O primeiro e último dia
Quando a vi, dei meu melhor sorriso, porque ela sempre mereceu tudo de bom. Corri ao seu encontro, e lhe dei um abraço longo, reconfortante, o abraço que tanto esperei poder dar.
Lá estava ela, linda, sorrindo, como se eu fosse digno de seu sorriso mais lindo. Lá estava ela em meus braços. Eu sentia seu calor, seu cheiro, seu rosto no meu ombro.
Ali, imóvel, eu mergulhei nela. Ela era um oceano, e eu mergulhei, observando a beleza do seu interior. Não parecia mais existir tempo, nem espaço, nem nada. Havia só nós, aquela sensação e o melhor abraço que eu já havia recebido.
Enquanto as pessoas passavam ao redor, ela sussurrou no meu ouvido um "fico feliz que esse diz tenha chegado", e eu sorria igual uma criança descobrindo algo novo. Eu havia descobrido-a, havia descobrido seu mundo, a simplicidade daquele olhar. Seus lábios próximos do meu ouvido, aquele ar quente da sua respiração. Você estava tão próxima. Com uma ligeira virada de cabeça, dei o nosso primeiro beijo. Tão de surpresa, tão quente, tão sem igual. Nos beijamos aquele aeroporto barulhento, com pessoas passando ao redor. Nos beijamos e ignoramos o mundo, focando apenas naquele sensação. Ah, aquela sensação!
Então, acordo e me deparo com esse teto escuro, o frio da madrugada, e o vazio de sempre. "Foi só um sonho", penso. Minha mente me leva novamente até aquele dia, e então penso novamente "não, foi uma lembrança". Lembranças dos dias que fui feliz. Encaro esse teto solitário, e penso naquele beijo, naquela sensação, que a muito tempo se congelou.
São só lembranças.
São só as lembranças de um sofredor apaixonado.