A ausência
Amanheceu. Como de costume ela verifica o celular para ler as mensagens. Passados 4 meses ainda tem a esperança de receber um “Bom dia, bebê” ou “Estou com saudades” daquela pessoa que a distância o roubou dela. Viu que não havia nenhuma mensagem, nem mesmo de outras pessoas. Sentiu-se sozinha como sempre.
Deixou o celular no seu criado-mudo, virou-se na cama e ficou ali por cerca de cinco minutos olhando para o teto e pensando na quantidade de coisas que tinha para fazer, mas que a sua única vontade era ficar ali o dia todo. Sua vida financeira está de mal a pior e em relação a sua vida amorosa, ah... ela só se resume em saudade, e ao pensar nisso seus olhos enchem de lágrimas.
Ela precisava levantar dali. O dia estava lindo lá fora, os raios do sol invadiam seu quarto pela pequena brecha da janela. Sem ânimo algum, ela enxuga as lágrimas e vai lavar o rosto, em seguida liga o chuveiro e deixa aquela água fria cair em seu corpo tentando tirar aquela vontade de voltar para a cama. Vai até o guarda-roupas e tenta encontrar algo que a possa deixar bonita para enfrentar aquele dia da melhor forma possível. Escolhe um vestido preto básico, vai até o espelho e passa um batom da cor vermelha e enfim sorri para si mesma, afinal de contas ela fica linda de vermelho.
Surpreendentemente o celular toca. Era o garoto com o qual havia saído na semana passada. Ele queria vê-la. Afim de espairecer um pouco, ela aceita o convite de ir jantar com ele ás 20h. Já no restaurante eles se cumprimentam com um abraço e um beijo no rosto. Gentilmente ele puxa a cadeira para ela, que sorri ao lembrar que a tempos não é tratada tão bem. No jantar conversam sobre vários assuntos, eles têm muito em comum, desde os objetivos de vida aos gostos de comida. O que a faz pensar que ele seria uma boa pessoa para começar um relacionamento e que pode tirá-la daquela maldita tristeza em quem está há meses. Mas, foi só um pensamento.
Ao final, já do lado de fora e encostados no carro ele a beija, um beijo suave e gostoso que a faz esquecer por alguns segundos todo o caos que há dentro dela. No entanto, seu peito ainda está carregado de dor e saudade, ela não está pronta para uma nova paixão, seu pensamento ainda está voltado ao garoto de risada engraçada por quem se apaixonou perdidamente. Então ela se despede e vai embora. Feliz por ter conseguido suprimir por um momento a dor e o sofrimento presente em sua vida, porém, ainda carregada de dor e lembranças, as quais não consegue apagar de sua memória.
Já deitada em sua cama, ela fica a pensar que talvez não consiga mais gostar de outro alguém, e que vai viver com esse vazio no peito para sempre. Sabe que precisa deixar os pensamentos de lado e seguir em frente, aceitando o fato de que acabou e agora tem que acreditar que é possível se apaixonar por outro sorriso, outro beijo e outro abraço, ou simplesmente apaixonar-se por si mesma, afinal de contas o melhor amor é o amor próprio.