NAVEGANDO COM MAYAKOVSKY
Juscelino, morador da cidade de Óbidos no estado do Pará, era um homem feliz e era brasileiro. Um dia leu na biblioteca municipal, uma frase do poeta russo Vladimir Mayakovsky. O poeta afirmou: “Em algum lugar, dizem que no Brasil, existe um homem feliz”. Juscelino, na hora, sentiu-se brasileiro e também o tal homem feliz. Não compreendia os motivos da identificação, talvez entre tantos, Juscelino soubesse da profundidade do rio Amazonas em frente a sua cidade. Uma profundidade que superava todas as outras do rio, garantia a permanência da tristeza ali no fundo e deixava a verdadeira felicidade, escapar pelas margens, surgir nas ruas de Óbidos, sobrar para quem quisesse, chegando nele, o único homem feliz do mundo.
Juscelino, depois da visita à biblioteca, voltou para casa. No caminho, o seu filho de oito anos correu para abraça-lo. Juscelino percebeu na hora do abraço o quanto a frase do poeta Mayakovsky ainda não era tudo e isto porque ele, Juscelino, morador da cidade de Óbidos, era ainda mais feliz do que o único homem feliz do mundo. Terminou o abraço e perguntou ao filho:
- Amor, você já ouviu falar do poeta Mayakovsky?
O filho respondeu:
- Não... só do boto cor-de-rosky...
Juscelino sorriu e disse:
- Então você precisa fazer como papai...e conhecer também o poeta cor-de-rosa.
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