Nota de agenda
Houve um tempo, em que ela estava tão perdida que não havia bússola, mapa ou GPS que a mostrasse o caminho. Houve um tempo em que até mesmo um lençol se esgotava em suas lágrimas, tristeza, coração quebrado... mais uma vez. Houve um tempo em que ela só queria uma grande barra de chocolate e uma cama quentinha no frio, um lugar seguro, onde ela podia ser quem quisesse e não seria julgada. Houve um tempo em que ela não conseguia mais imaginar os tais príncipes em cavalos brancos, bravos guerreiros de armadura, vindo em busca do seu amor, pois apenas homens, aqueles iguais a todos os outros, lhe vinham a mente. Houve um tempo em que ela jogou a toalha e falou pra si mesma que não tentaria mais, que não queria mais sofrer e que agora cada um seria apenas uma aventura, uma paixão de momento.
E foi nesse tempo, em que ele se abaixou e pegou a toalha, sorriu mostrando lindas covinhas na bochecha e pediu uma chance. E desse tempo em diante, ela percebeu que o rumo a tomar não precisava de ajuda, que o seu coração sabia indicar sem nem a ajuda de mapa astral. Foi com o tempo que ela sentiu que lágrimas podiam ser boas, que elas demonstravam às vezes o medo de perdê-lo, ou que os gestos dele eram tão lindos que a sua alegria transbordava em forma de pequenas gotinhas de água que acariciavam seu rosto. Dando tempo ao tempo que ela notou que o chocolate era mais gostoso se dividido, e cama? Ainda melhor se ele estivesse junto abraçando-a, aqueles braços entrelaçados eram o mais seguro lugar no qual se podia estar. E aprendendo com as experiências do tempo já vivido que ela abriu os olhos para notar como era forte, tão forte que era por sua escolha que se entregaria de corpo e alma ao amor e que nenhum de todos os vários príncipes que ela havia imaginado, chegavam aos pés do presente que a vida lhe deu.