Café de recordações
Ela tomava o seu café, sentada em sua cama, com o barulho do vento agitando as cortinas, no fim da tarde. Bebia lentamente o café, não porque estava quente, mas porque se perdeu em recordações. Enquanto o livro descansava aberto em suas pernas, ela se perdia em pensamentos. Deixando seu livro de lado, pensava em como seria tudo diferente se ele não a houvesse abandonado. Com esses pensamentos, ela observou a foto do casamento deles, no criado mudo. Ele todo elegante, de terno e a barba mal feita. Ela de vestido branco, flores vermelhas no cabelo e a alegria em seus olhos e sorriso. Lembrou-se de seus passeios no parque, de mãos dadas e bicicletas ao lado. A leveza do amor tão juvenil. Quando ela acordasse, ele estaria do lado dela observando o seu sono. Quando ele chegasse da caminhada, o café estaria pronto. Ele sairia para trabalhar e lhe daria um beijo apaixonado. À noite, ele chegaria trazendo uma rosa e uma caixa de bombons (os favoritos dela). A beijaria e sussurraria em seu ouvido que a amava muito. Jantaria e depois sentariam no sofá, assistindo um filme romântico, abraçados até às três horas. Enquanto pensava, jogou o livro no chão e caminhou pelo quarto absorvida em suas lembranças. Como seria ótimo ser deitar na cama com ele, ter uma crise de risos e após o silêncio de seus olhos, ele sussurraria em seu ouvido, entre beijos, como ela estava linda e que a amava mais que tudo na vida. Como um amor tão jurado, selado num céu estrelado, pode acabar assim, ser levado pelo vento como um folha no outono? Tudo era maravilhoso. O ruim era que isso era uma ilusão dela. Com ele nunca mais existiria essa vida. Ele deixou isso claro ao lhe dar um beijo na testa, dizer adeus e sair com a mala, levando junto seu coração e a vida.