AO BATER NA PORTA

Eu não o aguardava, era uma visita inesperada, na maior parte das vezes vivia só. Bom não sei muito ao certo como me sentia antes deste episódio, mais isto não é relevante, o que eu quero contar, foi sobre o encontro inesperado.

Bateu em minha porta sem ao menos o conhecer, não tinha ideia alguma de quem era, mas o estranho que havia o pressentimento de já te visto antes, mesmo como um pequeno lapso de memória, eu era recluso, não que eu me afastasse das pessoas ou não me envolvesse socialmente, mas preferia ausência de contatos desnecessários, algumas pessoas próximas pelo convívio me chamavam de um codinome amigo mesmo que eu não achasse uma associação certa a minha pessoa, não era meu nome nem ao menos um apelido .

Já tive alguns relacionamentos que não chegaram a expor alguma significação maior, talvez à exigência da acentuação do eu na primeira pessoa dispensasse laços mais afetivos.

É talvez seja por toda esta questão sobre minha maneira de agir perante outro, que me veio o espanto de vir um desconhecido chegar com tanta intimidade em minha casa , não encontrei força alguma para tira-lo ou expulsa-lo da frente da minha porta, pelo contrario como algum tipo de força hipnótica ele dominava meus instintos mais íntimos, e me fez ter uma ação totalmente contraditória do habitual,mesmo sem vontade o convidei a entrar, talvez a surpresa em querer saber do que se tratava, pura curiosidade e nada mais!

Pela suavidade que apresentava em sua face ,não me trouxe medo algum , parecia se tratar de uma sensibilidade sem igual, e o que me vinha em pensamento era apenas esta certeza.

Por fim estava ali sem dizer uma palavra, parecia sorrir para mim um sorriso tímido, de quem quer dizer alguma coisa que eu já tinha conhecimento, como aqueles cartões de aniversários que antes de abrir já sabemos seu conteúdo, sempre e o mesmo texto de felicitações e vida prospera, mas ele estava errado,desta vez não fazia ideia o que continha atrás daquele rosto de felicidade comedida, mas aquele sorriso era definitivamente conquistador ,ao ponto de me deixar com uma grande timidez, por parecer ler a minha mente e estar adivinhando o que eu pensava sem eu pronunciar uma palavra sequer.

Fitou-me bem nos olhos se aproximou de uma forma que ninguém havia aproximado antes, me desnudou a alma por completo, ao ponto de me congelar, me deixou naquele estado estático, sem qualquer tipo de reação brusca da minha parte, e sem pedir licença atreveu e me abraçar tão forte que eu não consegui discernir se este aperto vinha de fora ou de dentro.

Senti-me feliz,numa alegria sem igual, mas ainda havia uma duvida quem era ele? Como parecia saber tanto sobre mim?Ainda mais meu endereço!

Daquela abrupta e repentina aproximação e mesmo sem conseguir exercer meus movimentos concretamente consegui apenas mexer a minha boca, e por estar tão próximo de sua face,num sussurrar consegui perguntar seu nome e porque veio me procurar?

Foi onde me respondeu no mesmo tom suave, bem ao pé do ouvido;

Meu nome e Amor!

E continuou a falar com certa autoridade, mas em um tom simplório!

Costumo chegar sem hora marcada e nem mesmo avisar, apenas tenho a educação de bater a porta, não sou nenhum desconhecido apenas muitos como você não se lembram, porque me apresento de varias formas em algumas situações da vida até bem remotas, e pela falta de contato ao longo do tempo mudamos bastante e parecemos desconhecer um ao outro!

Calei-me em forma de concordância, não tinha que dizer mais nada, tive o cuidado de fechar a porta e o deixei ficar, a atitude que mais me impressionou foi eu ter trancado a porta após ele entrar, talvez por medo dele ir embora da mesma forma que chegou sem aviso algum!

A propósito depois daquela súbita visita há um bom tempo moramos juntos!

Do meu Livro (Escultor de Frases)

Uma resposta para o Mundo

(George Loez)

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