Outro fim
Ponto final.
Chegou a nossa hora. Vamos comemorar o nada! Pode aplaudir o meu sucesso.
Porque eu percorri todos os seus obstáculos e mesmo cansada cheguei até o fim.
Não foi fácil, não. Ta?! Apesar dos prazeres carnais, houve momentos tristes e dolorosos que eu engoli em silêncio para poupar-lhe de tudo o que você deveria ter me poupado.
Enfim... Dizem que o amor é isso: se dar sem esperar nada em troca. Ponto pra mim.
Mas eu cansei, sabe... Uma hora todo mundo cansa de tudo. Ultrapassado todos os limites, estou cansada há tanto tempo que já cansei de estar cansada. E agora eu só quero descansar!
Não mais a minha alegria no seu peito triste.
Não mais o meu calor na sua frieza. Nada disso.
Minha reminiscência. De novo. Agora. Ponto final. Sem reticências que é para não correr o risco de escorregar em outra vírgula, outra dor, outra noite sem dormir, outro desespero.
Amor tece dor. Amortecedor de tudo o que eu vou carregar sobre nós dois. Bem mais coisas boas que ruins; para falar a verdade, quase nenhuma ruim. Entretanto, lembro-me de ter chorado. Lembro-me de ter pedido socorro. Lembro-me de ter implorado cuidado. Lembro-me de tudo e por isso tive de aprender a esquecer... Esquecendo... Esquecendo... Já não me importa mais saber quem é você.
Recolho a minha vil presença de sua vida. E, sinceramente, pouco me importa se chamará meu nome.
Nunca esperei que me trouxesse café da manhã na cama.
Nunca esperei que me abrisse a porta do carro.
Nunca esperei que me tecesse elogios infindáveis.
Nunca esperei que pagasse o chope gelado.
Nunca esperei que me perguntasse se tomei o anticoncepcional no horário certo.
Nunca esperei...
Nunca esperei nada. Porém vou levando tudo... Toda e qualquer lembrança boa de você.