Proposta em Vias de Fato 22-A Viagem(continuação)

Voltou para sala onde existia o piano. Estavam aguardando-a para o jantar que seria servido somente para ela e Oziel; os pais haviam antecipado a janta servida ao cônsul do planeta Marte. Quando todos avistaram a moça aproximando, recepcionaram sua chegada com a festa da admiração:”Linda! Estupenda! Menina que de criança restou somente o sorriso! está uma bela mulher, encantadora nesta roupa! Disse finalmente Sr. Sheidi.

Lídia foi amparada no cortejo por Oziel, que aproximou oferecendo sua mão para conduzi-la até o salão oval, era o recinto das refeições. Mesa posta para duas pessoas, os demais lugares havia sobre a mesa cálices, todos burilados em desenhos magníficos; seriam servidos neles bebidas aos que não participariam da janta.

Acomodaram nas cadeiras, Oziel ao lado de Lidia. Em frente, do outro lado da imensa mesa, Sr. Sheidi e dona Dousa, eram os que Lidia conhecia, os demais até então não tinham aparecido em cena. No lado extremo direito da mesa, e de Lidia, sentou o ancião que por reiteradas vezes surgiu no sonho anteriormente, seja no início da experiência, e naquela biblioteca, com quem havia comunicado algumas máximas pela via subliminar. Estava como sempre com a expressão serena-penetrante do homem sábio, durante a refeição não bebeu, nem alimentou com o casal, somente respondendo com sorrisos às falas dirigidas a ele, vez ou outra mantendo o semblante como quem fazia meditação analítica da ocasião.

O interessante que Lídia não manifestou interesse em nenhum momento saber mais do que foi apresentado a ela sobre o sábio. Pareciam tão íntimos! Como acontece com pessoas que nunca se encontraram anteriormente, que entregam à espontaneidade da naturalidade de um diálogo informal. Com ele estava acontecendo isso.

Lídia manteve espírito descontraído mesmo sob as circunstâncias e pessoas que não era parte de sua rotina. Saiu, fez aquela pergunta que nem ela esperava, no improviso, deve ter sido a coragem que brotou depois de ter ingerido um cálice de uma bebida parecida com o uísque, contudo, com gosto cítrico parecendo ter mistura do limão e da laranja. Olhou para dona Dousa, e perguntou:

____ Que história é esta, dona Dousa, o fato da senhora ser mãe “ancestraclônica” de Oziel? Isso bagunçou minha mente!

Nada habilidosa, parecia pergunta de adolescente em aula de filosofia quando o professor em meio a arte do chamado aos alunos para o debate reflexivo, um deles traz pergunta que pega o professor de “supetão”.

Dona Dousa olhou para o sábio, que pareceu ter autorizado a fala dela acenando afirmativamente. Respondeu:

____Sou uma entre a maioria dos homens e das mulheres deste mundo que permitiu ser ajeitada no código genético. Guerras, doenças, além das emoções conflituosas, angústias das mais variadas que consciente ou inconscientemente provocamos em nós, prejudicou o campo emocional onde todos habitam, lugar que buscamos a matéria prima para a consciência refazer-se diariamente em corpo e ações. Apesar de estarmos em momento único na capacidade de manter a saúde emocional saudável, em tempos idos descuidamos deste detalhe, e daí a herança genética que portávamos tornou insuficiente para manter as gerações que sucediam na habilitação das posteriores manterem-se sãs o suficiente para gerarem filhos medianos em qualidades física e mental hábeis a permitirem a evolução do grupo nos caminhos da arte, ciência e espiritualidade, a raça estava doente.

Continuou:

____ Nossos estudiosos, cientistas preocupados com a questão, em consenso estabelecerão códigos rigorosíssimo para atuarem no campo da engenharia genética e como que utilizando um “apagador quântico”, deletaram alguns estragos em nós. Sou uma mistura de ancestralidade genética genuína e algumas “recauchutagens externas”, por isso digo que sou mãe ancestraclônica de Oziel. Além do que, Sheidi tem mais 30 mulheres, vive cada uma em sua residência, assim individualizo minha identidade como sua esposa e mãe de seu filho.

Lídia acabou bebendo o restante do contido no cálice, a mulher falava em cômodo de sua casa que apesar de desconhecê-lo soava ser também frágil como o dela. Poxa! Pensou...”Concluo que o probabilismo que a física quântica vive na terra, aqui virou exata,o caminho dos meus irmãos não está tomado de modo distorcido. Será que chegarão nessa excelência?Ou melhor, até que ponto este povo chegou em um estado sem margem de erro, mexendo em campo tão delicado como este? O Supremo, “Deus”, aqui definitivamente revelou melhor sua face dando liberdade à criatura que desenhou e deu vida, cedendo poder equiparado ao seu?

Afinal, que linha limítrofe separa a fonte Imorredoura da criação? Existiria um “Deus” compassivo em deixar ao arbítrio do homem em mexer no seu próprio centro?Seríamos totalmente passíveis de sermos remodelados em essência? O absurdo naquele contexto era natural.

A terráquea recordou de uma palestra ministrada por um monge oriental em uma de suas andanças pela vida. Quando foi perguntado a ele o que considerava ser herança genética de uma pessoa por um dos presentes, respondeu:

___Como se fosse vitrine de shopping, temos as lembranças impregnadas em nosso interior expostas como vitrine de loja, ou como preferirem, guardadas em gavetas. Ficam disponíveis para o uso ou não.

Naquele mundo o problema era o mesmo, a danada da mente e a consciência tendo que administrar pela esperteza do desapego os dois mundo, interno(com as “vitrines” expondo a herança genética que um dia foi consciência), e externo(o agora pronto para ser repaginado), que segundo a fala dos homens e a mulher daquele mundo, estavam aparelhados em mecanismos hábeis a manterem a consciência e a mente saudáveis, tudo pelo campo emocional vitalizado.

Lembrou ainda do sábio oriental dizer:

___A percepção consciente, que é feita pela cuidadosa observação da mente, torna possível ver a consciência como sendo uma sequência de momentos conscientes em vez de uma linha contínua de um auto-consciência(ela não é sozinha por si somente). Cada momento é a experiência de um estado mental específico. Citou o exemplo:” quando vejo uma rosa, neste estado mental tem as impressões contidas na vitrine sobre a rosa: um pensamento, uma memória, uma percepção, uma sensação.

Um estado mental nasce, existe e, sendo impermanente, cessa dando lugar ao próximo estado mental que surgir. Disse ainda que a consciência do ser humano pode ser entendida como uma série de nascimentos e mortes destes estados mentais e que o ser humano tem condições de resolver seus problemas emocionais mais profundo pelo simples ato de observar o funcionamento da mente, que pula como macaco tentando dar lógica e fixação na emoção que mais destaca pela rotina de sua afirmação diária na mente, a exemplo: a pessoa quer manter convencida de que é triste, vítima, pobre, excluída, seja em parceria das pessoas que convive ou por ela mesma.

Depois de tantas novidades conhecidas por Lídia tinha esquecido de quem era na terra: engenheira, azarada no amor, aluna de dança de música flamenca; será que estava em contato com outras “vitrines”? ou ocupando novos cômodos de sua casa? Seria possível um dia libertar-se da insegurança?das angústias? Da ansiedade provinda da falta de respostas às perguntas mais delicadas?da falta do afeto? da solidão? do risco de continuar sozinha sem o grande amor? do fato de ainda não estar resolvida no fato de ser mãe... será que seria um dia mãe de corpo, mente, e de fala sincera?, que herança emocional negativa que portava que obstruía a vontade genuína de expressar o dom da maternidade?

Aquela mulher continuou falando de suas verdades e experiências, inclusive salientando que estavam na melhor época do esforço das individualidades saber lidar com os próprios medos, administrando melhor a solidão, harmonizando o contato interpessoal. Lídia passou enxergar somente o gesticular da boca dela, não queria saber mais. Passou fazer prova em si que saber demais provoca náusea. Chega!!!pensou, não preciso disso. Até aqui foi festa o alimentar da Alma que estava faminta de respostas significativas, mesmo que foram respondidas pela via transversal.

Doravante será estoque de comida, expondo ao risco de quando tiver necessidade do sustento dela, estarem estragadas.

Oziel falou ao seu ouvido:

___Vamos até o jardim?

Levantaram à francesa, e saíram.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 13/08/2016
Reeditado em 13/08/2016
Código do texto: T5727133
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