Relato de um abandono

Achava que tinha o direito de entrar na vida dela, conquistar cada pedaço e ir embora sem dar satisfação, sem dizer um adeus.

Talvez fosse melhor assim, ela não gostava de despedidas, despedidas despedaçam corações e, quase sempre, revelam algo que queremos esconder no nosso mais profundo interior.

Mas, e agora? Lá se foi a pessoa pela qual ela tinha tanto apreço, que conquistava-lhe a cada dia, por maior que fosse a resistência dela. Ela tinha medo de se decepcionar. Por isso, ele sempre a surpreendia, ela nunca esperava nada demais vindo dele, mas ele sempre era demais pra ela. Aparecia repentinamente que fazia seu coração palpitar rapidamente, da calmaria à paixão ligeira, ligava em horas inusitadas só para ouvir sua voz, perguntava-lhe segredos durante um abraço só para sentir seu coração bater mais forte...

E lá foi ele, escapando-lhe dentre as surpresas que a vida reserva.

Por mais prevenida que ela estivesse, a partida dele havia lhe caído como uma facada mortal no peito, mesmo tendo demorado a perceber que ele havia partido, algo lhe dizia que não estava tudo tão bem quanto parecia. Agora ela se sente sem chão, percebeu que ele faz muita falta, sente saudade da voz dele ao telefone, das surpresas que fazia...

Isso é tão comum que chega a dar nojo, perceber a importância de alguém só quando vai embora. Mas é assim que as coisas são... "não valorizou, perdeu".

Mas quem disse que ela não o valorizava? Ela fazia de tudo para amá-lo, para tê-lo por perto, para fazer-lhe companhia, mas, o que isso tudo adiantou? Será que não fosse o suficiente? Será que ele era demais pra ela? Será que ela não merecia? Ou talvez tenha sido ele a perceber que ela era demais pra ele, que o que estava fazendo não era suficiente para ter o seu amor...

Agora ela só pensa no que pode ter feito para ele sumir assim, sem nem dar explicações, agora ela pensa nos erros que cometeu, no que disse demais ou no que deixou de falar que o tenha afastado...

Então ela só chora, para pra refletir e não consegue segurar as lágrimas. Sua cabeça vive sempre tão ocupada, porém, agora, a única coisa que a ocupa são as culpas, que descem pelos olhos em forma de lágrima, que machucam o coração como facada. Apertos e mágoas lhe ferem por ter tantas dúvidas, por não encontrar um motivo convincente que lhe possa consolar.

E ela só recorda-se da dor. Os momentos felizes, quando lhes vêm à memória, fazem rebuliços até no estômago, quiçá no coração.

Entramos na vida das pessoas de repente, o certo é sair como entramos, porque, de qualquer maneira, só perceberemos a diferença quando estivermos fora.

Mais uma vez ele sumiu, assim, de repente. Ela pensou que dessa vez seria diferente. Não, não por culpa dele, ele não a fez nenhuma promessa, era o sentimento dela que a permitia pensar assim, ela ainda tinha esperança no amor, graças a ele, e ele se foi.

Taillany Mesquita
Enviado por Taillany Mesquita em 18/06/2016
Código do texto: T5671131
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