Quiçá, eu - PaoT
De uma manhã para outra, você simplesmente desapareceu.
Acordei naquela manhã ensolarada, como num dia qualquer, iria me espreguiçar e te cutucaria com meus pés, te acordando, para ouvir reclamar em palavras inaudíveis, antes de dormecer de novo só para ser acordado por ti e seus intensos olhos castanhos, mas tudo que encontrei foi um lado estranhamente arrumado e vazio.
Me deparei com um monstruoso silêncio, andei por todos os cômodos, ainda atônito com o fato de você não ter simplesmente sumido, mas não havia nenhum resquício seu ali, seus mimos que gostava de trazer, alguns fios de cabelos que insistiam a escapar das suas longas e negras madeixas, uns dos seus favoritos perfumes que acabara deixando no meu apartamento, corri para meu celular e ver se me deparava com alguma mensagem, mas parecia que você nunca esteve, nenhuma mensagem, ligação, nomes, nada.
Todos meus contatos e redes sociais que fiz junto contigo estavam lá, mas em incontáveis textos, marcações e fotos, todos estavam lá, menos você. Minha respiração acelerava e acabava por procurar em mesmos lugares por qualquer mínimo detalhe de sua existência, alguma peça de roupa perdida, algum anel, qualquer coisa esquecida para provar a minha mente, agora ensandecida, que você esteve aqui, que você realmente existiu.
Cheguei a ligar para nossos contatos em comum, acharam que estava de brincadeira ou pregando uma peça, afinal acabaram sendo apenas meus contatos, abri meu armário com fotos nossas de diversos lugares que passamos, e o que encontrei foram fotos minhas em uma infinidade de lugares.
Sentei na ponta da minha cama, "nossa" primeira fotos juntos numa mão,na qual agora estava apenas a minha figura nela, celular na outra, grudado em meu ouvido, ligando para o teu número que sabia de cor e salteado, e lágrimas rolavam pelo meu rosto, se perdiam na minha barba e começava a pingar no chão, a cada vez que ouvia que aquele que eu discava não existia.
Depois de dias sem dormir, buscando sozinho por ti, sentei na cadeira da sala de jantar e simplesmente apaguei, com o sono vieram as memórias (ou seria tudo apenas sonho?) de tudo que passou, cada gesto, cada sorriso, a cor de seus olhos castanhos, que tinham seu tom de mel acentuado pela luz, seus lábios vermelhos, graças ao seu batom, mas mesmo sem esse seu fiel escudeiro teimavam em ficar rosados, seu toque...seu cheiro, todas as lutas, sendo derrotas ou vitórias....A cada manhã que acordava, respirava fundo, demorava para abrir os olhos, na esperança de te encontrar, mas você não estava lá....eu iria te amar ou te esquecer?
Numa manhã chuvosa qualquer, respirava fundo perdido nas cobertas, me deparando com um par de olhos amarelos me encarando de modo inquisitório...quem eu queria? Seria uma voz com timbre diferente do teu? Cabelos ou olhos opostos do que estava acostumado...carinhos diferentes, mais compreensão, menos compreensão, mais risos, mais lágrimas, mais brigas, mais abraços, mais......tempo.....
Sua voz, o teu cheiro, o teu abraço, meu desejo...eu nunca esqueci
Acordei numa manhã de sol , procurei do teu lado da cama e você não estava lá, eu iria te amar ou te esquecer?
Com o tempo abraços me envolveram, lábios me beijaram, pernas se entrelaçaram, gestos enlouqueceram, laços se formaram, amores apareceram...
Eu iria te amar ou te......?
Te amei....
Te amo....
Nunca vou te esquecer...
(Obrigado pelo lindo texto Fanie Dvillers, e pela oportunidade de escrever uma possibilidade [de várias existentes, mas essa é que reflete a mim] de resposta rsrs ;3 )
TEXTO ORIGEM POR FANI:
http://www.recantodasletras.com.br/contos-de-amor/5486679