HISTÓRIA DE AMOR

Nenhuma cidade reteve Jacques Felicien dentro das suas fronteiras, nenhuma profissão dentro do seu aborrecimento, nenhuma mulher dentro dos seus braços até ele conhecer Maria Rita. Quanta vida vivida até chegar aos beijos de Maria, chegar a sua simplicidade de pão e de vinho, à sua fina transparência de água cristalina.

E os lábios de Jacques e Maria fizeram fogo que se entregaram a paixão que uniu dois corpos em uma só alma na íntima cerimônia de casamento. E os corações de Jacques e Maria dividiram o pão e o vinho, somaram e realizaram um sonho, um aconchegante bistrô, onde Maria seria a chefe da cozinha e Jacques o gerente.

O bistrô ia bem tanto no almoço como no jantar, o casamento a mil maravilhas. Havia a Cristina uma das duas garçonetes, uma moça bonita de porte elegante, sempre chamava a atenção do Jacques quando preparava o salão para a clientela noturna, ela o fazia cantando com uma voz angelical, e ele sabia distinguir uma voz boa.

Certa noite no bistrô com o jantar em pleno andamento, Jacques pluga um microfone no sistema de som ambiente e convida Cristina para cantar à capela, tomada pela surpresa e discreta timidez, ela não só cantou como encantou a todos. Menos o cliente de todas as noites da mesa 12, ala atendida pela Dira, a outra garçonete do bistrô, ele ficou indiferente a musica, talvez não gostasse da letra pensou Cristina.

Com o sucesso obtido pela garçonete, Jacques repete a dose na noite seguinte, novamente ela canta e encanta a todos, menos o cliente da mesa 12 que pareceu nem notar a musica de tão absorvido na leitura de um livro. Ele um homem charmoso, elegante, bonito aos olhos de Cristina, talvez não gostasse dela, pensou ela entristecida.

Noite após noite Cristina cantava, encantava e a clientela só aumentava, seu salário melhorou, o microfone simples foi substituído por um karaokê system. Mas o cliente da mesa 12 decididamente não gostava dela, assim concluiu Cristina com seu coraçãozinho apertado.

Após chegar a essa conclusão ela ficou atrás do balcão ao lado do Jacques e viu um homem alto se aproximar da mesa 12 e dar um longo e caloroso abraço no cliente. Só então Cristina percebeu com os olhos cheios d' água, que o cliente da mesa 12 era surdo e mudo.

Jacques também ficou com o rosto predisposto a uma lágrima, quando observou a emoção da Cristina em descobrir que jamais sua musica foi ignorada de livre e espontânea vontade. Os dois amigos sentaram-se à mesa 12, jantaram, saborearam a sobremesa, o café e por um bom tempo ficaram lá se comunicando através dos sinais.

No fim do expediente da noite seguinte Jacques presenteia Cristina com um livro, fala que é uma lembrancinha sua e de Maria, ela agradece, diz que vai guardá-lo com muito carinho. Quando Cristina chega a sua casa, lê que e livro ensina a linguagem básica dos sinais para surdos e mudos, ela ficou muito feliz com o presente.

Após pouco tempo caiu às derradeiras sombras da tarde vem à noite bem nascida trazendo a lua cheia, o céu estrelado e o aroma refrescante depois da chuva fina, o clima favorável inspirou Cristina. E ela pede permissão a Jacques para conversar na linguagem de sinais com o cliente da mesa 12 depois de cantar, ele não se opõe.

Quando Cristina se prepara para cantar naquela noite, Jacques diminuiu a luz do salão, menos a do pequeno palco improvisado e a luz acima da mesa 12, imediatamente o cliente olha para ela. Cristina ruborizada pela surpresa explica ao cliente gesticulando com sinais e a todos os demais clientes dizendo que vai cantar à capela uma composição sua, feita para uma pessoa especial e gesticulando começa cantando.

&# Às vezes meio dispersa desse mundo de sandice, fico à sombra submersa. Espreito o seu rosto florente, fino, feliz.

O mundo para por um momento, a beleza te bendiz, os segundos transformam-se em acalento, é o momento você é um poema com poesia.

Eu semente de ilusão sorrindo, mas o mundo insiste e gira sem fantasia ao som do velho e bom twist &#.

O cliente sinalizou “não sem fantasia, mas sim com fantasia” e a convida a sentar junto ele à mesa, seu nome é Pedro, trocam mãos, cruzam olhares, onde vi olhos suaves raiar o sublime amor, semear a cor da paixão com a doçura do mel. No peito fizeram fogo e plantaram raízes profundas em seus corações e uniram anéis no leito.

Misturaram pele, suor e lábios, brilharam de puro prazer e celebraram o perfume e a vida. Repartiram a luz, o vinho e o pão, construíram os mais belos sonhos e adormeceram na madrugada feliz.

Algumas coisas na vida são três pelo preço de uma, e outras como o momento de uma pessoa que escuta com o coração, não tem preço.

Nota do autor: Uma história de amor é um conto de adaptação livre inspirado no filme curta-metragem “Cupidity” de Mark Nunnely.

Midu Gorini
Enviado por Midu Gorini em 18/05/2016
Reeditado em 18/05/2016
Código do texto: T5639157
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