O azul da estrada...

Os gerânios eram tão azuis que se encontravam com o céu no final da estrada... os paralelepípedos cinzas iam clareando com as sombras de tanto azul do céu e das flores que já nem se sabia mais qual era a sua cor natural... tudo se azulava naquele horizonte infinito de perguntas sem respostas e sem um final concreto e definitivo...

Sentei na beira daquela relva estonteante e me perdi olhando para uma pequena aranha que tecia calada sua teia entrelaçando se nas linhas quase imaginárias e invisíveis aos meus olhos... ela me percebeu e mostrou toda a sua fúria por ser descoberta... parou... e inerte se aprontou para o ataque caso fosse incomodada e para sua própria sobrevivência ela foi se enroscando em suas teias e se emaranhando naqueles fios tão frágeis mas que lhe protegia até das tempestades mais assustadoras... eu fiquei ali pensando o quanto eu me enroscava nas minhas próprias teias invisíveis para todos os que me cercavam, mas visíveis e sufocantes para o meu coração...

Refis meus passos desde aquele primeiro pulsar forte do meu coração até agora... e o que sobrou???.nada que pudesse me dar uma certeza do presente... nada que pudesse me fazer experimentar a liberdade, já que eu me deixei aprisionar por décadas e não sabia agora como me libertar... Impossível acreditar que de todas as minhas lutas para vencer o amor, que de todas as minhas vontades de ser feliz amando foi tudo em vão... nada mais sobrou de uma história tão simples, mas que ficou tão emaranhada como aquela teia de aranha que vi no meio da relva...

Todos perdem quando o amor não vence a guerra... todos voltam para seus destinos perdedores e sem nenhum troféu para recordar... e foi assim que eu voltei... cabisbaixa e com as mãos vazias... E preciso recomeçar... recolher os pedaços espalhados pelo caminho e junta-los em um quebra cabeça, tendo o cuidado de descartar as peças mais dolorosas e montá-lo com as que ainda restam alguma esperança de alegria... mesmo que fique inacabado, ele terá que ser montado outra vez, peça por peça... E quando ele ficar pronto novamente terei o cuidado de completar as peças que faltam com uma nova rotina... e quem sabe um novo amor...

Regina Luiza
Enviado por Regina Luiza em 13/10/2016
Reeditado em 25/11/2016
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