AMOR SECRETO
Há muito tempo atrás, um jovem casal apaixonou-se perdidamente...
Todavia, suas famílias reprovaram esse romance e relacionamento, e os jovens foram proibidos de se encontrarem, definitivamente.
Época em que nem telefone havia, o único meio de comunicação disponível aos enamorados era por carta, de noite e de dia.
E cartas eles escreviam...
Uma, duas, três vezes, diariamente – até que os pais, secretamente, começaram a interceptá-las, lendo e censurando as missivas antes de aos filhos entregá-las.
Por fim, sentindo sua impotência frente a essa inclemente proibição e vigia, trocaram um último par de correspondências, em forma de poesia.
(Dele para ela):
Eu não te amo mais!
Pensaste que foste a razão do meu viver?
Não acredites nisto, jamais.
É, sim, fato consumado – impossível reverter.
Possa eu todos os dias da minha vida
Permanecer de ti bem distante
Ter-te ao meu lado constante
É dor insuportável, desmedida.
Quando de ti longe fico,
Momento é dos mais felizes
Eu por demais me sacrifico
Ouvir a tudo o que dizes.
O ter nada contigo, exclamo,
Declaro com todo o meu ser
Sequer cheguei a entreter
Que eu verazmente te amo!
Portanto, está acabado
O nosso amor (de verdade)
Isso de ficar de ti afastado
É por toda a eternidade!
O pai da moça, exultante com a notícia que o jovem rapaz tinha (tão categoricamente) desistido de sua filha, foi logo lhe entregar o poema e esperou para ver a sua reação.
A menina não pôde conter as lágrimas...
De pronto escreveu um bilhete, ávida, e entregou-o ao pai dizendo:
"Por favor, agora, faça que esta chegue àquele enganador sem demora!"
(O que ele fez com o maior prazer, após o bilhete da filha ler).
(Dela para ele):
Não mais eu desejo – pura realidade –
Estar contigo na riqueza ou na pobreza
Ficar longe de tua presença, em verdade
É o que mais quero – disso podes ter certeza!
As respectivas famílias estavam jubilantes com as novas – e relaxaram a proibição e vigia, já que estas não mais se mostravam necessárias.
Estranhamente, a partir daquele dia, uma novidade: os dois jovens mostravam-se tão contentes que não conseguiam esconder tamanha e inexplicável felicidade...
O que acontecera com o seu eterno amor, tantas vezes confessado, reiterado em seus fortuitos encontros sob a luz do luar?
Teria sido esmagado pela realidade e sucumbido à pressão familiar?
Que falar das juras e promessas testemunhadas pelos maços de cartas borradas com lágrimas de esperança e dor?
Teria esfriado o amor?
O segredo está nos poemas... Você consegue desvendá-lo?