, quando se deseja algo incansavelmente, a vida conspira, passe o tempo que passar, o Rio, hora ou outra, acabará por ter sua Rosa em seu leito.