Uma mentira repetida mil vezes acaba por se tornar uma verdade. Ou uma verdade quando repetida muitas vezes acaba por ser frutos de suspeitas. Não sei bem certo a associação entre estas expressões, mas uma coisa que sei é que todo mundo mente. Talvez você seja senhor de si em grite; “eu nunca menti!”; bom, talvez você nunca tenha cometido uma grande mentira, mas certamente você, em algum momento, da vida já mentiu. Junto com a morte essa é a única certeza que podemos ter: Todos mentem.
Só que voltando a historia de que a mentira repetida várias pode se tornar verdade, eu posso afirmar que muitas vezes isso pode ser verdade. Eu sei que mentira é mentira e não tem o que mude isso, no entanto, a mentira e a verdade são separadas por uma linha tênue que é muito frágil. Essa linha é o receptor da mentira. A mentira torna-se verdade dependendo da habilidade de quem conta ou da falta de habilidade de identifica - lá de quem a recebe.
Quando eu era um pinsuelo ainda, fiz aquilo que já vi muitos fazerem; inventei uma namorada para mim. Quando você vê toda turma se dando bem com o sexo oposto essa é uma das alternativas para não ser considerado o mais fraco. E neste caso você ainda tem uma grande vantagem, pois ao inventar uma mulher você pode a fazer como quiser. Claro que você precisa ter os per no chão, pois caso contrário ninguém acredita, mas com criatividade, uma boa lábia e um pouco de paciência você pode se tornar no centro da inveja alheia, e assim, inventei a minha Muniki, assim mesmo com K , que era para dar mais impacto.
Minha namorada morava numa cidade vizinha, era morena de olhos verde, não muito alta, com um corpo que não fosse nada deslumbrante, mas ao mesmo tempo não fosse nada de se jogar fora, nem magrinha demais e nem fofinha demais, mas foi essa suposta normalidade sem exagero que fez com que a turma toda acreditasse. Várias vezes prometi que iria apresentar ela, mas sempre achava uma boa mentira para contar e adiar este histórico encontro.
O tempo ia passando e eu falava tanto da minha Moniki que estive ao ponto de eu mesmo acreditar que ela existia. Não raro eu estava no meu quarto pensando na minha namorada e o que é muito pior, sentindo saudade daquela que eu nunca tinha visto, mas que fazia parte dos meus sonhos ou da minha imaginação.
Um dia decidi que precisava seguir minha vida e meu relacionamento com Muniki não ia ter futuro, estava convencido que era a hora de dar um ponto final nesta relação que já durava meses. Pedi inclusive a opinião da turma que dizia que eu era louco, que precisava seguir com ela, que ela era linda e tudo mais.
Mas foi num domingo a noite que nosso relacionamento ganhou um novo patamar. Um colega que não sei por que cargas d´agua disse que me viu passeando na praça da cidade vizinha com a Moniki e veio me dar os parabéns pela beleza dela. Eu naquele exato momento estava preparado para contar para minha turma que aquilo tudo era uma loucura, mas aquela nova historia, me fez reforçar ainda mais o meu relacionamento, e agora não era só eu que contava as historias de minha Muniki, mas a turma toda.
Depois daquele dia as coisas mudaram, os guris da turma me respeitavam como o único que tinha uma namorada fixa e linda, as meninas me olhavam diferente como se eu fosse o mais experiente da turma, e desde então passei a ser conselheiro da gurizada.
Quando terminei meu namoro com Muniki, foi por um acaso do destino. Era final do campeonato que a turma estava disputando. Nós perdíamos o jogo por um a zero, e no último minuto tivemos um pênalti a nosso favor. Eu fui bater e errei por muito, mas muito mesmo. Como justificativa avisei que tinha terminado com a Moniki e por isso não estava bem psicologicamente, a turma acreditou de boa, e como amigo é para todas as horas, gastaram algum tempo ao meu lado me consolando pelo pênalti e pela bela Moniki. Logo as meninas da turma se disponibilizaram a me consolar, e então não precisei mais da Muniki. Mas ainda hoje a aqueles que perguntam se eu nunca mais a vi, eu apenas respondo, “pra mim a Muniki é passado.”