RASTRO DE SANGUE

Eu observava ele seguindo com olhar curioso o rastro de sangue pela calçada,

Eu o contemplava entre as folhas de um verde jardim em frente à praia,

Ele seguia espantado com tanto sangue, e revelava em seu semblante a preocupação,

A procura de um cadáver, ele seguia lentamente pelo caminho molhado de vermelho,

Cada vez mais próximo...

Assustado, constatou que o rastro acabava onde eu começava,

Questionou de quem era o sangue em minha mão, quem eu havia ferido,

Senti em seu olhar a condenação, antes de saber os motivos,

Olhei em seus olhos, busquei minha respiração,

Levei minha mão até a dele e a conduzi ao meu peito,

Ele sentiu sua mão esquentar no sangue que escorria de mim,

Sem reação, ele só me ouvia falar,

Eram as histórias das esquinas da solidão,

Que em troca de felicidade eu recebia muitos arranhões,

Rapidamente o sangue que começou a brotar, virou hemorragia.

- Se me perguntar por onde andei, confesso não consigo nem falar,

Fui procurar o que nunca tive e nunca perdi,

Tentei achar alguém que me explicasse o que era amar,

E não conseguia mais achar o caminho para voltar em mim,

E assim cheguei aqui, um corpo quase sem sangue,

Mas não se espante, não existe mais dor para sentir,

Eu já anestesiei, em alguns minutos irei apagar,

Se te perguntarem, diga que o crime que cometi foi acreditar,

Que existia um “era uma vez...” onde eu viveria feliz,

Está tudo bem, ainda consigo fechar os olhos e imaginar,

E enquanto o sangue vai acabando, vou sonhar com a luz,

Que um dia busquei encontrar em um abraço,

Mas eu me sufoquei neste veneno,

De tanto querer sentir amor, de tanto querer entregar o amar...

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 25/08/2016
Código do texto: T5739984
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