A menina de papel

A menina de papel, tão inocente, tão frágil. Nada do mundo sabia, tudo nele a encantava. Podia voar deixando o vento a carregar. Sorrisos compartilhava com amigos, de tristezas quase não tinha e de amor, a todos dava um pouco. A menina de papel conheceu um menino de papel, nele viu encanto, beleza e assim sentiu um amor verdadeiro. Os dois viveram felizes por anos, se amando, sorrindo. Olhando as estrelas, viajando com o vento. Compartilhando das alegrias e tristezas de um sonho que juravam ser eterno. Pobre menina de papel mal sabia que tudo acabaria. Pobre menina de papel, em uma noite do sonho acordou. Pobre menina de papel, rasgada, deixada aos pedaços e seu coração fora roubado.

A menina de papel agora estava com marcas de seu sofrimento. O tempo passou e sem seu coração foi se tornando uma menina de metal. A menina de metal nada podia sentir, era forte, mas infeliz. Em seu rosto um sorriso forjava, mas em seu coração, mesmo que distante triste e vazio se encontrava. Pobre menina de metal, agora gelada e sem coração. Pobre menina de papel, de nada falava e ninguém percebia. Pobre menina de metal, carregando um peso que a impedia de voar.

A menina de metal no mundo não via mais a mesma beleza. Tudo agora era mais escuro e frio. Suas risadas, sem vontade, seu sorriso, falso, sua alma, em mil pedaços, seu coração, roubado, perdido, partido. Mesmo de metal, e sem emoções ela podia sentir sua dor, sem demonstrar, sem chorar, ninguém sabia de seu sofrimento. Pobre menina de metal, o tempo não para. Pobre menina de metal, ninguém pode ajuda-la. Pobre menina de metal, será que seu menino de papel vai voltar?

Quanto mais tempo passava mais vazia ela ficava. Seus amigos de papel nada podiam entender, seus amigos de metal sabiam que nada havia a se fazer e o vento não podia mais carrega-la. A menina de metal chorava por dentro, lutando, resistindo, mas no fim sucumbindo. Suas lagrimas e lembranças eram as únicas coisa que a machucavam. O que ela poderia fazer? O que ela deveria fazer? Quem poderia a socorrer Seu falso sorriso aos poucos desbotava e seu

corpo, gelado, perdido se encontrava.

A menina de metal estava enferrujando, em seu corpo, as marcas de lagrimas aos poucos se destacavam. Ninguém entendia e nada falavam, não sabiam o que dizer ou ninguém se importava? “Socorro”, era o que ela queria dizer. “Me salvem”, era o que ela queria gritar. “Nada”, era o que ela conseguia falar. Será que ninguém podia ajuda-la?

Enferrujada, gelada, sem mais nenhuma lagrima para derramar, era assim que a menina de metal se encontra. Muito tempo se passou e na escuridão se aprisionou. Ela só queria seu coração de volta, mas nada podia fazer. Emanando escuridão um menino de papel diferente a

encontrou e por algum motivo ele a encantou. “De novo?” se perguntou “Não quero mais sofrer”. “Vá embora” ela gritou e o menino logo se afastou. Era demais para ela, mais um menino de papel em sua vida seria horrível. Nada mais lhe restava além de sua alma e corpo

agora, se perdesse um dos dois, sua vida se apagaria.

No outro dia ele voltou, e consigo um fosforo trazia. A menina de metal logo perguntou, “Porque voltou, e trazendo um fosforo. Disse para você ir embora”. E o menino de papel com um sorriso afirmou “está muito escuro aqui, vim lhe dar um pouco de luz”. A menina de metal prometeu não amar novamente e aquele menino de papel começou a estragar seus planos. “eu não quero, vá embora, me deixe em paz” o sorriso do menino desapareceu e triste foi embora.

Novamente aquele menino de papel voltou e agora em sua mão havia uma vela. “Está maluco? Vai se queimar” logo ela falou. “Não me importo, eu tenho cuidado” o menino respondeu. “Se um fósforo é fraco uma vela deve funcionar. Me conte, porque se esconde nessa escuridão?” A menina de metal confusa ficou, devia contar ou guardar para si, ninguém nunca havia a questionado e agora um menino desconhecido parecia se preocupar. “Não posso, desculpe,

por favor vá embora.” O menino assim se foi e a menina, ainda em duvida, trincou.

Era a quarta vez e agora uma tocha o menino trazia. “Está louco? Vai se matar desse jeito,apague essa tocha e vá embora” a menina preocupada gritou. “Não posso e não quero, vou iluminar esse seu caminho.” A menina não aguentava, seu corpo trincava e a machucava, as dores do passado logo voltavam. “Saia por favor, não quero mais sentir dor.” E mais um dia se passou e o menino de papel insatisfeito ia embora. Seu corpo agora parecia queimar.

Na quinta vez, o menino de papel nada trazia. “Dessa vez não tenho nada para te oferecer, apenas três perguntas a fazer: por que tanta tristeza? Por que tanta frieza? Por que me mandas

embora todos os dias?” A menina sentindo dores e o ardor em seu copo lhe disse “Meu coração foi roubado e meu corpo se tornou metálico. Ele era assim como você um menino de papel, que mentiu, me traiu, dizendo me amar.”. “Isso é muito triste, eu entendo sua dor, mas

olhe aqui em meu peito.” O coração do menino era todo remendado, rasgado e machucado, mas sua cor era de um vermelho brilhante, intenso e lindo. A menina assustada logo perguntou “O que aconteceu, por que seu coração é assim?”. “Porque assim como você eu perdi a minha amada, mas a culpa foi minha, fui tolo, errei muito, e no fim acabei abandonado.”. “É uma pena, sinto muito, mas ele é tão bonito, tão brilhante, como você consegue?”. “Realmente, ele é todo remendado com marcas do passado, mas essas marcas não são algo para se envergonhar, mas sim se inspirar, cometi erros e devo ser forte agora.”. “E por que voltou todos esses dias mesmo eu mandando você embora cruelmente?”. “Porque em nenhuma das vezes

você me disse para deixar de voltar”. A menina de metal começou a rachar, sua dor ficava intensa mas a escuridão ficava mais amena. “Eu conheço esse vazio, já fiquei preso nele, eu sabia que devia te ajudar. Você queria ajuda mas ninguém podia ouvir, eu seu como é esse

triste sentimento.” “Obrigada, mas é inútil, não tenho mais coração, nada posso sentir além do vazio.” “Não tem problema, aqui, pegue ele é seu.” O menino pegou seu coração e no meio o rasgou, oferecendo uma metade para a menina de metal. “Mas o que você fez, esse é seu

coração.” “Se você quiser pode ficar, eu ainda tenho metade.” O menino colocou a metade no peito dela e lagrimas começaram a desabar de seus olhos “Por favor, não isso só vai nos machucar. Estou toda trincada, meu corpo parece queimar, pare, eu imploro.” Mas era tarde, ao terminar a frase seu corpo se quebrou, completamente, não havia mais metal ou escuridão, agora a menina de metal havia se tornado uma menina de papel novamente. “O metal era uma armadura, você criou para se proteger, mas era isso o que a machucava. Desculpe, mas era necessário.” “Eu agradeço muito, você foi o único que me ouviu, o único que se importou, mas nada tenho a te oferecer, me desculpe.” “Não preciso de nada além de uma promessa, fique ao meu lado para juntos voarmos.” o menino de papel pegou suas mãos e a deu um beijo, era diferente, era quente e macio, confortante, como se fosse o primeiro beijo da menina de papel. “obrigada, muito obrigada, eternamente ao seu lado ficarei. Eu o amo” “ E para sempre seu serei, meu coração lhe pertence agora. Eu a amo.” Dizendo essas palavras o vento levou os dois juntos pelos céus e lá os dois desapareceram, vento se tornaram, e juntos voam pela eternidade.

Kurow
Enviado por Kurow em 11/09/2016
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