A ÚLTIMA GAVETA
O período de luto oficial terminara, mas o luto emocional ainda vivia em seu coração, e fazia com que ela adiasse aquele momento.
Mabel permanecia parada rente a cômoda antiga, sem coragem para abrir nenhuma das gavetas do móvel.
Depois de respirar fundo, num impulso, escolheu abrir a última gaveta. De dentro escapou um perfume de lavanda que impregnou todo ambiente. Imediatamente a saudade se fez presente, e as lágrimas brotaram nos olhos de Mabel, feito botões de rosas na primavera.
Ela pousou seus dedos, sobre as blusas macias, os casacos de lã, caprichosamente arrumados, dentro da gaveta. Sem pressa, foi tirando peça por peça, cada uma delas, despertava cara lembrança da mãe tão querida.
A última peça que descansava no fundo da gaveta, era uma malha de tricô, Mabel pegou-a com delicadeza, a blusa tinha a cor do poente, e havia sido tricotada por sua mãe. Ao trazê-la de encontro ao rosto, algo caiu rente aos pés de Mabel, curiosa ela abaixou-se para pegar, e deparou-se com um grande envelope de cor parda. Sentou-se na cama de casal da mãe, para abrir o pacote, e logo um maço de cartas envelhecidas, atadas por um laço de fita, surgiu à sua frente.
Os dedos de Mabel passeavam com ansiedade por sobre o laço, sem saber se devia soltá-lo.
Uma sensação estranha tomou conta dela, e com as mãos trêmulas, desatou a fita, e abriu a primeira carta. Em poucos minutos viu que estava diante de uma história de amor.
Perplexa, Mabel abriu a segunda, a terceira, e por fim havia lido dezenas de cartas, e todas elas revelavam um sentimento imenso, compartilhado por dois corações.
Mabel recostou-se nos travesseiros da cama de sua mãe, para melhor processar o conteúdo da descoberta que sem querer, ela acabara de fazer.
Em meio as cartas, havia uma fotografia em tom sépia, nela se via um garboso jovem de olhar tristonho. No verso da foto uma dedicatória apaixonada, endereçada a Anna, mãe de Mabel.
O dia já se despedia, e a noite pintava com cores escuras as janelas do quarto, Mabel esticou a mão direita e acendeu o abajur, acomodado sobre a mesinha de cabeceira, e ficou ali pensando em como sua mãe conseguiu guardar um segredo tão grande assim, e continuar vivendo.
Theodoro, chamava-se o belo e apaixonado jovem da foto.
E o amor dele e de sua mãe, não pode ser vivido, pela força do preconceito. Sua mãe vinha de uma família humilde, de agricultores, enquanto que Theodoro era fruto de uma família tradicional, poderosa e rica.
Uma das cartas havia feito a alma de Mabel estremecer. O amor apaixonado dos dois jovens, rendera um fruto, Anna engravidara, e quando a família do promissor advogado Theodoro soube, mandou o filho para a Europa, sem passagem de volta.
A data da carta, não deixava dúvidas, ela não era filha do homem gentil que ela conheceu e chamou de pai, enquanto ele viveu.
Ela era o fruto daquele amor proibido por uma sociedade conservadora e preconceituosa.
Sua mãe morrera sem contar-lhe a verdade, mas com certeza queria que ela viesse a saber, pois, deixou aquele maço de cartas no fundo da última gaveta.
(Imagem: Lenapena)
O período de luto oficial terminara, mas o luto emocional ainda vivia em seu coração, e fazia com que ela adiasse aquele momento.
Mabel permanecia parada rente a cômoda antiga, sem coragem para abrir nenhuma das gavetas do móvel.
Depois de respirar fundo, num impulso, escolheu abrir a última gaveta. De dentro escapou um perfume de lavanda que impregnou todo ambiente. Imediatamente a saudade se fez presente, e as lágrimas brotaram nos olhos de Mabel, feito botões de rosas na primavera.
Ela pousou seus dedos, sobre as blusas macias, os casacos de lã, caprichosamente arrumados, dentro da gaveta. Sem pressa, foi tirando peça por peça, cada uma delas, despertava cara lembrança da mãe tão querida.
A última peça que descansava no fundo da gaveta, era uma malha de tricô, Mabel pegou-a com delicadeza, a blusa tinha a cor do poente, e havia sido tricotada por sua mãe. Ao trazê-la de encontro ao rosto, algo caiu rente aos pés de Mabel, curiosa ela abaixou-se para pegar, e deparou-se com um grande envelope de cor parda. Sentou-se na cama de casal da mãe, para abrir o pacote, e logo um maço de cartas envelhecidas, atadas por um laço de fita, surgiu à sua frente.
Os dedos de Mabel passeavam com ansiedade por sobre o laço, sem saber se devia soltá-lo.
Uma sensação estranha tomou conta dela, e com as mãos trêmulas, desatou a fita, e abriu a primeira carta. Em poucos minutos viu que estava diante de uma história de amor.
Perplexa, Mabel abriu a segunda, a terceira, e por fim havia lido dezenas de cartas, e todas elas revelavam um sentimento imenso, compartilhado por dois corações.
Mabel recostou-se nos travesseiros da cama de sua mãe, para melhor processar o conteúdo da descoberta que sem querer, ela acabara de fazer.
Em meio as cartas, havia uma fotografia em tom sépia, nela se via um garboso jovem de olhar tristonho. No verso da foto uma dedicatória apaixonada, endereçada a Anna, mãe de Mabel.
O dia já se despedia, e a noite pintava com cores escuras as janelas do quarto, Mabel esticou a mão direita e acendeu o abajur, acomodado sobre a mesinha de cabeceira, e ficou ali pensando em como sua mãe conseguiu guardar um segredo tão grande assim, e continuar vivendo.
Theodoro, chamava-se o belo e apaixonado jovem da foto.
E o amor dele e de sua mãe, não pode ser vivido, pela força do preconceito. Sua mãe vinha de uma família humilde, de agricultores, enquanto que Theodoro era fruto de uma família tradicional, poderosa e rica.
Uma das cartas havia feito a alma de Mabel estremecer. O amor apaixonado dos dois jovens, rendera um fruto, Anna engravidara, e quando a família do promissor advogado Theodoro soube, mandou o filho para a Europa, sem passagem de volta.
A data da carta, não deixava dúvidas, ela não era filha do homem gentil que ela conheceu e chamou de pai, enquanto ele viveu.
Ela era o fruto daquele amor proibido por uma sociedade conservadora e preconceituosa.
Sua mãe morrera sem contar-lhe a verdade, mas com certeza queria que ela viesse a saber, pois, deixou aquele maço de cartas no fundo da última gaveta.
(Imagem: Lenapena)