O que ela se tornou
Olhava pela janela, enquanto os pingos de chuva caiam. Estava tão frio, que eu já me sentia congelado. Gostaria que aquela dor que eu sentia também congelasse.
Ela, que sempre foi meu tudo, agora estava lá fora, em algum lugar qualquer. Nada disso é mais do meu interesse.
Sentado de frente para a janela, vendo os pingos caindo, as árvores balançando, o vento batendo em meu rosto. Era tudo tão vazio, tão triste.
Peguei meu violão e tentei tocar aquela música que havia feito para ela.
"Encontrei ela sentada
Naquela calçada
Em uma noite estrelada [...]
A amo desde aquele dia
Quando vi seu sorriso
Quando vi seu olhar
Quando vi que ela era poesia [...]"
As lágrimas caiam, porque já não a encontro mais. Caem porque já não a vejo sentada em uma calçada qualquer, e nenhuma noite parece estrelada. Caem por cima do violão, e eu ainda a amo, ainda amo aquele olhar e aquele sorriso, e eu tinha certeza, ela era poesia, minha melhor poesia, e agora ela é verso triste para essa história sem um final feliz. Ela se transformou em lágrimas.