DANDO AS COSTAS AO PASSADO
Finalmente Augusta Shermann chegou à casa após o sepultamento do seu pai. Parecia que o dia não ia terminar nunca. Os bajuladores queriam secar todas as garrafas de wisky do aparador. Não somente os falsos amigos, mas os parentes também.
Estava farta de tudo. Esgotada após seis meses da gravíssima doença do seu velho querido.
Após tomar um banho, vestiu uma camisola simples de malha, como tudo que sempre gostou e deitou-se em sua cama.
Como o sono não a brindou com sua presença, apesar do cansaço, Augusta rememorou toda sua vida.
Os Shermann sempre foram uma família rica, rica não, milionária. Mas nem mesmo o dinheiro foi capaz de manter a união da família.
Hercílio e Cassandra Shermann tiveram três filhos, Augusta a mais velha, Alan do meio e Míriam, a caçula.
Infelizmente o casal estragou a educação de Alan e Míriam, tornando-os mimados e egoístas. Em tudo sempre foram dependentes de Augusta, que pouco pode viver sua própria vida. O resultado dessa situação foram os desastrosos casamentos de Alan e Míriam, com pares que em nada acrescentaram em suas vidas.
Frustrados e infelizes, viviam rodeando os pais, que sem saber o que fazer, transferiam a responsabilidade para os ombros de Augusta.
Formada em Administração,Augusta assumiu os negócios da família, enquanto os irmãos sempre arranjavam uma desculpa para assumirem sua parte na empresa. Mas não abriam mão dos rendimentos, regiamente depositados em suas exorbitantes contas bancárias.
Por conta dessa eterna conta com os outros, Augusta nem mesmo namorou, pois além de não encontrar uma pessoa que a amasse de verdade, os candidatos que apareciam foram ridicularizados e afastados pela família. Somente seu pai ficava ao seu lado, mas com a saúde sempre abalada, também nunca foi ouvido por ninguém, servindo apenas como um cheque em branco.
Já nos últimos anos, pressentindo que a saúde não o ajudaria muito, Hercílio procedeu a divisão dos bens, entre os filhos. Apenas Augusta sabia de tudo, não avisou nem mesmo sua esposa, pois sabia que ela revelaria tudo aos outros.
Com três filhos e a esposa, Hercílio vendeu as filiais de sua empresa de móveis e imóveis, concentrando todo o dinheiro na matriz. Vendeu também sua grande fazenda que vale milhões. Da venda da fazenda adquiriu quatro mansões, ficando uma para cada herdeiro. Valores livres para serem gastos foram depositados nas respectivas contas bancárias.
O que ninguém poderia imaginar foram as cláusulas colocadas no testamento e que foi uma surpresa e indignação geral.
Cassandra, apesar de posar como chorosa viúva, estava preocupada apenas com a herança, pois o seu casamento já havia deteriorado há muito tempo. Mulher volúvel, fútil, seu tempo é dividido entre os jogos com as amigas, as compras e os amantes.
Enquanto tudo passava como um filme, Augusta enxugava as lágrimas. Tinha a terrível impressão que nem mesmo os netos choraram pelo avô.
Após o funeral cada um foi para sua casa e Cassandra recolheu-se em seu quarto, pedindo para não ser incomodada. Tomou o seu calmante e apagou para o mundo.
Mais uma vez, coube a Augusta todas as providências, para orientar os funcionários na organização de tudo.
A leitura do testamento ficou marcada para dois dias após o sepultamento, para que Augusta pudesse respirar um pouco ante de enfrentar novas batalhas.
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Na manhã do terceiro dia após o falecimento de Hercílio, Dr. Clivane chegou pontualmente às 9:00 h na residência dos Shermann, sendo recebido por Augusta, pronta para o início dos trabalhos.
Cassandra numa vestimenta cinza-pérola, parecia pronta para uma festa. Os irmãos Alan e Míriam e os respectivos cônjuges, em seu eterno mau humor, mostravam sinais de uma noite mal dormida. A ausência dos filhos, já na escola, amenizou um pouco o ambiente.
Iniciando a leitura do testamento, os três herdeiros de olhos arregalados e sem fala apenas ouviam as grandes quantias a serem distribuídas entre os funcionários da casa. Hercílio preocupou-se com a aposentadoria dos mais velhos e premiou os mais jovens para lhes abrir possibilidades na vida.
De acordo com que recebiam sua cota, cada um ia se retirando em silêncio. Até que finalmente começou a guerra familiar.
Augusta, preparada para tudo, não pronunciou nenhuma palavra, quando dr. Clivane anunciou que o recebimento das heranças estava vinculado a uma determinada programação que Augusta fizesse. Ou seja, do seu túmulo Hercílio deu vitória a Augusta pelo amor verdadeiro que sempre dedicou a ele.
Apesar de durona, lágrimas corriam pelas suas faces.
Cassandra, Alan e Míriam estavam enlouquecidos de tanta ira e protestavam no sentido de impugnar o testamento.
Abafando aquela bravata, o Dr. Clivane esclareceu a intenção inconteste do falecido e explicou que ninguém sairia prejudicado em seus direitos, pois a divisão dos bens já está feita de forma igualitária. Apenas dependerão de Augusta para designar como receberão os seus bens. Orientou-os no sentido de terem paciência, pois Augusta de nada tinha culpa, diante da ameaçada de doação de tudo para caridade pelo falecido pai.
Ainda hoje, começaremos as planilhas onde estarão listados todos os itens que necessitam de curto, médio e longo prazo para pagamento, bem como o futuro e bem estar dos adolescentes. Inclusos estão os impostos e manutenção das residências onde moram para que nada os falte.
Ainda sentidos, mas calmos, cada um foi para sua casa, faltando apenas finalizar a situação de Cassandra. Dona de cinqüenta por cento de tudo, o seu caso é mais trabalhoso que os outros.
A casa onde mora, por ser muito maior do que a que foi adquirida, deverá ser vendida ou a mesma deverá se responsabilizar por todas as despesas com funcionários, manutenção e impostos.
Sabendo o quanto tudo isso pode custar, ela aceitou imediatamente, desde que receba o dinheiro integralmente. Saiu dali dizendo que arrumaria sua mudança de imediato para sua casa nova, onde também pouco ficará, pois quer viajar pelo mundo em boa companhia.
Dr. Clivane, com a saída de todos, ficou comovido com a solidão de Augusta, pois ninguém da família preocupou-se em ajudá-la.
Ao perceber isso, a moça disse:
_Ah, Clivane, meu amigo, não se preocupe. A atitude de papai me fez muito feliz. Nós sempre fomos muito ligados e aceitei cuidar dele com minhas próprias mãos, aceitando apenas ajuda de uma enfermeira especializada para o suporte médico e fiz isso realmente por amor. A nossa amizade era pura e leal, como deve ser entre pai e filha.
No princípio, fiquei apreensiva de assumir essa responsabilidade, mas ele me garantiu que seria apenas uma forma de pressão e que você é responsável por toda a transação jurídica, da qual pouco entendo.
Papai o tinha como amigo, irmão de coração e seu advogado consultor de confiança, por isso estamos em boas mãos.
Agora, Augusta, eu tenho uma surpresa para você, disse Clivane, sorrindo.
_Uma surpresa??? O que é??? – perguntou Augusta curiosa, sentindo todo o cansado dissipar.
Clivane foi até o cofre de Hercílio e após abrir e tirar alguns papéis sem importância, pegou um espátula de aço e levantou o fundo falso, revelando uma caixa muito bem ornamentada, do tamanho de uma caixa de sapatos. Colocou-a sobre a mesa e pegou um chaveiro com duas pequenas chaves e o colocou nas mãos de Augusta.
_Abra, é sua. Um presente especial do seu pai. Que não deve ser revelado para ninguém.
Surpresa e emocionada, Augusta sentou numa cadeira e abriu a caixa. Por cima um envelope rosa e perfumado com o perfume que seu pai usava e o seu nome escrito com sua bela letra: Para minha querida filha Augusta.
A moça abriu a carta e correu os olhos pelas linhas tão doces, banhados em lágrimas, numa mensagem de amor paterno e incondicional.
Após ler a carta suspendeu um película de vidro grosso e escuro que escondia um tesouro magnífico. Anéis, colares, brincos, gargantilhas e diamantes soltos para serem usados em novos jóias. Augusta não conseguia conter o eu espanto. Como seu pai conseguiu guardar tanta coisa por tanto tempo em silêncio???
Clivane, vendo sua reação, disse:
_Hercílio sempre viu o que era sua vida em família, mas sua saúde não lhe dava forças suficientes para lutar por você. Então resolveu que lhe proveria de tudo, para você ir onde quiser, construir o que quiser, ajudar as pessoas como você gosta, mas principalmente viver. Ele dizia que queria que você encontrasse uma pessoa que a ame de verdade,concluiu sorrindo o advogado.
Ele sabia de sua vontade de fundar centros de estudos para adolescentes e agora você pode isso e muito mais.
Juridicamente estou sempre a sua disposição e agora podemos montar sua equipe de trabalho. Na empresa da família você só ficará se quiser, mas acredito que Alan e Míriam precisam dessa responsabilidade. Nas próximas reuniões decidiremos sobre isso.
Agora deixarei você descansar e degustar isso tudo.
Colocando a caixa de volta no lugar, entregou a chave para Augusta, orientando-a de separá-las e mandar fazer mais duas cópias para guardá-las em lugares distintos.
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Iniciando os procedimentos de finalização da herança, Clivane e Augusta trabalhavam mais de 10 horas por dia, mas estava valendo a pena, pois assim ela mantinha os parentes satisfeitos e longe de sua trajetória.
Começaram pela mansão da família, com tudo o que tinha dentro, que foi colocada à venda. A cada herdeiro foi dado o direito de escolher o que quisesse retirar antes da venda, mas apenas Augusta retirou sua “caixa”, que aos olhos de todos era apenas uma caixa decorada com sua carta de seu pai. Os outros, apenas interessados no dinheiro da venda, nada quiseram. Cassandra, já em sua casa novo e com viagem marcada, pediu que depositassem o que lhe era de direito.
Clivane mencionou a possibilidade de Augusta adquirir a casa para fazer dela o seu centro de estudos, podendo ficar morando nela ou não. Mas a moça declinou a idéia, pois o local trazia algumas coisas das quais não queria lembrar e assim a venda foi anunciada.
Venda concluída e o dinheiro dividido em quatro partes, esse problema já estava resolvido.
Em seguida, o item é a empresa. Nesse caso, a resolução foi ainda mais surpreendente, pois os outros três herdeiros (Cassandra, Alan e Míriam) não querem nem pensar em assumir cargos de presidência ou gerência. Foi nesse momento que Augusta levantou a voz pela primeira vez.
_Então, família, faremos o seguinte: Vocês compram a minha parte na empresa e assumam tudo, porque dessa vez não cederei um só dia de minha vida para vocês!!!
Mamãe será a presidente, Alan, o vice e Míriam, a diretora-geral. Vão trabalhar e pagar as próprias contas. O que acham???
E independente da decisão de vocês, a minha já está tomada. Clivane aceitou seu meu representante na empresa, já que ele entende muito mais dos negócios do papai do que eu. E cada um de vocês pode aprender os passos, assim como eu fiz.
Os três ficaram entreolhando-se, espantados, pois ninguém nunca viu Augusta agir dessa forma. Mas também nunca perguntaram como ela se sentia diante daquilo tudo, contanto que o dinheiro não faltasse.
Cassandra, ainda de nariz em pé, atreveu-se a perguntar:
_E você, do que vai viver??? – de forma irônica.
Augusta sorriu também irônica e disse:
_Enquanto vocês gastam o dinheiro que recebem, eu, como só trabalho e gasto pouco, tenho meus investimentos seguros e não se esqueçam da herança da vovó, que foi passada diretamente para o meu nome. E além do mais, posso trabalhar em qualquer lugar pelo país e pelo mundo. Deixando a modéstia de lado, o meu currículo é vasto o suficiente par ser apreciado e aceito em qualquer empresa.
O meu último trabalho aqui foi a organização das planilhas dos bens de cada um. Essas pastas contêm todos os documentos necessários e como vocês estarão na empresa diariamente, Clivane aqui estará também para auxiliá-los em tudo, até que possam tomar as próprias medidas. Seus companheiros também poderão participar do conselho e ajudar no gerenciamento de tudo.
Entregando os documentos e encerrando a reunião, Augusta e Clivane ainda ficaram conversando um pouco até quase anoitecer.
Augusta foi para casa para providenciar sua nova vida. Nada faria, apenas fecharia sua mansão, deixando as chaves com a governanta, que fez questão de acompanhá-la quando a casa de seu pai foi vendida. Margarida, carinhosamente chamada Margô, mesmo com seus 60 anos, ainda é forte e deseja continuar trabalhando. Com sua casa própria, pode zelar pela casa de Augusta, sem se cansar e viver uma vida muito boa.
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Augusta não avisou de sua viagem para ninguém. Somente Clivane e Margô ficaram sabendo da viagem, mas não do destino, para o caso serem pegos de surpresa numa pergunta da família.
A empresa já estava nas mãos dos irmãos e assim Augusta sentia-se livre. Tão livre que buscou uma música antiga na voz de Simone, a cantora, UMA NOVA MULHER e num pen drive, passou a ouvi-la com freqüência no seu despertar:
Que venha essa nova mulher de dentro de mim,
Com olhos felinos felizes e mãos de cetim
E venha sem medo das sombras, que rondam o meu coração,
E ponha nos sonhos dos homens
A sede voraz, da paixão
Que venha de dentro de mim, ou de onde vier,
Com toda malícia e segredos que eu não souber
Que tenha o cio das corsas e lute com todas as forças,
Conquiste o direito de ser uma nova mulher
Livre, livre, livre para o amor....quero ser assim, quero ser assim
Senhora das minhas vontades
E dona de mim livre, livre, livre para o amor, quero ser assim,
Quero ser assim, senhora das
Minha vontades e dona de mim....
Que venha de dentro de mim, ou de onde vier,
Com toda malícia e segredos que eu não souber
Que tenha o cio das corsas e lute com todas as forças,
Conquiste o direito de ser uma nova mulher
Livre, livre, livre para o amor quero ser assim, quero ser assim,
Senhora das minhas vontades
E dona de mim livre, livre, livre para o amor, quero ser assim,
Quero ser assim, senhora das
Minhas vontades e dona de mim....
Que venha essa nova mulher de dentro de mim
Que venha de dentro de mim ou de onde vier
Que venha essa nova mulher de dentro de mim
Enquanto ouvia, Augusta ia fazendo os planos de sua nova vida. O fechamento da casa já estava programado com Margô e uma cópia da chave ficaria com Clivane, para qualquer eventualidade.
Augusta, sorrindo, está pensando nesses dois, pois acha que eles têm um relacionamento e acha ótimo, pois adora ver as pessoas felizes.
O combinado é, semanalmente, uma limpeza de manutenção e o trabalho do jardineiro, que também mantém a piscina sempre limpa.
Tudo em dia, Augusta deu-se um banho de loja, salão de beleza, num estilo ousado, nunca usado na vida. As pessoas quase não a reconheceram, ficando lindíssima.
O resultado foi exatamente aquele que ela esperava.
O próximo passo, foi para Aruba . Lá buscaria rápidas viagens para solteiros e ganharia o mundo.
Pelo ar ou pelo mar, vale a pena viver. Era o seu único pensamento.
Em sua primeira escolha, comprou um pacote num cruzeiro de Aruba para a Colômbia, que duraria oito dias. Venezuela, Antilhas, Panamá e Cartagena.
Em Cartagena resolveu passar uns dias a mais. Deixou o cruzeiro dirigiu-se para a Cidade Amuralhada, onde se hospedou no Hotel Santa Clara. Preferiu essa parte mais antiga da cidade, onde os belos lugares podem ser conhecidos através das caminhadas. Bairros pequenos, com restaurantes e muitos pontos turísticos.
Dois dias depois da chegada, bem descansada, tomou uma charrete, para um passeio além da muralha da cidade, cujos baluartes são perfeitos para ver o pôr do sol.
E entre essa visão alaranjado-vermelho do céu, viu o rosto de Henrique Sancara, um moreno alto, com a pele dourada, chegando a reluzir, os cabelos negros e escorridos, como que pedindo para que ela escorresse os dedos por eles. Quando viu aquele belo “pedaço” sentiu um arrepio pelo corpo e um aperto no baixo-ventre, coisa que há muito não sentia.
Ao mesmo tempo, Henry sentiu um arrepio na nuca, sinal de um olhar penetrante lhe percorrendo o corpo. Virou-se e deu de encontro com o olhar de Augusta.
Olharam ao mesmo tempo para o pôr do sol, disseram ao mesmo tempo:
_Grandioso espetáculo!!!
Riram, felizes, começando a conversar.
_Muito prazer, eu sou Henry Sancara.
_E eu sou Augusta Shermann.
O aperto de mão provocou um choque nos dois, que recolheram as mãos como se queimassem.
O sol acabo de se pôr e os dois resolveram voltar para a cidade. Estando hospedados no mesmo hotel, o encontro para o jantar foi marcado.
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Gente, que homem é aquele??? – perguntava-se rindo Augusta. A sensação das mãos dele entre as suas ainda era quente e prazerosa.
Preparando-se para o banho, Augusta separava a roupa que vestiria. Escolheu um longo azul-marinho, com uma bela fenda até a coxa, um tomara-que-caia maravilhoso. Sandálias prata com cristais. Os cabelos semi-longos, presos ao lado com uma presilha de prata, ficaram maravilhosos. Complementou com as jóias mais simples, ficando linda demais.
O perfume frutado é de entontecer, pensou rindo, esperando que Henry ache o mesmo.
Augusta está disposta a passar uma noite de rainha, e não se importa com o amanhã. Pela primeira vez na vida dando-se o direito de viver uma vida própria, sem preocupar-se com o futuro ou destino de alguém.
Pegou sua carteira onde estão os cartões de crédito e a chave do quarto e desceu diretamente para o restaurante onde Henry a esperava.
Uauuuuuuu, que mulher!!! Além de linda, é inteligente. Divertida. Parece que a noite vai ser melhor do que eu esperava, pensa sorrindo Henry.
Antes de entrar no banho, separa a roupa que vai vestir. Uma camisa social cinza-pérola de seda, que vai usar com a manga dobrada e uma calça preta de microfibra japonesa, sapatos e meias. Acho que vou ficar muito bem. Espero que ela goste, pensa rindo.
O perfume de fazer mulher pirar, bem sutil, mas contundente. Carteira e chave no bolso, Henry caminha direto para o restaurante onde Augusta o esperava.
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Quando os olhos se cruzaram tudo ao redor apagou-se e mal perceberam o maitre que os esperava pacientemente.
Pediram um vinho branco e um antepasto leve apenas para aguçar o apetite. Como prato principal, um peixe com aspargos e acompanhamentos. Não quiseram sobremesa, tomando apenas um cafezinho.
Henry, ansioso para saber da vida de Augusta, perguntou qual a razão da viagem.
Augusta fez um pequeno relato, evitando os detalhes tristes de sua vida, explicando que está nessa viagem para divertir-se e ser feliz. Disse que é solteira e sem nenhum compromisso.
Eu, sou Henry Sancara, filho de um francês e de uma indiana. Meus pais morreram eu ainda era adolescente e logo fiquei responsável pelos negócios da família. Fiquei apenas com meu tio Dhruva, irmão de minha mãe. Temos uma indústria de essências para perfumes e para alimentação. São dois setores pequenos, apenas o de alimentação atende uma clientela maior.
O setor de essência perfumista foi reduzido para atender apenas um número de pessoas que desejam um perfume particular.
Depois que vovô morreu, papai resolveu que assim seria para poder aproveitar melhor a vida ao lado de minha mãe e de mim. Viajamos para várias partes do mundo. Ele sempre dividia o trabalho com meu tio, para que os dois pudessem estar sempre ao lado da família.
Meu tio vive com sua esposa, mas não tem filhos e assim sou o seu preferido e único sobrinho rsrsrsrsrsrs.
O seu sobrenome Sancara é indiano??
_Sim, papai adotou o nome de minha mãe e o colocou em nossa empresa. Ele dizia que Sancara vinha de Shankar, que significa orgulho, independência e assim colocou nossa marca no mundo.
As pessoas pagam uma pequena fortuna para ter um Sancara em seu toalete.
Agora me lembro de onde ouvi seu nome. A minha cunhada só usa um Sancara de lavanda oriental que não empresta para ninguém.
Na verdade, uma essência é algo de alma. Uma fragrância não cheira da mesma forma em duas pessoas, pois depende dos hormônios de cada um.
Que interessante, eu nunca tinha pensado assim, disse Augusta sorridente.
Esses detalhes são do conhecimento dos perfumistas, disse um orgulhoso e sorridente Henry.
A conversa entre os dois foi evoluindo enquanto caminhavam na beira do mar. Uma imensidão verde-esmeralda escuro, naquela estrelada noite, com uma linda lua cheia.
De mãos dadas, caminharam durante uma hora, antes de resolverem voltar ao hotel.
Cansados, dirigiram-se para a suíte de Augusta. Entraram e atiram-se nos braços um do outro, arrancando com presteza as roupas.
Nus e embriagados de desejo, entraram sob a ducha num abraço que mais aquecia que acalmava.
O amor entre os dois foi uma loucura. Uma noite do sexo mais completo que um casal pode ter.
Antes de tudo, Augusta explicou a Henry que não era virgem, mas há muitos anos não praticava o ato e achava que nem sabia mais como era.
Henry, sentindo-se o maior homem da face da Terra, sorriu e a tranqüilizou, pois tinham toda noite para o amor.
Henry a levou para a cama e esmerou-se nas preliminares, deixando Augusta arfante de desejos e vontades.
Quando a considerou preparada, investiu como um desbravador naquela caverna quente e úmida.
Augusta abraçou sua cintura com as pernas e recebeu-o, glorioso, em seu interior.
Terminada a primeira incursão amorosa, Augusta descansou a cabeça no peito de Henry e cochilou por uns minutos, para logo encontrá-lo pronto para o segundo hound. E assim foi pela madrugada.
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As férias amorosas de Augusta e Henry foram de dois meses.
Controlando os negócios pela internet e pelo telefone ficaram descansados. O tio Dhruva e a dupla Clivane/Margô deram conta de tudo, enquanto os pombinhos se amavam.
Estenderam a estagia em Cartagena, pois entenderam que o lugar modificou as suas vidas e lhes trouxe a felicidade.
Numa casa especial de essências Henry adquiriu o bálsamo de cartagena, para com ele produzir um perfume especial para sua amada. É uma surpresa que ela só vai receber quando voltarem ao Brasil. Enviou-a para o tio, em segredo, para que ele cuide de tudo.
Após muitos passeios, compras e amor selvagem, resolveram voltar ao Brasil.
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Inicialmente foram cada um para sua casa, ela para o Rio de Janeiro e ele para São Paulo.
Como transporte aéreo ou terrestre nunca foi problema para nenhum dos dois, alternavam-se em viagens para estarem juntos sempre.
Finalmente Henry pediu Augusta que vivessem juntos de forma definitiva, casando ou não, ela resolveria, contanto que ficassem na mesma casa.
Augusta reafirmou a sua posição na empresa, deixando tudo por conta de Clivane.
A casa comprada antes da viagem e que ficara sob os cuidados de Margô, seria deixada de presente para o novo casal, quando Augusta fosse de vez para São Paulo. Quando quisessem vir ao Rio sua suíte já ficaria reservada na casa permanentemente.
Com a casa de Henry em Sampa é grande o suficiente para ficarem confortáveis, mesmo com a mudança de Augusta, com os seus pertences. Os móveis que mais gosta, ficarão em sua suíte e o restante da mobília, Margô vai fazer o que quiser.
Enquanto engendra a mudança, Augusta está começando esboçar seu projeto de educação.
Após um tempo de adaptação em sua nova vida, ela pretende procurar um casarão, em meio a um grande jardim, onde vai implantar seu centro educativo.
A vantagem de ter uma fortuna e saber empregá-la é gerar benefícios aos outros. Esse é o maior objetivo de Augusta e com o apoio de Henry tudo vai ser ainda melhor.
Seis meses após a chegada ao Brasil, o tio Dhruva entregou a Henry o maravilhoso perfume produzido para Augusta.
O casamento de Henry e Augusta foi marcado para ser realizado na própria casa e receberiam as bênçãos do Senhor numa missa comum na igreja da cidade. Quando deram entrada nos papéis, fizeram tudo junto e combinaram com o padre da paróquia que a bênção seria dada na missa de domingo, em seguida da cerimônia realizada no sábado, pelo juiz.
Os convidados foram poucos, para um almoço depois do casamento civil e um café da manhã após a bênção do religioso. Estavam reunidos Clivane, Margô, Dhruva e Ruth, sua secretária de sempre. Os familiares de Augusta receberam o convite, mas declinaram, cada um com uma desculpa. Esse fato em nada abalou a feliz noiva, pois os amigos e o marido são suficientes com seu amor.
Augusta ficou encantada com o perfume que ganhou. Sua essência própria e marcante, disse Henry quando entregou. O presente de Augusta foi um peso papéis com a cena lá de Cartegena, onde se conheceram, com o seu belíssimo pôr do sol.
Passado um ano do casamento, Augusta finalmente encontrou o casarão onde vai iniciar a implantação do seu centro educativo e assim a vida do casal flui feliz e realizada.
FIM