ETERNO BREVE MOMENTO

PARTE III
Se não foi da intenção dela, certamente me perdoou. O nosso relacionamento continuou sendo o mesmo depois daquele nosso encontro lá em casa.
E se tiver sido da intenção dela? Bem, acho que venceu a vontade ou teria me beijado só por curiosidade.
Confesso que me apaixonei por Irmã Cristiny. Não consigo esquecê-la. Aqueles olhos verdes e aquele rosto cálido, eu os amo.
Faço questão de ir a todas as reuniões em que ela está.
_Poxa mãe. Onde está a calça jeans? Não posso chegar atrasado.
Falei um pouco irritado com minha mãe que não tem culpa da minha ansiedade para chegar cedo à reunião só para conversar amistosamente com Irmã Cristiny.
Às vezes me pergunto se ela não já percebeu essa minha paixão. Eu jamais lhe revelaria como algumas moças que ficam a fim de seminaristas e padres lhes revelam.
Interessante é que sempre se escrevem, nos romances, casos de moças, ou mulheres, com padres. Lembro-me agora de “O Crime do Padre Amaro” do Eça de Queirós, que eu pensava que fosse mulher por causa do Eça. Ainda que eu saiba não escreveram nenhum caso de um rapaz com uma freira. Se eu fosse escritor teria argumentos suficientes para colocar e colorir o meu romance. Argumentos que vão de engraçados a eróticos.
Daria um romance sim. Meu caso é trágico. Fiquei com a dúvida. O beijo dela foi intencional ou não?
Irmã Cristiny foi embora da paróquia de Mutum. Fui com o coração em prantos despedir-me dela. Tive vontade de pedir desculpas pelo beijo sem saber se ele foi roubado, imprevisto ou consentido. Abracei-a fortemente e lhe desejei boa sorte.
_Qualquer dia, Fausto, a gente se encontra. Não permitirei que seja este o último dia que nos veremos face a face.
Fiquei sem fôlego diante da profundidade das palavras dela. Creio que ela falou por falar.
 
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 07/08/2016
Reeditado em 08/08/2016
Código do texto: T5721959
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